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Estado de Minas

Nem recessão barra a escalada dos juros

Taxas para famílias sobem para 71,7% em maio, maior patamar desde 2011. No cartão de crédito, consumidor pode pagar até 471,3% no ano


postado em 28/06/2016 06:00 / atualizado em 28/06/2016 07:55

Chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel vê ligação da inadimplência com alta do custo do dinheiro(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel vê ligação da inadimplência com alta do custo do dinheiro (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Brasília – Não tem para onde o brasileiro correr. Além da inflação alta, consumidores estão tendo que arcar com taxas de juros cada vez mais elevadas. Diante da retração da economia, a tarifa média de juros para as famílias cravaram em 71,7% ao ano em maio, segundo divulgou ontem o Banco Central (BC). É o maior resultado de toda a série histórica, iniciada em março de 2011. E o pior ainda está por vir, avaliam analistas, que preveem mais aumentos dos encargos para os próximos meses.

A lógica do mercado é de que, com o aumento do desemprego, mais famílias perderão o emprego. Com a redução na renda familiar, os consumidores devem optar pelo consumo de bens essenciais, como alimentos, deixando para honrar os compromissos apenas em casos de haver espaço no orçamento. Nesse cenário, bancos e demais instituições financeiras seguirão elevando principalmente as taxas de juros de créditos pré-aprovados, como cheque especial e o rotativo do cartão de crédito.

Por serem modalidades sem tantas restrições, elas acabam representando um risco maior ao sistema financeiro brasileiro, sendo as principais responsáveis por puxar as taxas aos consumidores. Em maio, a taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito cravou em 471,3% ao ano, o que representou um aumento de 111 pontos percentuais (p.p.) em 12 meses. É a maior taxa registrada pela autoridade monetária.

Já a taxa média de juros do cheque especial ficou em 311,3% ao ano, a mais alta desde julho de 1994. Na comparação com o mesmo período do ano passado, mostra um crescimento de 79,3 p.p. Na avaliação do chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a trajetória dos encargos pré-aprovados sinalizam um acompanhamento dos níveis de calote.“Temos observado uma consistência em curso com a inadimplência e o ambiente de incertezas. Sobretudo nas modalidades de maior risco”, avaliou.

Em maio, a inadimplência atingiu os 6,3%, superando uma estagnação de cinco meses em que a taxa ficou em 6,2%. Em 12 meses, o que se observa é uma alta de 0,9 p.p. Para fazer frente aos riscos representados pela retração da economia e do aumento de atrasos dos empréstimos tomados pelas famílias, as instituições também elevaram seus spreads bancários, que é a diferença entre a remuneração paga pelos bancos sobre os recursos capitados e o quanto cobram nas operações.

A média no sistema financeiro brasileiro atingiu os 58,7 p.p – um avanço de 1,2 p.p. na comparação com abril. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 14,3 p.p, segundo dados da autoridade monetária. Com esses aumentos, os bancos procuram amenizar perdas na margem de lucro.

Elevações



A taxa média de juros às famílias está aumentando desde janeiro deste ano. E essa alta sequer pode ser atribuído à trajetória da taxa básica de juros (Selic), que se mantém estagnada a 14,25% ao ano desde setembro de 2015. “Os encargos estão subindo pelo quadro de risco mesmo”, analisou o analista Thiago Biscuola, da RC Consultores. E por conta disso, ele ainda prevê mais elevações, mesmo diante da perspectiva de corte da tarifa referencial do mercado financeiro. Para Biscuola, embora alguns setores produtivos apresentem maior confiança na economia, tal expectativa de melhora ainda muito incipiente. “Então, de certa forma, as taxas tendem a ficar elevadas por mais tempo”, avaliou ele, que prevê uma taxa de desemprego média de 11,4% ao fim de 2016.


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