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Estado de Minas

Liberação do WhatsApp não acaba com apreensão de novo bloqueio

Justiça libera aplicativo um dia após suspensão. Decisão traz executivos da empresa ao país para esclarecer medida


postado em 04/05/2016 00:12 / atualizado em 04/05/2016 09:07

Brasília – O bloqueio do aplicativo WhatsApp não durou as 72 horas determinadas pelo juiz Marcel Montalvão, de Lagarto (SE), mas a discussão sobre o descompasso entre a legislação brasileira e a operação de tecnologias globais no país mal começou. Na terça-feira, os advogados do aplicativo entraram com um pedido de reconsideração e o desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima determinou que o serviço fosse liberado, revogando decisão anterior, do desembargador Cezário Siqueira Neto, que havia negado o recurso apresentado pelo Facebook, dono do WhatsApp.

Esta não é a primeira vez que o aplicativo é bloqueado. Mas, desta vez, os executivos do WhatsApp, Matt Steinfeld, diretor de Comunicação, Mark Kahn, advogado, e a gerente jurídica, Keyla Maggessy, que é brasileira, mas mora nos Estados Unidos, vieram ao país para tentar esclarecer de vez o imbróglio com a Justiça. Eles admitiram que faltou uma comunicação mais efetiva por parte da empresa. “Talvez a gente não tenha feito um bom trabalho ao explicar que o aplicativo não armazena mensagens e que é criptografado. O nosso objetivo não é frustrar a lei, mas proteger as informações dos usuários”, explicou Kahn.

Indagado se o WhatsApp tem como provar para a Justiça brasileira que realmente não tem as mensagens armazenadas ou como desvendar a criptografia, Steinfeld afirmou que vários especialistas em segurança realizaram testes e garantiu que todas essas informações são públicas. “Estamos colocando nossa equipe à disposição, abrimos um canal importante de diálogo. Não temos a intenção de abandonar este mercado. Os brasileiros estão inovando com o uso do WhatsApp. Há linhas diretas com a polícia. A própria Justiça usa com eficácia”, alertou Steinfeld.

De 1 bilhão de usuários em todo o mundo, 100 milhões são brasileiros, uma fatia importante de 10%, emendou Kahn. Os executivos também conversaram com parlamentares sobre o Marco Civil da internet. E não ficaram seguros de que não haverá mais bloqueios. “Impossível dizer”, lamentaram.

CONTRAMÃO Para o advogado Adriano Mendes, especialista em Direito Digital e sócio-fundador do escritório Assis e Mendes Advogados, o Brasil criou leis para regulamentar serviços prestados por empresas mundiais. “O mundo foi para um lado, o Marco Civil da internet para outro. O que houve no caso do WhatsApp foi uma retaliação”, disse.

Mendes explicou que o Brasil não quis assinar a Convenção de Budapeste, regulamentação internacional sobre compartilhamento de informações criminais, sob a justificativa de que não abriria mão da soberania nacional. “Mas aplica normas, usando as poucas ferramentas que tem, para tentar regulamentar os novos casos a medida que surgem. O juiz de Sergipe tem argumentos frágeis e tomou uma medida desproporcional e desmedida”, opinou.

Apesar de durar apenas cerca de 24 horas, o bloqueio em todo o Brasil, das 14h de segunda-feira até o início da tarde de ontem, elevou o volume de outros serviços oferecidos pelas empresas de telefonia em até 45%. Com mais chamadas interurbanas e envio de mensagens de texto, as operadoras tiveram um aumento de receita. Não à toa, desde que o WhatsApp passou a oferecer o serviço de ligação, as operadoras atendem prontamente as determinações judiciais de bloqueio. “Antes, as próprias operadoras agiam para reverter os bloqueios. Agora, o WhatsApp é que precisa se mexer”, lembrou Mendes.


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