(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Emprego tem disputa maior que vestibular para medicina

Oferta de uma vaga de auxiliar de limpeza em BH tem 300 candidatos, enquanto no vestibular para área médica são 52


postado em 04/05/2016 06:00 / atualizado em 04/05/2016 08:58

Com a carteira na mão e ensino médio completo, Jhessy Stefane Duarte enfrenta fila em busca da chance de receber R$ 1 mil por mês(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )
Com a carteira na mão e ensino médio completo, Jhessy Stefane Duarte enfrenta fila em busca da chance de receber R$ 1 mil por mês (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )
 

Achar emprego em Belo Horizonte está mais difícil do que passar no vestibular para medicina. A procura nesta terça-feira para uma única vaga de auxiliar de limpeza, divulgada no jornal, chegou a 300 candidatos. O número é quase seis vezes maior que a concorrência média de 52 candidatos por vaga registrados nos cursos de medicina oferecidos no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que funciona como um leilão de cadeiras nas universidades e instituições federais de ensino. A oportunidade, ofertada por uma importadora de vinhos da capital, exigia apenas experiência na área e não requeria escolaridade.

Antes mesmo das 8h, a fila para entrega de currículo dobrava quarteirão na Rua Tenente Anastácio de Moura, no Bairro Santa Efigênia, Região Leste da capital. A cena é reflexo do desemprego que se alastra pelo país. No primeiro semestre, os desocupados no Brasil somavam mais de 11 milhões de trabalhadores, conforme a Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística´(IBGE), chegando a 10,9%, maior percentual desde o início da série histórica, em 2012.

A pesquisa não conta com dados das regiões metropolitanas, mas outros levantamentos dão a dimensão do problema em BH. Divulgada em fevereiro, a Pesquisa de Emprego do´IBGE mostra que a situação na Grande BH não é tão diferente. A região metropolitana atingiu 7,2% de desemprego em fevereiro. O percentual é o maior desde fevereiro de 2008.

De acordo com a assistente de recursos humanos da importadora de vinhos que oferece o emprego, Ana Cláudia Gomes da Mota, somente uma vaga está disponível para a área de limpeza. “Hoje a procura foi surpreendente. Não exigimos escolaridade e observamos que havia muitas pessoas com boa formação e também aqueles que não sabem escrever o nome. Geralmente, são pessoas com o ensino fundamental e o médio completos”, conta.

Busca

O salário oferecido é de R$ 1 mil e, segundo a assistente, os melhores currículos seguirão para entrevista, amanhã. A empresa tem cinco lojas e, em breve, abrirá novas vagas na área administrativa. Para a vaga de auxiliar de limpeza, a RH esclarece que serão chamados para a entrevista apenas os candidatos que tiverem os melhores currículos.

São quatro bocas para a alimentar na casa de Daieska Jeani, de 28. O marido também ficou desempregado e, agora ele se desdobra para não afundar seu nome em dívidas. Ela procura oportunidades como operadora de caixa, faxina, área na qual tem experiência. “Faço unha e cabelo por fora e meu marido pega alguns bicos”, diz. Todos os dias, ela tem distribuído o currículo, ainda sem sucesso.

Com ensino médio completo, Jhessy Stefane Duarte, de 25 anos, é uma das interessadas na vaga. Ela está desempregada desde dezembro e, sem seguro desemprego, vê as dívidas começarem a aparecer. “Estou com o aluguel atrasado”, afirma. Ela trabalhava como monitora numa escola particular e foi demitida por contenção de despesas. Ela já atuou uma vez, aos 18 anos, com essa área.

Ela também trabalha como manicure esporadicamente, o que tem dado a oportunidade de ainda ter a geladeira cheia. “Pessoal da igreja tem hora que também ajuda”, disse. “Preciso muito trabalhar. Sou boa e emprego”, completa.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)