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Estado de Minas

Queda do lucro ocorreu, principalmente, por provisão específica, diz Bradesco


postado em 28/04/2016 13:07

São Paulo, 28 - O encolhimento do lucro do Bradesco no primeiro trimestre deste ano foi impactado, principalmente, pela uma constituição específica que o banco fez no período, de acordo Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado da instituição. O banco fez uma provisão específica de R$ 836 milhões no trimestre por conta de agravamento de rating de uma grande empresa.

De acordo com ele, o Bradesco está confortável com o seu nível de provisionamento que, no primeiro trimestre, representou 8,6% do portfólio total de crédito. "Temos conforto bastante grande para atravessar o ciclo de crédito que estamos vivendo", afirmou ele, em teleconferência com a imprensa, na manhã desta quinta-feira, 28.

Sobre o aumento da inadimplência no período, ele disse que parte é explicado pelos fracos volumes gerados no início do ano. Já em relação ao o crescimento do crédito, afirmou que a carteira no primeiro trimestre foi impactado pela demanda, que segue fraca, e ainda pela valorização do real.

"A qualidade de crédito vem se deteriorando como efeito da economia fraca. Temos maior aceleração da inadimplência em pequenas e médias empresas, setor que é mais impactado pelo desempenho da economia", destacou Firetti.

A carteira de crédito expandida do Bradesco, que considera avais e fianças, fechou março com R$ 463,208 bilhões, redução de 2,3% em relação ao saldo de dezembro, de R$ 474,027 bilhões. Em um ano, quando somou R$ 463,305 bilhões, o saldo ficou estável.

Segundo o diretor gerente e de relações com investidores do banco, Luiz Carlos Angelotti, a provisão específica que o Bradesco fez no primeiro trimestre deste ano foi para uma grande empresa do setor de óleo e gás. Sem mencionar nomes que, segundo ele, estão protegidos por restrições legais, disse que o nível de provisão desse cliente foi ajustado para 70% do crédito concedido, que pode ser elevado nos próximos meses, se necessário.

Em relatório, analistas relacionam a constituição de PDD específica feita pelo Bradesco à Sete Brasil, que decidiu recentemente pedir recuperação judicial depois de dois anos de tentativa de acordo com a Petrobras e com dívidas de R$ 14 bilhões. Desse total, R$ 12 bilhões foram tomados com Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco, Santander e Standard Chartered, dos quais R$ 4 bilhões já teriam sido recuperados. O restante, porém, deve ser provisionado nos balanços dos credores.

De acordo com Angelotti, em casos de pedidos de recuperação judicial, o Bradesco faz provisionamento de, no mínimo, 50% quando toma conhecimento de algum evento. Depois, quando recebe a documentação do processo, o banco avalia se o colchão feito é suficiente ou se é preciso ser revisado.

"Tratamos a PDD específica como recorrente porque faz parte da nossa atividade de crédito. Entendemos que não deve se repetir todo trimestre, mas pode ocorrer em um trimestre futuro. O restante dos clientes são mais pulverizados", explicou Angelotti, em teleconferência com a imprensa, nesta manhã. "Situações desse tamanho não ocorrem todo trimestre", acrescentou.

Sobre a possibilidade de o Banco Central flexibilizar as regras de Basileia por conta da atual situação das empresas no Brasil, que sofrem com a extensão da crise, Angelotti afirmou que essa é uma questão que fica a cargo do regulador. "Nosso índice de Basileia está evoluindo em termos adequados à nossa situação patrimonial. O BC é quem conduz a regra de Basileia, já que olha o sistema de forma mais ampla", disse. "Temos posição de capital bastante confortável para atuar normalmente em qualquer cenário", acrescentou Carlos Firetti, diretor de relações com mercado do Bradesco.

Previsão

O Bradesco deve encerrar 2016 com suas despesas com provisões para devedores duvidosos, PDDs, incluindo recuperações de crédito, mais próximas do teto do guidance divulgado, de R$ 16,5 bilhões a R$ 18,5 bilhões, segundo Angelotti. "Se anualizarmos o crescimento do trimestre para o ano, ficaremos mais próximos do teto do guidance, mas a expectativa é entregar despesas com provisões dentro do guidance. Depende de como a economia evolui e do desempenho das empresas", explicou ele, em teleconferência.

No primeiro trimestre, as despesas com PDDs do Bradesco saltaram 30,0% no primeiro trimestre, para R$ 5,448 bilhões, ante o imediatamente anterior. Em um ano, o incremento foi de 52,2%. O aumento ocorreu, principalmente, por conta de uma provisão específica de R$ 836 milhões para uma grande empresa do setor de óleo e gás.

De acordo com Angelotti, ainda é cedo para fazer revisão nos guidances divulgados para 2016. "Não vemos necessidade em mexer nenhum dos guidances nesse momento", afirmou.

A manutenção das expectativas já era esperada por analistas do mercado, que julgavam ainda ser cedo para uma mudança nos números. O Bradesco espera que sua carteira de crédito expandida, que inclui avais e fianças, cresça de 1% a 5% em 2016. De janeiro a março, totalizou R$ 463,208 bilhões, redução de 2,3% em relação ao saldo de dezembro.

Para a pessoa física, o Bradesco projeta alta de, no mínimo, 4% e de, no máximo, 8%. Já para a pessoa jurídica, o banco trabalha com cenário de estabilidade e, na melhor das hipóteses, elevação de 4%.

A margem financeira de juros da instituição deve ter alta de 6% a 10% neste ano.

As receitas com prestação de serviços devem apresentar incremento de 7% a 11% neste ano contra alta prevista de 8% a 12% em 2015. Para os prêmios de seguros, o Bradesco projeta alta de 8% a 12% neste ano. (

Despesas operacionais

O Bradesco espera converter ao longo de 2016 o crescimento das despesas operacionais para ao redor da inflação, segundo Angelotti. "A meta é trazer o crescimento neste ano para um patamar ao redor inflação do período. Efeitos que tivemos em relação a 2015 incluem impacto do dólar no período, inflação e reajuste decorrente do dissídio", destacou.

As despesas operacionais do Bradesco, que incluem gastos com pessoal e administrativos, somaram R$ 7,870 bilhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 11,1% na comparação com idêntico intervalo de 2015, de R$ 7,084 bilhões. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, foi vista queda de 6,5%.

Para este ano, o Bradesco espera que os gastos operacionais subam de 4,5% a 8,5%.

O Bradesco reportou hoje, antes da abertura do mercado, lucro líquido contábil de R$ 4,121 bilhões no primeiro trimestre, cifra 2,9% menor que a vista no mesmo intervalo de 2015, de R$ 4,244 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, quando ficou em R$ 4,353 bilhões, a retração foi ainda maior, de 5,3%.

Receitas de prestação de serviços

As receitas de prestação de serviços do Bradesco somaram R$ 6,405 bilhões no primeiro trimestre, montante 11,4% superior ao registrado um ano antes. No comparativo trimestral, foi vista retração de 2,9%. O crescimento no ano foi puxado, conforme destaca o banco em suas demonstrações financeiras, pelos ganhos com conta corrente e cartão.

As receitas do Bradesco cresceram em ritmo superior ao das despesas operacionais. De janeiro a março, esses gastos aumentaram 11,1%, contra elevação de 11,4% das receitas.

O Bradesco fechou março com 25,6 milhões de clientes, redução de 400 mil correntistas ante dezembro. Em um ano, perdeu 1 milhão de clientes.

As receitas de serviços de cartões totalizaram R$ 2,421 bilhões de janeiro a março, elevação de 9,6% em um ano, mas queda de 6,3% no trimestre. As receitas de conta corrente cresceram 27,2% e 0,9%, respectivamente, para R$ 1,364 bilhão. Os ganhos de underwriting/assessoria financeira, apurados pelo Bradesco BBI, totalizaram R$ 162 milhões no primeiro trimestre, alta de 8,7% em um ano e de 18,2% em relação ao trimestre anterior.

Carteira de pessoa física

Os destaques de crescimento na carteira de crédito pessoa física do Bradesco durante o primeiro trimestre foram as linhas de cheque especial, imobiliário e consignado (com desconto na folha de pagamento). Já na pessoa jurídica, as maiores altas vieram da carteira comercial, que inclui debêntures e notas promissórias, financiamento à exportação e conta garantida (crédito rotativo).

A carteira de crédito expandida do Bradesco, que considera avais e fianças, fechou março com R$ 463,208 bilhões, redução de 2,3% em relação ao saldo de dezembro, de R$ 474,027 bilhões. Em um ano, quando somou R$ 463,305 bilhões, o saldo ficou estável.

O segmento pessoa física somou R$ 147,759 bilhões ao final de março, estável ante dezembro, mas 4,0% maior em um ano. Cheque especial subiu 12,9% no trimestre e 6,3% no ano. Crédito imobiliário teve alta de 4,6% e 27,0%, enquanto consignado avançou 2,7% e 12,7%, nesta ordem e na mesma base de comparação. Na contramão, a carteira de veículos encolheu 4,8% no trimestre e 13,8% em um ano.

Crédito para pessoa jurídica encolheu 3,3% na comparação com os três meses anteriores, para R$ 315,449 bilhões. No ano, a queda foi de 1,8%. A maioria das linhas apresentou redução. As exceções foram a carteira comercial com incremento de 9,6% no trimestre e 10,9% no ano; financiamento à exportação com alta de 1,3% e 39,3% e rotativo com avanço de 1,1% e queda de 12,0%, respectivamente.


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