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Estado de Minas

Saldões sacodem o mercado imobiliário

Promoções se transformaram em estratégias das empresas para atrair público retraído ante do aumento das taxas de desemprego e das restrições no acesso ao crédito já caro


postado em 01/01/2016 06:00 / atualizado em 01/01/2016 08:24

(foto: GLADYSTON RODRIGUES)
(foto: GLADYSTON RODRIGUES)
O mercado imobiliário viveu tempos áureos entre 2008 e 2011. Grandes empresas fizeram lançamentos oferecidos a preços mais altos, mas a redução da demanda, em razão da alta do desemprego, restrição ao crédito e taxas de juros elevadas, provocou a retração do consumidor. Em 2014, o setor dava sinais do impacto da crise. No início deste ano, a Caixa Econômica Federal reduziu de 80% para 50% o valor máximo do financiamento da casa própria.

“O número de financiamentos, que, de janeiro a abril, era de 40 mil por mês, caiu para 25 mil em maio, depois das mudanças nas regras. Em outubro, estava em 20 mil”, diz Lucas Vargas, da Construtora Vila Real. Para o engenheiro Luiz Antônio França, especialista nesse mercado, as vendas se sustentam em dois pilares: confiança do consumidor e nível de emprego. “Quando falta equilíbrio, os compradores desistem do negócio”, afirma.

Foram as incertezas macroeconômicas, garante, que levaram a Caixa a tomar medidas prudenciais e alterar as condições do financiamento da casa própria. “A Caixa apenas protegeu seu acionista, o governo. Além disso, com os juros básicos (aqueles que remuneram os títulos públicos no mercado financeiro e servem de referência para as operações nos bancos e no comércio) a 14,5% ao ano, muitos investidores preferem um lucro garantido em aplicações financeiras”, observa. Dante Seferian, diretor-executivo da Danpris Construtora, reforça que os preços vinham inflados e, mesmo que a economia continuasse crescendo, o movimento de alta iria se reverter. “Nos próximos dois anos nada vai mudar. Uma retomada do mercado só virá em 2018”, afirma.

Para as empresas, a saída são os famosos saldões. É melhor vender mais barato do que arcar com despesas básicas, além de condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), já que não conseguem repassar nem a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). Melhor para o consumidor.

Otimistas estão as empresas voltadas ao segmento de luxo. “Não houve crise nesse tipo de produto. A velocidade nas vendas não é extraordinária, mas os preços de R$ 900 mil a R$ 2 milhões se mantiveram”, garante Eilson Charles, gerente comercial da Emplavi. Ele prevê uma nova explosão quando o país retomar o crescimento.

“Hoje, a crise de confiança interfere na decisão do comprador. E com os juros a 14,5% ao ano, ele fica na dúvida entre manter o dinheiro em uma aplicação financeira ou transferi-lo para o mercado imobiliário.” Os ricos, no entanto, lembra Charles, fazem o que os menos abastados deviam ter como regra: “Barganham muito. Têm dinheiro e informação. Quando as coisas estão mornas, pedem todo tipo de desconto porque sabem que uma ponta depende da outra para girar a economia”.

Quem tem, hoje, condições de investir em imóveis, de fato encontra boas oportunidades. Cleusa Farias, de 58, funcionária aposentada da Câmara dos Deputados, mora com o marido em um apartamento de quatro dormitórios e acaba de comprar outro imóvel para a filha. “Aproveitamos a oportunidade. São dois quartos com uma suíte. Custou R$ 670 mil”, comemora. Cleusa se define como uma “rata” de sites de imobiliárias. “Procuro muito. Olho vários imóveis”, destacou. O dinheiro para a compra, disse ela, veio de outro apartamento, vendido há dois anos por R$ 1,5 milhão. Entre as ofertas, a aposentada recebeu proposta de deságio num imóvel devolvido porque o primeiro dono não pôde arcar com as despesas.

A empresária Carolina Augusti Rocha, de 28, mora desde fevereiro em um apartamento de dois quartos. Ela e marido, Bruno Moreira Rocha, de 29, ganharam o apartamento dos pais dele. “Meus sogros compraram na planta, há quatro anos, por cerca da R$ 600 mil. Viram que a gente estava querendo se casar, mas não tinha dinheiro na mão”, afirmou Carolina. Os noivos gastaram cerca de R$ 50 mil em obras de reforma.


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