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Estado de Minas

Dólar caro muda a rota de viagem dos mineiros

Pesquisa do Ministério do Turismo revela que 87,3% dos viajantes belo-horizontinos vão passear em destinos nacionais. Com procura aquecida, preços de última hora estão altos


postado em 12/10/2015 06:00 / atualizado em 12/10/2015 08:00

Praias do Nordeste, como a de Porto de Galinhas, em Pernambuco, estão entre as preferidas na compra de pacotes(foto: Rafael Medeiros/Divulgação)
Praias do Nordeste, como a de Porto de Galinhas, em Pernambuco, estão entre as preferidas na compra de pacotes (foto: Rafael Medeiros/Divulgação)

Com o dólar nas alturas e o aperto no orçamento, a viagem dos sonhos vem sendo substituída pelo destino que cabe no bolso. Pesquisa do Ministério do Turismo mostrou que, entre os moradores de Belo Horizonte que pretendem viajar nos próximos seis meses, 87,3% o farão para destinos nacionais. O índice, de acordo com o ministério, é o mais alto registrado para o mês de setembro dos últimos cinco anos e o mais expressivo para o Brasil. A situação tem aumentado em cerca de 10% a procura pelas cidades brasileiras, e as praias do Nordeste são as vedetes. Porém, cumprindo a lei da oferta e da procura, locais que eram considerados baratos já subiram mais de 300% em agências menores de BH para as compras de última hora.

O levantamento do Ministério do Turismo, Intenção de Viagem, é um estudo que mede o interesse de viajar dos entrevistados nos próximos seis meses em sete capitais: Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Recife. De acordo com a análise, em relação ao ano passado, houve um crescimento de 10,5% na preferência pelos destinos nacionais. “O destino brasileiro sempre foi o preferido, agora, tem havido um crescimento expressivo. Tem muito a ver com a alta do dólar e também com o esforço muito grande do país em incentivar o turismo”, comenta o diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministerio do Turismo, José Francisco Salles.

Na avaliação de Salles, diante da procura alta, os preços estão melhores quando as compras são feitas com antecedência. “As pessoas que não conseguem se programar, deixando para última hora, acabam por pagar um preço mais alto mesmo”, diz. E isso tem ocorrido para destinos que tinham bons preços. “São poucas as pessoas que estão arriscando passear no exterior”, comenta a consultora de venda da ABC Turismo, Paula de Oliveira Gomes. Ela diz que, somente na agência em que trabalha, houve uma queda de 95% na procura por pacotes internacionais.

“Por esse motivo, o preço do nacional aumentou. Uma viagem de sete dias para Porto Seguro (BA), por exemplo, custava em torno de R$ 600, quando não havia essa disparada do dólar. Hoje, o mesmo passeio está custando R$ 2,5 mil por pessoa”, revela Paula. Ela justifica o aumento de mais de 300% pela procura em cima da hora. “Muita gente esperou que o dólar abaixasse e, agora, como isso não ocorreu, tem havido uma corrida para fechar os pacotes, o que tem inflacionado os preços”, diz. Paula conta que uma passagem para o Nordeste que custava cerca de R$ 150 subiu para R$ 2 mil, numa variação de cerca de 1.200%.

Com três meses de antecedência, o controle financeiro Gustavo Rezende de Souza, de 23 anos, pagou a sua viagem de réveillon para Porto Seguro. Serão cinco dias de viagem, com direito a festas, estadias e passagens. “O custo do pacote foi de R$ 3,5 mil”, conta. Mesmo alto, Gustavo diz que o preço tem valido a pena, já que, a princípio, a sua ideia era ir a Cancun, porém, com a alta do dólar, optou pelo destino brasileiro. “A viagem para Cancun estava ficando R$ 2,6 mil a mais do que no passado, só por causa do câmbio. Se fosse para lá, teria que desembolsar cerca R$ 8 mil, então, Porto Seguro é uma boa escolha, porque vou poder conhecer mais um lugar brasileiro”, diz.

Mudanças

A troca de Gustavo é também a de muitos, tanto que a procura por cidades brasileiras aumentou 5% na rede CVC Viagens, na qual, tradicionalmente, as viagens nacionais costumavam representar 60% do volume de vendas ao logo do ano, contra 40% daquelas rumo ao exterior. “Agora, por causa da disparada do dólar, os passeios pelo Brasil representam 65% da preferência dos clientes em vendas de pacote, e as internacionais, 35%”, compara Júlio Machado, gerente de Produtos Nacionais em Minas Gerais. Ele diz que, por a rede negociar com seus fornecedores com antecedência, os valores dos pacotes não variaram tanto este ano em relação ao ano passado. “Trabalhamos com grandes volumes de venda e temos percebido que os mineiros têm procurado se antecipar para as compras.”

Também na CVC, o Nordeste tem sido o destino mais procurado. Para se ter uma ideia, dos 1 mil voos fretados, 60% terão essa região do país como destino. “Além disso, os minicruzeiros pelo litoral brasileiro têm tido muita procura, além das viagens mais curtas e mais baratas”, diz Júlio Machado. Uma das novidades que a CVC anunciou é que terá um recorde de voos fretados para destinos no Brasil nesta alta temporada de verão. “Estamos também com uma promoção vigente na qual criança não paga em mais de 1 mil hotéis”, diz.

Hotéis em Macacos, próximo à capital, também atraem viajantes que fogem do custo alto da moeda dos EUA (foto: Rogério Mário/divulgação )
Hotéis em Macacos, próximo à capital, também atraem viajantes que fogem do custo alto da moeda dos EUA (foto: Rogério Mário/divulgação )

Estratégias

Até mesmo os cruzeiros pelo litoral brasilero, cotados em dólar, recebem ofertas. A CVC, por exemplo, na semana passada, fez uma promoção na qual, até sexta-feira, o dólar para cuzeiros nacionais estava cotado a R$ 2,99, uma redução de 25% no valor atual da moeda. A condição era válida para embarques programados até abril de 2016.

De acordo com a gerente de Vendas da Master Turismo, Alexandra Peconick, o brasileiro, mesmo diante da retração econômica, não deixa de viajar. “Todo o nosso faturamento vem se mantendo, e isso se deve também às adaptações que temos feito. No mês passado, por exemplo, lançamos pacotes com destinos de luxo próximos a BH, como resorts em Tiradentes, Spa em São Sebastião das Águas Claras (Macacos). Muitos empresários, que não podem deixar seu negócio, optam por viagens curtas próximas à capital. São pacotes com valores mais baixos, já que não contam com as passagens aéreas”, diz.

Ela diz que há preços bons para as praias do Nordeste e também para os países vizinhos, como Chile e Argentina. Já para Fernando de Noronha, um dos destinos mais caros do país, setes dias para um casal na virada do ano custam em torno de R$ 45 mil. “Quem não é sensível a preços de viagens continua viajando para o exterior, mesmo porque, com a baixa demanda, os preços das passagens aéreas estão caindo”, avisa Alexandra Peconick.

Segundo José Francisco Salles, do Ministério do Turismo, os passeios no Brasil atraem pela proximidade, tanto é que, segundo ele, a estratégia da pasta para o turista estrangeiro desembarcar por aqui é focar a América do Sul. “No ano passado, tivemos 6,4 milhões de estrangeiros por aqui por causa da Copa do Mundo. Agora, queremos focar os nossos vizinhos, já que o turismo internacional é regional.”

 


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