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Estado de Minas

Crise faz famílias controlarem gasto no Dia das Crianças

Na segunda melhor data para o comércio de produtos infantis, indústria e lojistas apostam em brinquedos clássicos e com tecnologia. Estimativa é de uma leve alta nas vendas em BH


postado em 03/10/2015 06:00 / atualizado em 03/10/2015 08:50

Beatriz, com a mãe, Francine Póvoa, faz a sua lista de brinquedos de olho nos preços: consumo consciente(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Beatriz, com a mãe, Francine Póvoa, faz a sua lista de brinquedos de olho nos preços: consumo consciente (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Com lápis e caderninho de notas nas mãos, Beatriz, 8 anos, faz sua lista para o Dia das Crianças. Centenas de lançamentos da indústria para a data disputam a atenção da menina nas prateleiras da loja de brinquedos. Percorrendo o espaço, ela anota os itens de seu interesse, que são muitos. Bem ao lado do candidato a presente, vem o preço. Com o ranking pronto, Bia vai para casa refletir antes da escolha. O presente deve observar o teto de R$ 80. O exercício, na data tão esperada pelas crianças, faz parte de um trabalho de consumo consciente que sua família vem desenvolvendo para readequar gastos, em tempos de crise na economia.

As apostas do setor para a data variam desde brinquedos clássicos até novidades com tecnologia. O comércio da capital estima leve alta no Dia das Crianças, de 0,37%, segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). O varejo de modo geral, de brinquedos a vestuário, está preparado para vender R$ 2,25 bilhões na capital. Preferidas das crianças, as lojas de brinquedos estão estocadas com novidades e preços para agradar orçamentos de porte variados, de R$ 20 a mais de R$ 500. A proposta é facilitar o tradicional “compra mãe!, compra!”.

A Estrela, fabricante nacional de brinquedos, está lançando 250 novos itens e diz que as encomendas para a data cresceram 10%, frente ao ano passado. A empresa aposta em novidades, como a linha Show da Luna, e ainda na modernização de clássicos. O Detetive está sendo lançado para a data, com aplicativo para sistema iOs ou Android. “Durante o jogo, os participantes recebem telefonemas com dicas do crime”, explica Aires José Fernandes, diretor de Marketing da Estrela. Ele aponta também novidades em pelúcias, como a líder de audiência Peppa Pig, e o Ferrorama XP 300, em uma versão quase vintage, que deve agradar quem foi criança na década de 70.

O fabricante Lego, febre entre crianças de idades variadas, lançou para a data a linha demolição, onde é possível desfazer a cidade inteira feita com as peças. Já na linha do filme que será lançada no fim do ano, o fabricante também aposta no Lego Star Wars e acompanhando desenhos da TV, o Ninjago. As bonecas Baby Alive da Hasbro, e a Barbie roqueira, da Mattel, também são apostas para rechear a lista das crianças.

Apesar de os consumidores estarem mais cautelosos na hora de comprar, o valor médio do presente deve alcançar R$ 117,50. Francine Póvoa, mãe de Beatriz, explica que este ano a quantia para o presente foi reduzida de R$ 100 para R$ 80, mas o brinquedo está mantido. “Percebi que, este ano, é possível encontrar muitas promoções no mês de outubro, o que não notei no ano passado.” Segundo ela, a escolha do brinquedo e a reflexão sobre os preços ajuda a inserir a criança no contexto econômico vivenciado pelo país, além de desenvolver nos pequenos maior habilidade e consciência para o consumo.

Esperando pela segunda melhor data do comércio de brinquedos, o varejo está pronto para girar o estoque. Na rede Ri-Happy, com 162 lojas, 11 em Minas, a expectativa é de crescimento de 8% nas vendas, apesar de o preço médio esperado para os presentes ser menor que R$ 150, abaixo do que no mesmo período em 2014. Sandra Haddad, diretora comercial da rede, diz que os itens licenciados e personagens com mídia lideram as preferências das crianças independentemente de serem nacionais ou importados. “A crise econômica pode gerar algumas migrações para pontas de preço mais baratas, mas o desejo por um personagem, muitas vezes, sobrepõe a crise”, acredita. Para atrair o consumidor, a loja tem cerca de 1 mil itens com descontos de até 70%.

Pré-adolescente Este ano Erick Cambraia, 11 anos, está se despedindo do Dia das Crianças. “Ano que vem serei pré-adolescente, não tem jeito”, observa o menino. A despedida está sem defeitos. No último Dia das Crianças, a mãe dele, Joselina Cambraia, calcula que a conta fechou próxima a R$ 540. “Um skate, com todos os acessórios de proteção, e mais um brinquedo de montar.” Para fechar, Erick também faturou um skate de mão. A estreia do presente já tem lugar marcado. “Vou aprender a andar com o skate no sítio ou na Praça do Papa”, planeja.

Altair Rezende, dono da Brinkel, tradicional loja no Bairro Padre Eustáquio, diz que este ano o preço médio do presente deve encolher cerca de 7% , passando de R$ 150 para R$ 140 em sua loja. Ele não acredita em crescimento de vendas, mas diz que a variedade opções é um apelo para o consumidor. “Na Brinkel, temos 10 mil itens, variando de R$ 20 a R$ 2,2 mil”, reforça.
De acordo com a CDL-BH, a alta no tíquete médio, em 25%, se deve mais à inflação que à disposição do consumidor em comprar. Segundo varejistas e fabricantes ouvidos pela reportagem, a alta média dos preços dos brinquedos nacionais foi de 8%. Já os importados estão até 20% mais caros.

A pequena Helena completa um ano logo depois do Dia das Crianças, por isso, deve ganhar dois presentes da avó, que já estão escolhidos, um carrinho de passeio e uma pelúcia que fala. A mãe da garotinha, Greice Pozza, diz que frequentemente compra brinquedos. “Não são baratos, mas tenho encontrado muitas promoções”, diz.

PRODUTOS NACIONAIS A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) aposta em uma aceleração das vendas a partir do Dia das Crianças e estima que, com a alta do dólar, os nacionais levarão vantagem. O mercado nacional do brinquedo deve movimentar este ano perto de R$ 10 bilhões no varejo, crescimento de 12% frente ao ano anterior. Segundo a Abrinq, com a alta do dólar, a indústria nacional recuperou em 2014 fatia de 5% do mercado, que agora se divide em 55% para os brinquedos nacionais e 45% para os importados.

Números


R$ 2,2 bilhões - É o que o Dia das Crianças deve movimentar nos diversos segmentos do varejo de BH

R$ 117 - É o preço médio do presente

R$ 3,7 bilhões - É o que o setor de brinquedos deve apurar, em todo o país, na semana da criança


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