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Estado de Minas

Arrocho no crédito reduz a inadimplência em BH

Juros exorbitantes levam consumidor a cortar uso do cartão de plástico. Pesquisa mostra que opção é adotada por 37,6% dos consumidores, o que contribui para diminuição do calote


postado em 02/10/2015 06:00 / atualizado em 02/10/2015 07:38

"Sou controlado. Prefiro não ter dívida nenhuma. Só compro dentro do que posso" - David Kennedy, desempregado que bloqueou dois cartões de crédito (foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS )
Com a taxa de juros do cartão de crédito nas alturas, belo-horizontinos diminuem o uso da tarjeta para equilibrar as contas. Nos últimos dois meses, a modalidade de crédito perdeu espaço na composição da dívida, segundo pesquisa da Fecomércio-MG. Junto a isso, o nível de inadimplência teve queda em setembro, assim como o nível de endividamento. Depois de três altas consecutivas, o índice de calote retornou ao patamar de maio. Segundo a pequisa, em relação a agosto, a inadimplência caiu 1,5 ponto percentual em setembro.


De tanto ouvir orientações sobre a necessidade de pagar os débitos do cartão de crédito para escapar dos juros altos, a prioridade de pagamentos dos belo-horizontinos é o cartão de crédito. A modalidade é a primeira a ser paga por 67% dos entrevistados. No ranking de prioridades, em segundo estão os cartões de lojas, com 17,2%. Diante disso, entre as medidas tomadas para tentar quitar as dívidas em atraso, o corte do uso da tarjeta é apontada por 37,6% daqueles que tomam alguma decisão, atrás apenas do corte de gastos residenciais (50%). “É melhor assumir outro de dívida com juros menores”, afirma a estatística da Fecomércio-MG, Elisa Castro.


Pouco depois de completar 18 anos, David Kennedy logo criou dois cartões de crédito. Era um facilitador para ele comprar tênis, roupas e outros objetos desejados por jovens com o salário que recebia como menor-aprendiz. Mas, ao encerrar o contrato, ficou sem emprego e, de imediato, quitou os débitos restantes e bloqueou os dois cartões para não pagar anuidade e outras tarifas. “Sou controlado. Prefiro não ter dívida nenhuma. Só compro dentro do que posso”, afirma o garoto, hoje com 19 anos. Segundo o Banco Central, os juros médios cobrados pelos bancos nas operações rotativas com cartão de crédito superam a marca de 400% ao ano em agosto.


O estudo mostra que o percentual de inadimplentes (com dívidas em atraso acima de 90 dias) em setembro caiu de 7,7% para 6,2% no comparativo entre agosto e setembro. Segundo Castro, variação semelhante ocorreu em igual período do ano passado, mas, nos últimos três meses do ano, houve novo avanço da inadimplência. “É um período que o consumidor se endivida mais”, afirma a estatística sobre as festas do último trimestre. E acrescenta: 10,9% dos entrevistados dizem ter muita dificuldade em pagar as contas nos próximos 90 dias, sinal que pode haver aumento da inadimplência no período. Na outra ponta, 71,3% dizem ter facilidade para colocar os débitos em dia nos próximos três meses.

Em atraso

Do total de entrevistados com contas pendentes, 48,4% planejam saldá-las em até 90 dias, índice inferior ao apurado na última pesquisa (56,7%). A intenção de quitá-las no curto prazo representa cuidado com o cadastro negativo. Ou seja, possível aumento de inadimplentes. O pagamento, diz a entidade, é a saída para se livrar de juros exorbitantes. Outro indicador que reforça o possível aumento da inadimplência nos próximos meses, segundo o estudo, é o maior nível de endividamento do consumidor. Em setembro do ano passado, 49,9% das pessoas tinham alguma dívida, o percentual no mês passado era de 59,3%.


O autônomo Lucas Emanuel, de 21 anos, insere-se nessa parcela. Autodeclarado “compulsivo” por compras, ele diz ter feito dívidas muito grandes para seu orçamento em vários cartões e, ao ficar desempregado, não conseguiu saldá-las. “Gastei, gastei, gastei. Perdi o controle”, diz. Ele conta ter feito empréstimos para quitar os débitos dos cartões, mas, mesmo com juros menores, não conseguiu pagá-las. “Estou parcelando até a alma”, afirma o jovem, hoje com dificuldade em conseguir um novo emprego.


O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, corrobora da posição da Fecomércio-MG. Segundo ele, no segundo semestre os índices de inadimplência poderão sofrer “alguma pressão”. Mas ainda se manterão em patamares confortáveis na série histórica. A explicação, segundo Meirelles, está atrelada aos modelos de crédito disponibilizados pelas instituições financeiras ao longo do ano, tidos como mais seguros. “O cenário adverso da economia levou à redução na demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores por parte das instituições financeiras. Não obstante, a inadimplência do sistema não apresentou aumento significativo”, diz relatório do Banco Central.


Para o diretor do BC, mesmo com a crise e o quadro adverso, os bancos brasileiros têm base bastante sólida e de resistência. Ele citou o confortável nível de liquidez e desaceleração do ritmo do crescimento do crédito e das captações, ao divulgar ontem o Relatório de Estabilidade Financeira (REF). (Com agências)


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