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Estado de Minas

Aumento do gás ocorreu em dose dupla em BH

Antes de receber novos estoques, revendas surpreendem consumidor e repassam a alta de 15% anunciada pela Petrobras, além de 8% a 10% de reajuste referente à recomposição de custos


postado em 02/09/2015 06:00 / atualizado em 02/09/2015 08:22

Sindicato dos revendedores justifica que a entrega do produto é diária, pois o espaço para estocagem é caro. Daí o aumento ter sido repassado de forma imediata(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Sindicato dos revendedores justifica que a entrega do produto é diária, pois o espaço para estocagem é caro. Daí o aumento ter sido repassado de forma imediata (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O reajuste anunciado pela Petrobras de 15% no preço do gás de cozinha, para valer a partir de ontem, chegou ao bolso do consumidor de forma instantânea e integral. Em Belo Horizonte, famílias que compraram o botijão de 13 quilos para entrega em casa, chegaram a pagar 27% a mais pelo produto. Isso porque, além do reajuste anunciado pela estatal, as revendas já planejavam repassar a partir de ontem, correção entre 8% e 10% referente à recomposição de custos. Juntos, os dois reajustes chegaram de forma pesada ao consumidor. Revendas já aplicaram o novo preço sem nem mesmo dar tempo para girar os estoques antigos.

Na manhã de ontem, dona Eldete Cantoni, 92 anos, comprou, na Região Leste da capital, um botijão de gás para preparar o seu almoço. Quando foi informada sobre o novo preço, ela levou um susto e conta que ficou muito nervosa ao receber a notícia que o gás havia encarecido 27%. O último botijão que a aposentada comprou, há cerca de dois meses, custou R$ 55. “Me cobraram R$ 70 pelo gás. Achei o aumento abusivo. Já está tudo muito caro, supermercado, energia elétrica, conta de água e agora esse preço absurdo do gás. O botijão pesa demais na despesa”, disse indignada.

Do café da manhã ao jantar, cozinhar em casa vai ficar mais caro e a correção dos preços é mais um combustível para o dragão. Thaize Martins, coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead/UFMG calcula que a contribuição na inflação do reajuste de 15% do gás residencial, será de 0,14 ponto percentual. O dobro da contribuição da taxa de condomínio, que, em julho, foi o vilão do custo de vida. Para comparar, o gás também vai pressionar o índice de inflação, na mesma medida do reajuste da tarifa de água, em maio. Em julho, a inflação da capital atingiu dois dígitos em 12 meses, fechando em 10,14%, o mais alto percentual em 11 anos.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás (Sindgás), a correção de preços por parte da Petrobras era esperada pelo setor. “Desde 2002 não havia esse reajuste. Sabemos que 24% do produto utilizado é importado, o que pesa muito com a valorização do dólar”, diz Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato. Segundo ele, como os preços são livres no setor, as revendas podem repassá-lo de forma diferenciada. Questionado sobre o repasse imediato ao consumidor, desconsiderando os estoques, ele aponta que há muito tempo o setor vem trabalhando com custos represados. “O reajuste da Petrobras chegou no momento em que é feita a revisão de custos. Serão duas pressões no preço.”

"Já está tudo muito caro, supermercado, energia elétrica, conta de água e agora esse preço absurdo do gás. O botijão pesa demais na despesa" Eldete Cantoni, 92 anos, dona de casa (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A aposentada Nilda Duarte também pagou R$ 15 mais caro pelo gás. “O botijão subiu de R$ 55 para R$ 70. Eu assustei demais e cheguei a questionar o vendedor o porquê de uma alta tão grande. Minha sorte é que não almoço em casa, então, um botijão dura quase três meses.”

Pesquisa do Mercado Mineiro, mostra que o custo do gás para o consumidor varia muito. No início de agosto, antes do reajuste, o preço médio do botijão de 13 quilos para entrega em domicílio, era de R$ 53, podendo ser encontrado a partir de R$ 45 até R$ 64.

Inversão de consumo

Dados do Sindgás mostram que o botijão de 13 quilos representa 71% do consumo residencial no país. Segundo Bandeira de Mello, o botijão mantinha uma trajetória de crescimento inferior ao do gás para indústria e a granel, para restaurantes, por exemplo. No entanto, este ano, a trajetória foi invertida: o uso do gás industrial caiu 4% devido ao desaquecimento da atividade no país, enquanto o gás residencial cresceu 2%. Uma das hipóteses para o movimento é a mudança de hábito do brasileiro. “Muitas pessoas passaram a cozinhar em casa e levar marmita para o trabalho”, diz o executivo.

Na Região Leste da capital, Nelson Ziviani, presidente do Sindicato Varejista dos Revendedores e Transportadores de Gás de Minas Gerais (Sirtgás) e também dono de um ponto de venda, diz que passou o dia escutando reclamações, queixas e desabafos dos consumidores. Muitos indignados com o reajuste, que deixou o botijão entre 22% e 25% mais caro. Ele conta que, em agosto, as revendas receberam dos principais distribuidores do produto comunicado informando correção média de 10% no preço do botijão, a partir de setembro. “A justificativa é a data-base da categoria.” Segundo ele, grande parte das revendas do estado pertence às classes 1 e 2, que trabalham com até 120 botijões. “O espaço para estocagem é caro. Como a entrega do produto é diária, o pagamento também é faturado todos os dias. Não temos estoques”, diz ele justificando o repasse imediato às famílias.

O peso da alta

R$ 53
é o preço médio do botijão, no início de agosto, segundo pesquisa do site Mercado Mineiro

R$ 70
é o preço que pode alcançar o botijão de gás em Belo Horizonte

0,14
ponto percentual é o impacto do aumento na inflação da capital


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