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Estado de Minas

Tradicional loja de calçados no Centro de BH muda de endereço após quase 60 anos

Praça 7 reabre as portas na Savassi para fugir da alta do aluguel. Pontos para locação se multiplicam na Região Centro-Sul


postado em 22/08/2015 06:00 / atualizado em 22/08/2015 09:23

Sapataria tradicional na Avenida Afonso Pena está fechada depois de meio século. Marca agora está funcionando em espaço menor na região da Praça Diogo de Vasconcelos(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Sapataria tradicional na Avenida Afonso Pena está fechada depois de meio século. Marca agora está funcionando em espaço menor na região da Praça Diogo de Vasconcelos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )

Depois de 57 anos no mesmo ponto e uma legião de clientes fiéis, conquistados com cuidado desde 1958, a Praça Sete Calçados encerrou suas atividades no Centro de Belo Horizonte. A sapataria, que estava entre os mais antigos pontos comerciais da região, trocou a Avenida Afonso Pena pela Savassi. A tradição e a história não resistiram ao aluguel, que quadruplicou de preço na revisão do contrato. O custo do ponto, somado à crise econômica que vem reduzindo o emprego e derrubando as vendas do varejo, fizeram os donos abandonarem o endereço de mais de meio século.

Em uma nova fase, a Praça Sete que tinha como slogan “no melhor ponto da cidade, a casa que melhor serve”, reabriu as portas na avenida Getúlio Vargas, entre Cristovão Colombo e rua Alagoas. Sinal dos tempos, a nova loja é quase três vezes menor, o estoque foi reduzido, a linha masculina está em liquidação, os sapatos confortáveis para mulheres, já uma referência na Avenida Afonso Pena, são agora o foco principal. O número de funcionários foi reduzido, de 15 para dois.

Da região Centro Sul para toda cidade, a oferta de imóveis comerciais para alugar cresceu nos últimos dois anos, enquanto o ritmo de abertura de novos negócios está menor, sentindo os efeitos da crise. Segundo estimativas do setor imobiliário, no período a oferta avançou próximo a 20%. Segundo Pesquisa da Fundação Ipead da UFMG, em parceria com a Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi), desde julho do ano passado os preços estão avançando a um ritmo menor que o da inflação, mas não houve retração.

“Durante 57 anos, estivemos na avenida Afonso Pena, 603. Ocorre que com a crise econômica, o comércio em todo o país caiu muito. Tentamos negociar o valor do aluguel, mas era impossível sobreviver com o novo preço”, diz Walter Casanova Costa, proprietário da loja. Filho do fundador Félix Costa, ele começou a trabalhar na sapataria aos 20 anos. Aos 70, acumula 50 anos de experiência no setor. “Pagávamos R$ 10 mil de aluguel. No vencimento do contrato, ofereci o dobro, mas os proprietários queriam R$ 40 mil. Não conseguiria vender o suficiente para arcar com o valor.”

Os reajustes acumulados no período de aquecimento do setor imobiliário, entre 2010 e 2012 por exemplo, elevaram os aluguéis a patamares acima do custo de vida medido pelo instituto Ipead. Nos últimos cinco anos terminados em julho, a inflação em Belo Horizonte acumula alta de 41,1%, enquanto os aluguéis comerciais avançaram 58% e os das lojas 67,6%.

(foto: Fotos: Álvaro Duarte/EM/D.A Press )
(foto: Fotos: Álvaro Duarte/EM/D.A Press )

Placas
Um dois três, quatro, 34 placas de aluga-se podem ser vistas anunciando pontos comerciais, por quem faz uma caminhada, entre a Rua São Paulo em Lourdes, até o fim da avenida Prudente de Morais (fotos). Em corredores tradicionais, como avenida do Contorno, Pedro II e na tradicional região da Savassi, as vagas são um estímulo a abertura de novos negócios. Ao mesmo tempo em que a oferta esquenta, de janeiro a julho de 2015, o número de abertura de empresas no estado desacelerou 4% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo os dados da Junta Comercial de Minas (Jucemg).

Especialista no setor imobiliário e conselheiro da CMI/Secovi, Ariano Cavalcanti, diz que a desaceleração do mercado, iniciada em 2013, coincidiu com a entrega de novas unidades, o que faz o panorama agora favorável ao locatário. “Percebemos que nos bairros mais valorizados os preços estão acomodados e em muitos casos, houve queda do preço real.” Segundo ele, o mercado está ensaiando uma retomada em um momento favorável para o locatário, já que as possibilidades de escolha cresceram e as chances de negociação de preços foram ampliadas.

Presidente da Associação dos Lojistas do Hipercentro, Flávio Assunção, diz que a oferta em pontos disputados do comércio, como Avenida Santos Dumont e Praça Sete cresceu. “Não notamos ainda queda de preços, mas percebemos que há mais condições para negociar, o que é resultado, infelizmente de muitos negócios que fecharam as portas.” Ele lembra que nos últimos dez meses, outra loja tradicional fechou suas portas no Centro. Depois de mais de 70 anos, o Grande Camiseiro foi mais um ponto tradicional a sair de cena.

Crise Maria Auxiliadora de Souza, presidente da Associação dos Lojistas da Savassi,, comenta que a crise está pesada para o comércio. Ela diz que percebe uma maior abertura para contrapropostas nos alugueis, mas o número de lojas disponíveis é alto na tradicional região de Belo Horizonte.

Em 1958, a Praça Sete Calçados fazia sucesso ao lado de nomes como a Elmo, Sapataria Americana – que resistem até hoje – e outros nomes que fizeram fama, como Isnard e Avenida Calçados. No início, eram sapatos masculinos, femininos, infantis, linha festa e casual, para todas as ocasiões. Mais tarde na década de 70, quem fazia sucesso no mix, eram os produtos da São Paulo Alpargatas, lembra Walter Costa. No novo ponto, ele está confiante no sucesso que a Praça Sete pode fazer na Savassi.

Vizinho da Praça Diogo de Vasconcelos, ele diz que a marca da loja sempre foi a qualidade e a cortesia. “Não é puxar saco do cliente, é saber atender bem, essa é a base do comércio que nós sempre preservamos.” Otimista, ele conta que apesar de essa ser uma das piores crises que enfrentou, acredita na recuperação. “Estamos sempre de olho em oportunidades. Até mesmo em abrir uma filial.”


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