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Estado de Minas

Gastos extras nas férias podem aumentar dívidas

É preciso se organizar para quitar os débitos extras do período de descanso e não transformá-los em dor de cabeça


postado em 02/08/2015 06:00 / atualizado em 02/08/2015 08:16

Alessandra Azevedo
Especial para o EM


Brasília – Em um ano difícil para a maioria dos brasileiros, as férias de julho apareceram como uma pausa merecida para respirar e esquecer o ritmo caótico do dia a dia. Mas, para muitos, o que seria um momento de alívio acaba virando mais uma dor de cabeça. Principalmente, para os que não ignoram os inevitáveis gastos extras do período. Um dos motivos principais costuma ser o descontrole em viagens, a primeira opção para quem consegue tirar uns dias de folga no meio do ano. O problema começa quando falta planejamento.

“Com promoções-relâmpago, muita gente compra a passagem, mas não pensa nos gastos que terá no destino. O resultado é que a pessoa volta mais tensa e preocupada do que antes”, explica a consultora financeira Gabriela Vale, da Libratta Finanças Pessoais. O efeito positivo das férias é anulado no momento em que a realidade compreende faturas de cartão de crédito exorbitantes, dívidas no cheque especial e contas zeradas.

Viajando ou não, caso a pessoa passe dos limites nas férias a primeira atitude a ser tomada é colocar na ponta do lápis tudo o que ficou devendo. “Não adianta ignorar a dívida, ela vai continuar existindo. Na maioria das vezes, as pessoas não têm ideia da dimensão do problema por medo de olhar o extrato ou perguntar para o gerente”, conta Gabriela. Encarar o problema financeiro é o primeiro passo para conseguir resolvê-lo dentro das possibilidades e sem desespero. Para isso, a lista das pendências deve ser feita de maneira detalhada, com a quantia devida, a taxa de juros cobrada, o número de parcelas a vencer, o valor das prestações e o saldo devedor.

na ponta do lápis Feitas as contas e sabendo quanto deve pagar, o melhor a fazer é amortizar o débito o mais rápido possível, mesmo que precise apelar para as economias. “Quem tem poupança ou aplicações financeiras deve resgatar o dinheiro e pagar a dívida assim que puder. O mais importante é não ficar devendo, porque a taxa de juros costuma ser bem maior do que a rentabilidade dos investimentos”, ressalta a consultora. Rendimentos extras, como restituição do Imposto de Renda e décimo terceiro, são outras opções que devem ser levadas em conta.

Quem não tem reservas e não sabe como aumentar a receita provavelmente vai ter que enxugar as despesas mensais até voltar ao equilíbrio financeiro. A maneira mais fácil é fazer cortes nos gastos com lazer e supérfluos. “Não precisa parar de se divertir, basta buscar prazer em coisas que não envolvam grandes gastos, como correr no parque, fazer piquenique ou jantar na casa de amigos”, sugere a consultora. Nos casos mais drásticos, pode ser necessário se desfazer de alguns bens. Por mais exagerado que pareça, vender um carro para pagar uma dívida evita um prejuízo que poderia se tornar bem maior que o valor do veículo.

Falta planejamento

O consultor financeiro da Mais Ativos Álvaro Medernell chama a atenção de que “guardar dinheiro pensando nas férias não é uma preocupação para a maioria das pessoas, o que faz com que muita gente acabe se endividando nesta época”. E, o pior, o rombo só é percebido quando é preciso voltar à rotina e uma enxurrada de contas a pagar causam uma ressaca pós-férias.

A poupança da empresária Yasmin Alkmim, de 24 anos, não foi suficiente quando ela resolveu passar uns dias nos Estados Unidos, de última hora. “Como não tinha planejado viajar em julho, só no fim do ano, a poupança não estava muito recheada”, explica. Só a passagem, comprada menos de um mês antes de embarcar, comeu grande parte das economias. “Mesmo evitando fazer compras pessoais, acabei gastando mais que gostaria, com alimentação, por exemplo.”

Para não passar aperto, o ideal é que a pessoa sempre tenha controle dos gastos. “Não precisa ficar paranoico e contar quantos centavos vai desembolsar com cada coisa. O importante é ter um limite diário e, quando extrapolar, compensar no dia seguinte”, explica Gabriela Vale, da Libratta Finanças Pessoais. Uma armadilha muito comum é justificar o descontrole como forma de recompensa. “Tem gente que pensa que, por ter trabalhado o ano inteiro, merece ostentar um pouco nas férias. Mas não é assim, porque, no final das contas, a pessoa está se prejudicando, não se beneficiando. O cuidado financeiro deve ser diário, independentemente da época do ano”, alerta a consultora.

Para não correr o risco de se arrepender depois, o estudante Henrique Raynal, de 21, não se importa de gastar um pouco mais nas férias. Durante o recesso da faculdade, no mês passado, ele decidiu embarcar ao encontrar uma passagem mais barata para São Paulo. “Eu tento planejar as viagens, mas apareceu uma promoção e precisei correr para ir na data mais barata”, justifica. Segundo Álvaro Modernell, comprar passagens por impulso é um hábito que costuma colocar o viajante no vermelho depois das férias. “O ideal é a pessoa encontrar a promoção para o destino e a época que ela já havia planejado, não que a promoção encontre a pessoa. Embarcar só porque encontrou descontos é arriscado e pode causar um problema grave no orçamento”, adverte.

Como Henrique estava pagando o empréstimo que fez para arcar com os custos da viagem das férias anteriores, a passagem, mesmo na promoção, foi paga no cartão de crédito do pai. Para o resto dos gastos, as economias não foram suficientes. Nas despesas a mais, ele inclui também as compras. “Encontrei muitos produtos interessantes, não tinha como não comprar nada. Sem contar os presentes para os familiares, que não podia deixar de trazer”, acrescenta.

No final das contas, o estudante gastou R$ 1 mil a mais do que os R$ 1,8 mil que havia programado. “Saquei tudo o que eu tinha, mas, desde o início, sabia que ia extrapolar e precisaria recorrer ao cheque especial”, admite. A opção encontrada por Henrique para cobrir o rombo foi fazer trabalhos extras. Dessa forma, ele acredita que em duas semanas quita a dívida. Explorar os talentos para aumentar a receita é uma das alternativas sugeridas pela consultora da Libratta a fim de se livrar das pendências. “É uma forma bastante eficiente de acelerar o pagamento da dívida, o que é sempre bom”, conta. “Fazer bolo, cuidar dos filhos do vizinho, dar aulas. Cada pessoa pode investir nas habilidades que tem.”


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