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Estado de Minas

Tarifa para o interior de Minas está mais cara que visitar a Argentina

Enquanto hotéis e pousadas comemoram opção das famílias de fugir do dólar alto e controlar despesas na crise, voar para Uberlândia, no Triângulo, custa mais caro que ir para Buenos Aires


postado em 22/07/2015 06:00 / atualizado em 22/07/2015 07:19

Se você está pensando em viajar pelo interior de Minas Gerais para curtir as férias de julho, é melhor se apressar. Nas cidades históricas como Tiradentes e Ouro Preto e no frio das montanhas como Monte Verde ou no Circuito das Águas, no Sul do estado, as reservas para os fins de semana já estão quase esgotadas e sobram poucas vagas para os dias de semana. A demanda, segundo proprietários de hotéis e pousadas, aumentou cerca de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Além de correr para não ficar sem vaga, quem planeja ir de avião para cidades como Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, Ipatinga, no Vale do Aço e Montes Claros, no Norte, deve preparar o bolso. Uma passagem do Aeroporto de Confins para Uberlândia, com saída no dia 25 de julho (sábado) e retorno no dia 2 de agosto (domingo), por exemplo, é vendida por R$ 2.091, enquanto uma passagem nas mesmas datas para Fortaleza, no Ceará, badalado destino turístico no Nordeste, sai por menos da metade do preço: R$ 990.


A diferença nos preços é exorbitante se comparados os destinos do interior de Minas Gerais e cidades turísticas famosas como Salvador e Rio de Janeiro ou até mesmo destinos internacionais, como Buenos Aires, na Argentina, e Santiago, no Chile. De acordo com pesquisa feita pelo Estado de Minas na tarde de ontem em portais de vendas de passagens aéreas, um passagem de ida e volta para Salvador, entre 25 de julho e 2 de agosto, por exemplo, sai a R$ 1.060, mais barata que a tarifa cobrada para Uberaba, no Triângulo: R$ 1.240. Desembolsando R$ 310 a mais é possível ir para Buenos Aires.

Montevidéu, no Uruguai e Santiago, no Chile, com passagens saindo de Belo Horizonte a R$1.093,06 e 1.782 respectivamente, são destinos mais baratos, que Uberlândia, para onde custa R$ 2.091 ir e voltar de avião da capital. As passagens de ida e volta para Miami, nos Estados Unidos, saem a R$ 3.325 (para o mesmo período, com a compra sendo feita ontem, diferença de R$ 1,2 mil pelo destino internacional. Comprado com antecedência, o mesmo destino sairia por menos da metade deste preço). Enquanto isso, as passagens mais baratas para o interior de Minas são para Araxá, no Alto Paranaíba e Montes Claros, no Norte do estado, que saem a R$ 529,80 e R$ 543 respectivamente. No entanto, por um valor menor que esse, R$ 494,80 é possível comprar passagens para São Paulo e por R$ 240 a mais você pode ir para o Rio de Janeiro no mesmo período. Mais uma vez lembrando que, em se tratando de passagens aéreas, os preços caem muito quando a compra é feita com antecedência.

Justificativas

A reportagem procurou as companhias aéreas para que se posicionassem sobre os altos preços praticados para o interior de Minas Gerais. A Azul Linhas Aéreas Brasileiras informou, por meio de nota, que os preços das passagens aéreas variam de acordo com fatores importantes. “O trecho em questão, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, variação do preço do combustível, entre outros, são quesitos que fazem com que as tarifas sejam extremamente dinâmicas em todos os mercados.”

A Gol também informou, por meio de nota, que o modelo de precificação adotado pela empresa é dinâmico e que o valor do trecho é menor nos casos de compras feitas com maior antecedência. A companhia orienta que, para adquirir tarifas de baixo custo, a companhia orienta comprar os bilhetes com mais de 28 dias de antecedência em relação à data da viagem. “Pressupõe-se a maior oferta de assentos a preços baixos e competitivos, a todo momento. Visando a adequação ideal entre oferta e demanda, a política de precificação dinâmica se exemplifica com o fato de que o valor do trecho permanece diretamente relacionado com a demanda total do período.”

Já a TAM informou que não divulga dados relativos às vendas, pois são estratégicos para a companhia. “No entanto, para seguir com preços competitivos, a TAM está dando continuidade ao plano de segmentação da demanda, para oferecer a cada cliente o produto mais adequado, no melhor preço, de acordo com o sistema de precificação dinâmica.”

Demanda supera expectativa


Nos hotéis e pousadas do interior de Minas, os empresários comemoram a demanda. Segundo eles, a alta das moedas americana e europeia incentiva o turismo doméstico que volta a se fortalecer. Em alguns lugares como Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, a ocupação chega a 95% nos fins de semana e a 85% entre segunda e sexta-feira. Na histórica Tiradentes, a demanda é 30% maior que no mesmo período do ano passado e a ocupação chega a 100% nos fins de semana. Em Ouro Preto, empresários afirmam que a demanda é 20% maior que no último ano, quando muitas famílias deixaram de viajar por conta da Copa do Mundo, realizada no Brasil.

“A temporada está muito melhor do que imaginávamos. Muitas famílias deixaram de viajar para o exterior e preferiram viagens dentro do país, por serem mais em conta. Nossa pousada está com 100% de ocupação nos fins de semana e 50% nos outros dias”, afirma a gerente comercial da Pousada Pequena Tiradentes, Gabriela Barbosa. Segundo ela, a maioria do público que visita a cidade vem do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, de estados do Nordeste, como Pernambuco, e outras cidades de Minas Gerais.

Em Ouro Preto, a demanda também superou a expectativa. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Regional Circuito do Ouro, Antoninho Tavares, o turismo na cidade voltou a crescer, depois de três meses seguidos de queda. “O turismo de família voltou e Ouro Preto está cheia como não se via há muito tempo. Nosso movimento é 15% maior do que no mesmo período do ano passado. Atribuímos isso à alta do dólar e do euro, além das programações culturais, como o Festival de Inverno”, acrescenta.

Proprietária da Pousada do Ouvidor, também em Ouro Preto, Renata Pereira comemora o crescimento acima de 20% no movimento. “Apesar da instabilidade econômica do país, as pessoas continuam viajando e, na maioria das vezes, preferem fazer uma viagem nacional, por ser mais barata. E Ouro Preto ganha com isso, porque tem tarifas atrativas”, afirma. Em Lavras Novas, a demanda também surpreende os empresários. De acordo com a proprietária da Pousada Carumbé, Daniela Guimarães, de segunda para terça-feira desta semana foram fechadas mais de 24 reservas no local. “São famílias que buscam opções de lazer e descanso, que desistiram de viajar para outros lugares por conta do preço”, finalizou.

Em Monte Verde, a temporada leva um público 15% maior do que em julho do ano passado. Segundo estimativa da Associação de Hotéis e Pousadas de Monte Verde (AHPMV), os turistas devem movimentar R$ 30 milhões com hospedagens, alimentação e compra de presentes apenas em julho. “A temporada está excelente, e as pousadas estão completamente cheias. Há poucas vagas para essas duas semanas restantes de julho”, afirma o presidente da AHPMV e dono do hotel Cabeça de Boi, Gustavo Arrais.


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