Depois da longa estiagem que abateu o país, algumas perguntas ganharam força: é possível reduzir o consumo de água e mesmo assim aumentar a produção? E o que fazer com os subprodutos gerados no processo produtivo? A busca pela eficiência na utilização dos recursos naturais e os investimentos em pesquisas abrem espaço no planejamento das organizações. A meta é reduzir a dependência dos recursos hídricos, e, ao mesmo tempo, os custos.
Na mineradora Samarco, um dos temas de destaque é a gestão hídrica. “Atualmente, a empresa recircula 90% da água em seu processo produtivo integrado (compreeende mina, transporte por mineroduto e pelotização)”, diz Denilson Araújo, gerente-geral de tecnologia e ecoeficiência da empresa. Segundo ele, o objetivo é aumentar cada vez mais a eficiência desses processos, reduzindo o uso da água e minimizando custos. Em 2014, a empresa avançou na estruturação do seu balanço hídrico dinâmico, que ajuda a avaliar os equipamentos e sistemas de gestão do consumo de água no processo produtivo.
Os investimentos em gestão ambiental no ano passado tiveram como foco também os ganhos de eficiência no uso de recursos naturais e minerais, o que além da água, inclui os resíduos, rejeitos e emissões de gases do efeito estufa e material particulado. Foram investidos, ao todo, R$ 88,3 milhões. A empresa incluiu critérios ambientais no modelo de remuneração variável, contemplando todos os empregados, a fim de estimular práticas responsáveis e engajar o público interno na causa da sustentabilidade.
Em 2014, a mineradora aperfeiçoou metodologias para avaliar alguns dos riscos e impactos de suas atividades, como a vazão de barragens, a escassez hídrica e energética e as emissões atmosféricas. Denilson Araújo destaca outra frente de investimentos, a conversão, em 2010, dos fornos que operavam com óleo para o gás natural, o que reduziu em 15% as emissões de gás efeito estufa. “A empresa desenvolve estudos para testar outras fontes de energia, como a heólica e a geração a partir de biomassa, considerando diversas fontes, como eucaliptos plantados, resíduos de madeiras ou fibra do coco.”
No reaproveitamento de resíduos, a empresa também desenvolveu, em parceria com universidades, blocos para pavimentação a partir de subprodutos da mineração. Os blocos estão sendo usados em vias atendendo projetos patrocinados pela Samarco, mas existe a intenção, de acordo com o gerente da companhia, de formar uma cooperativa para explorar a fábrica de blocos como geração de renda local.
As ações ambientais devem estar na concepção mais embrionária dos investimentos. Antes mesmo de o projeto ser colocado em prática, suas implicações ambientais devem ser bem medidas, recomenda Sérgio Myssior, consultor da Myr Projetos Sustentáveis. Ele diz que, da mineração à indústria da construção civil, as empresas já entendem que podem reduzir custos de operação com medidas ambientalmente corretas. “Além do impacto ambiental positivo, as ações de sustentabilidade respondem a uma exigência da sociedade, que quer empresas com gestões eficientes de seus resíduos, da água e das fontes energéticas”, afirma.
Denilson Araújo observa que, além dos trabalhos de longo prazo, a Samarco conta com metodologias de melhoria contínua, para ações pontuais e de curto prazo. Um dos programas, chamado de Lean Seis Sigma, que inclui medidas ambientais, conseguiu em cinco anos proporcionar cerca de R$ 1 bilhão em economia e redução de custos para a empresa.
Raio-x do programa Minas Sustentável, conduzido pela Fiemg
>> Empresas atendidas
• Indústrias de micro, pequeno e médio porte
>> Objetivos
• Buscar a regularização ambiental das indústrias mineiras
• Auxiliar a empresa para cumprimento das condicionantes ambientais
• Ecoeficiência, gerando mais produtos com menor quantidade de recursos
>> Resultados
• 1,9 mil indústrias atendidas em 2014
• 800 indústrias participantes até maio de 2015
• 30% é a meta para economia de água nas fábricas mineiras