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Estado de Minas

Montadoras param em junho e Usiminas quer reduzir jornada

Reflexo do consumo em baixa, Fiat e Mercedes-Benz adotam novas paralisações temporárias da produção. Setor siderúrgico é um dos mais afetados, o que já prejudica a geração de empregos


postado em 29/05/2015 06:00 / atualizado em 29/05/2015 07:31

Siderúrgica de Ipatinga decidiu paralisar um alto-forno para adequar ritmo da fábrica ao mercado(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 2013 19/5/14)
Siderúrgica de Ipatinga decidiu paralisar um alto-forno para adequar ritmo da fábrica ao mercado (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 2013 19/5/14)
As medidas de ajuste da indústria à retração da economia se agravam, afetando, agora, a rotina dos trabalhadores e as perspectivas do emprego no setor. A Fiat Automóveis anunciou ontem nova paralisação temporária, em junho, da produção da fábrica de Betim, na Grande Belo Horizonte, que será acompanhada por empresas do seu cinturão de fornecedores. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, a unidade da Mercedes-Benz entra em férias coletivas na próxima segunda-feira e a empresa já negocia dois novos períodos de suspensão de contratos de trabalho a partir de julho e de dezembro. Na siderurgia, um dos segmentos mais afetados pela crise de demanda e preços, a Usiminas propôs redução da jornada de trabalho de um dia útil por semana, com diminuição proporcional dos salários, a todo o pessoal das áreas administrativas da companhia no Brasil.

A boa notícia veio no contraponto do cenário desfavorável aos investimentos do setor privado, o início da produção em Pirapora, no Norte de Minas Gerais, da planta industrial da marca de calçados e acessórios´Carmen Steffens. Na Usiminas, os trabalhadores da administração foram comunicados na quarta-feira e ontem da intenção da empresa de reduzir a jornada por tempo indeterminado, com o corte de cerca de 13% dos salários. A medida não vale para os setores operacionais, da produção. Em nota, a siderúrgica informou que a proposta tem como objetivo “preservar a equipe, diante da crise no mercado de aço”.

A companhia vai apresentar a medida aos sindicatos dos empregados nos próximos dias. São pouco de 3 mil trabalhadores das áreas administrativas, de um total de 20 mil no Brasil. Ainda por meio de nota, a siderúrgica destacou que o Instituto Aço Brasil estima para este ano queda de 6% no consumo aparente (inclui os produtos importados) de aços planos no país. A empresa já havia anunciado na semana passada a decisão de desligar o alto- forno 1 da usina de Cubatão (SP) e o alto-forno 1 da planta industrial de Ipatinga, no Vale do Aço, deste domingo a 4 de junho.

A justificativa da Usiminas para o abafamento dos fornos é de que assim vai adequar a produção ao atual ritmo da demanda, “trazendo oportunidades de redução de custo e melhoria da competitividade”. Em Ipatinga, o sindicato local dos metalúrgicos aguardava ontem a manifestação oficial da empresa, mas não há disposição de aprovar propostas que retiram direitos dos trabalhadores, segundo o diretor da entidade Geraldo Magela Duarte. “A nossa postura é de não aceitar rebaixamento das condições de trabalho em nome de garantir empregos, quando o que a empresa faz é oferecer acordo ruim aos trabalhadores”, afirmou.

MONTADORAS Pela quarta vez neste ano, a fábrica da Fiat adota medidas para ajustar o estoque alto ao ritmo lento das vendas. A montadora italiana vai adotar parada técnica de 8 a 12 de junho, mantendo em casa cerca de 9 mil trabalhadores, quando deixará de produzir aproximadamente 15 mil veículos. Por meio de sua assessoria de imprensa, a companhia informou, ontem, que vão parar as quatro linhas fabris. Permanecerão em serviço os empregados das áreas da administração, dos setores de engenharia e manutenção.

Os equipamentos paralisados passarão por manutenção preventiva. A fábrica começou 2015 na tradicional paralisação durante as festas de Natal e Ano-novo, adotou parada técnica de três dias em março e dispensou por 20 dias em abril um grupo de 2 mil empregados. Ainda ontem, o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim foi comunicado de paradas também em duas das fornecedores da Fiat. Para o secretário-geral da entidade, José Nunes, as paralisações são reflexo do desaquecimento das vendas, sem perspectivas de mudanças pelo menos até o segundo semestre. “São formas paliativas de preservar os empregos. Esperamos que o governo federal tome medidas efetivas para a recuperação da economia no segundo semestre”, afirmou.

PELO BRASIL
Diante da redução de 17% das vendas do setor automotivo de janeiro a março, outras montadoras já tem adotado estratégias para conter os estoques. A Mercedes-Benz concederá férias coletivas de 1º a 16 de junho aos cerca de 750 empregados da fábrica de Juiz de Fora e propôs o sistema conhecido como lay off, que prevê a suspensão de contratos de trabalho, para dois grupos de trabalhadores, entre 1º de julho e 30 de novembro e de 1º de dezembro a 30 de abril de 2016. Medidas semelhantes foram adotadas na unidade de São Bernardo do Campo (SP).

De acordo com o presidente do sindicato local dos metalúrgicos, João César da Silva, o ponto crucial das negociações é a garantia do emprego. “Apresentamos a nossa contraproposta de estabilidade no emprego até setembro do ano que vem. É o nosso principal objetivo”, afirmou. O sindicalista observou que em conversas anteriores, a companhia aceitou garantir os empregos até abril. A negociação continua nos próximos dias. Em São Paulo, a Genetal Motors prepara ajustes, com férias coletivas e a proposta de lay off na fábrica de São Caetano do Sul em junho, informou o sindicato local. A unidade de São José dos Campos também deverá ser afetada.

As medidas de ajuste adotadas ou em negociação nas montadoras e no setor siderúrgico – na semana passada a siderúrgica VSB, de Jeceaba, na Região Central de Minas Gerais, estava negociando a suspensão dos contratos de trabalho com o Sindicato dos Metalúrgicos da vizinha Congonhas – são sinais da falta de perspectivas de reação da indústria, na avaliação de Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho de Política Industrial e Econômica da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). A entidade já considera 2015 um ano perdido, trabalhando com projeção de 5,19% do faturamento das empresas em 2015. “Não acreditamos em recuperação suficiente para frear as dificuldades do setor, que deve enfrentar já neste ano um aumento de processos de recuperação judicial”, disse. (Com agências)


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