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Estado de Minas

Inflação alta, corrupção e infraestrutura precária fazem país perder competitividade

Brasil despenca 16 posições em seis anos e fica em 56º lugar no ranking que mede nível de eficiência de 61 países


postado em 28/05/2015 06:00 / atualizado em 28/05/2015 08:24

A disparada do chamado custo Brasil (inflação alta, infraestrutura deficitária, juro elevado etc.) e a ineficiência do poder público em frear tanto a desaceleração econômica quanto a corrupção levaram o país a perder quase 20% de sua competitividade, na comparação com a de outras nações, no acumulado dos últimos seis anos. É o que revela a nova edição do World Competitiveness Yearbook, um ranking elaborado pelo International Institute for Management Development( IMD) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC).


Dos 61 países avaliados, o Brasil caiu do 40º lugar, em 2009, para o 56º em 2015. O índice de competitividade, que era de 56.865 pontos, recuou agora para 47.390. A nota máxima coube aos Estados Unidos (100 mil pontos). Os organizadores do estudo elaboram a nota com base em quatro pilares: performance da economia, eficiência do governo, eficiência dos negócios e infraestrutura. Cada um desses, por sua vez, é dividido em alguns subfatores (veja quadro ao lado).

“(A perda de posições) nos distancia não apenas das nações mais competitivas do mundo, mas nos desloca do grupo de grandes economias emergentes (BRICs e N-11), nos aproximando ainda mais do extremo inferior do ranking, à frente apenas da Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela”, alerta Carlos Arruda, coordenador do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral. O alerta ganha um toque vergonhoso quando analisado, por exemplo, o pilar eficiência do governo: o Brasil ocupou a penúltima posição.

O estudo destaca que o quesito subornos e corrupção, que é um componente da estrutura institucional (esta, por sua vez, é um subfator do pilar eficiência do governo), o Brasil figura na última posição. “Evidencia como desvios de dinheiro têm efeito perverso no lado real da economia, reduzindo a atratividade do país. Estamos ainda no fim da lista no que diz respeito a barreiras tarifárias, burocracia, impostos corporativos e taxa de juros de curto-prazo. O desequilíbrio crescente das contas públicas (déficit nominal de US$ 146 bilhões em 2014) contribui para aumentar a fragilidade da economia brasileira”, constatou, no relatório, a equipe comandada por Carlos Arruda.

Desaquecimento Nesse mesmo pilar, contudo, há um ponto positivo: o país ocupou a terceira posição no quesito subsídios públicos, como ações do Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na mesma toada, destaque para a reserva de moeda estrangeira, fator que levou o Brasil a ocupar a sexta posição. Por outro lado, quando o assunto é o desempenho da economia nacional, o país perdeu posições em razão da desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB). Embora o Brasil seja a sétima maior economia do planeta, o indicador subiu apenas 0,1% em 2014, muito abaixo do crescimento da média mundial (2,3%). Para 2015, há possibilidade de o PIB retrair.

No pilar infraestrutura o país ocupa a 53º posição, uma a mais que em 2014. “Os índices de infraestrutura básica colocam o Brasil há vários anos entre os piores países do ranking. A crise hídrica, que vem afetando o abastecimento de energia e de água no último ano, contribui para a queda do país nessa categoria. E o risco de racionamento no curto prazo desponta como um dos principais desafios competitivos para o Brasil em 2015”, avaliou o especialista da FDC.

Empresas O Brasil perdeu 24 posições no quarto pilar do índice de competitividade de 2009 para 2015. No quesito eficiência empresarial, o país saiu do 27º lugar para o 51º. Na prática, esse conjunto analisa o quanto o ambiente nacional incentiva as empresas a atuar de forma inovadora, rentável e responsável. Portanto, é considerada a combinação de indicadores como produtividade, mercado de trabalho, finanças, práticas de gestão, entre outros.

Embora o Brasil tenha despencado nesse pilar, algumas empresas se destacam no cenário nacional. É o caso da Green Co, especializada na chamada moda ética – produtos têxteis fabricados com materiais 100% naturais e sustentáveis. O dono da empresa, Cassius Pereira, de 33 anos, conta que, em 2003, quando cursava gestão ambiental, fez uma viagem à Alemanha e teve contato com o segmento que despertou sua veia empreendedora.

De volta ao Brasil, pesquisou a moda com produtos ecológicos e percebeu que esse era um nicho pouco explorado no país. Assim nasceu a Green Co, com fábrica no Bairro Prado, na Região Oeste de Belo Horizonte, e lojas na Savassi, no Boulevard Shopping em Armação de Búzios (RJ). Em 2014, a Green cresceu 40% com as vendas de camisetas, calças, saias, vestidos, calçados e acessórios – todos fabricados com materiais e tecidos 100% orgânicos (fibras de algodão, celulose, bambu e cânhamo) e recicláveis (plásticos reutilizados).

 

Investimentos têm redução

 

O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil, que caiu 2% em 2014, para US$ 62,495 bilhões, deve recuar novamente este ano em razão da fraca atividade econômica, prevê a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em relatório divulgado ontem. “Provavelmente, a queda do IED na América Latina e no Caribe continuará em 2015. Estima-se que o crescimento econômico regional se situe em torno de 1%, o que continuará freando os investimentos para abastecer o mercado interno. Isso afetará especialmente as entradas de IED no Brasil”, diz o texto. Na região como um todo, o IED despencou 16% no ano passado, para US$ 158,803 bilhões. Ou seja, a participação do Brasil na área da Cepal é de 38%.

Mesmo assim, a Cepal afirma que a queda leve do IED no Brasil, em meio a um cenário de forte desaceleração da economia, reflete “a confiança de longo prazo dos investidores estrangeiros”. Os Países Baixos são a principal fonte de IED no Brasil, com 29% do total. Muitas vezes o país, assim como Luxemburgo, é usado como intermediário para investimentos de outras regiões. A Europa como um todo representa 56%, seguida pelos Estados Unidos (13%), pela América Latina e Caribe (4%), Japão (4%), Canadá (2%) e outros (2%). Os recursos com origem não definida somam 18%. China investiu 1,8% do total.


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