Brasília – Nos últimos 10 anos, o mundo passou por mudanças radicais. Os avanços na tecnologia e da ciência, o aumento da expectativa de vida da população e as demandas da sociedade por energias renováveis causaram impactos importantes na economia e nos negócios. Essas tendências vão determinar o ritmo do mercado de trabalho. A maioria das profissões terão que se adaptar às novas exigências e várias poderão desaparecer. Esse ajuste será mais rápido do que se imaginava no passado. Em 2020 – ou talvez até antes – o planeta viverá transformações significativas.
De acordo com a economista Renata Spers, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e coordenadora da pesquisa “Carreiras do futuro”, do Programa de Estudos do Futuro (Profuturo) da Fundação Instituto de Administração (FIA), quem não se preparar perderá espaço. “As pessoas já começam a perceber as novas formas de agir. Profissões não surgem por acaso. Há forças no ambiente que as empurram. E, na maioria das vezes, vêm de cima para baixo. As empresas exigem determinadas qualificações. Os que não se adaptam são dispensados”, explicou.
Para os próximos anos
Na pesquisa “Carreiras do futuro”, Renata Spers lista 20 novas e emergentes profissões. A inovação, para a maioria dos entrevistados (38%), será um fator cada vez mais crítico para a competitividade das empresas, com ênfase no desenvolvimento tecnológico, na educação continuada e no desenvolvimento de novos conhecimentos. “As áreas de biotecnologia, nanotecnologia, saúde e medicina serão especificamente promissoras. Exigirão cada vez mais profissionais capacitados para transformar as novidades e negócios em aplicações rentáveis.”
Entre as macrotendências identificadas pela pesquisa, a busca por qualidade de vida foi a prioridade para 26% dos entrevistados, seguida por preocupação com o meio ambiente (18%) e envelhecimento da população (12%). A consultoria britânica Sigma Scan vai além. Para 2025, a previsão é de que haja vagas para várias inusitadas funções, como guia turístico do espaço, lixólogo (ou gestor de resíduos), fiscal de mudanças climáticas e perito forense digital, entre outros. Para os especialistas, as profissões que tendem a desaparecer são caixa de banco, atendentes de telemarketing, metalúrgicos e recepcionistas. Serão substituídas por processos automatizados, inteligência artificial, atividades robóticas e recepcionistas virtuais, apontam.
No entender de Luís Testa, diretor de Pesquisa e Estratégia da Catho, o fundamental é que a sociedade entenda que a mudança é radical e para sempre e que todos teremos que estudar e nos atualizar durante a vida inteira. “Daqui pra frente, nada estará consolidado. Quando uma transformação acabar, virá outro desafio ainda maior. Não creio que as mudanças esperarão 2020”, afirmou.
ÁREAS QUE MAIS CONTRATARAM NOS ÚLTIMOS 12 MESES
Vigilância e transporte de valores - 24,05%
Indústria de equipamentos e entretenimento - 20,73%
Hotelaria e turismo - 14,17%
Agência de propaganda - 5,80%
Instituições de ensino médio e fundamental - 5,17%
Fontes: FEA-USP e Catho