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Estado de Minas COMÉRCIO EXTERIOR

Quem ganha e quem perde com a alta do dólar?

Ainda que a valorização da moeda frente ao real, que chega a 13,3% este ano, encareça custos, há quem ganhe com o câmbio


postado em 03/05/2015 07:00 / atualizado em 03/05/2015 08:28

Thales Martins comemora os bons negócios com a cachaça Famosinha de Minas: lucros em alta (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )
Thales Martins comemora os bons negócios com a cachaça Famosinha de Minas: lucros em alta (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )

Enquanto muitos estão mudando de planos e sentindo no bolso a alta do dólar frente ao real, outros estão, literalmente, rindo à toa com a moeda norte-americana chegando a patamares históricos. A turma saltitante é, em grande maioria, composta por empresas nacionais, que exportam para outros países e já registram aumentos de até 40% em seus faturamentos. Além de estarem se dando bem lá fora, mesmo importando matérias-primas ou insumos, elas conseguem ganhar mais colocando seus produtos no mercado internacional. Vale lembrar que o dólar, apesar de ter registrado altos e baixos nas últimas semanas, já valorizou 13,33% no ano, até 30 de maio. Na quinta-feira, a versão comercial da moeda fechou cotada a R$ 3,013 para venda.


De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), somente em janeiro, Minas Gerais exportou US$ 1 bilhão em produtos básicos, US$ 600 milhões em semimanufaturados e US$ 400 milhões em manufaturados. Porém, nem sempre, segundo comenta Daniela Brito, economista da entidade, as empresas que exportam são beneficiadas com a alta da moeda norte-americana. “É muito difícil dizer se aquele setor ganha mais ou menos com a valorização da moeda dos EUA. Em tese, aquele que exporta é o que vai mais ganha, porém, mesmo um produto exportado tem uma importação”, comenta a especialista.

É o caso da empresa de Thales de Paiva Martins, um dos sócios da Cachaça Artesanal Famosinha de Minas. Há 15 anos no mercado, a bebida sempre teve como público-alvo o mercado interno. No ano passado, a branquinha ficou entre os cinco melhores destilados do mundo, em um concurso em Bruxelas, na Bélgica. A partir daí, a empresa entrou no mercado internacional, vendendo para Austrália, Estados Unidos e Argentina. Com isso, segundo Thales, as exportações passaram a corresponder a 30% da produção e a margem de lucro da empresa foi aumentando. Agora, com a alta do dólar, cresceu 50%.

Com faturalmente de US$ 150 mil por ano, Thales confessa que todos os dias está de olho no câmbio e tem visto o momento como oportunidade. Porém, ele conta que as embalagens da cachaça para a exportação são importadas. “Por ano, gastamos cerca de U$$ 30 mil com as garrafas. Mas, mesmo assim, está valendo a pena. O nosso lucro real aumentou 50%, mesmo com as despesas com as importações.”

Outro empresário que sentiu positivamente a alta no bolso foi Marcelo Milagres, um dos sócios da Directa Piedras. Ele conta que há 15 anos a empresa trabalha com exportação de mármore, pedras naturais e sintéticas. Com a moeda passando dos R$ 3,00, ele diz que seu faturamento aumentou em 30%. Um dos mercados-alvo da empresa é os Estados Unidos e, segundo Marcelo, além da moeda estar valorizada diante o real, o mercado norte-americano voltou a ficar aquecido. “Eles estão investindo em reformas e mudanças nas casas. Meu lucro aumentou em 30%”, diz, satisfeito.

Marcelo Milagres revela que também importa mármore da Itália, Grécia e China para revenda no mercado interno. “O custo está mais caro para quem compra, porque, ao importa com o dólar alto, acabo repassando isso para o consumidor. Porém, o que compensa é que lá fora meus produtos estão mais competitivos. Se vendia uma peça a US$ 80 com o dólar a R$ 2,20, hoje vendo mais barato ao norte-americano e ganho em volume”, explica. Marcelo aposta que a alta do dólar não deve passar dos R$ 3,50. Mas da forma como está, já fica melhor para vender ao mercado externo.

AQUECIMENTO A Forno de Minas, por exemplo, importa peças para algumas máquinas da fábrica. No entanto, o impacto da alta do dólar nos custos é baixo diante do lucro que tem alcançado com as exportações. Há 10 anos no mercado internaional, tendo como principal cliente os EUA, a empresa atua hoje em sete países e aposta em um crescimento de 35% este ano. “O nosso faturamento já cresceu 40% com a alta do dólar. Cada vez que há variação da moeda, estamos ganhando mais”, comenta Gabriela Cioba, gerente de Exportação da Forno de Minas. Ela conta que 98% dos produtos que vão para fora são pães de queijo.

Segundo o diretor comercial da Forno de Minas, Vicente Camiloti, no mercado interno, com a alta nas taxas de energia e dos fretes, a empresa reajustou seus preços. “Mas ainda não sentimos retração significativa no consumo. Temos tido um crescimento de 28% mês a mês. Em relação a 2104, crescemos 38% e, para 2015, esperamos um crescimento de 40% no mercado interno”, diz.


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