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Estado de Minas

Preocupados com efeitos da crise, empresas e consumidores esperam medidas do governo

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Bruno Falci, defende que governo federal corte 'na própria carne' para estimular a economia


postado em 28/03/2015 06:00 / atualizado em 28/03/2015 08:49

Empresários e consumidores sentem no dia a dia os efeitos da retração da economia, que impôs um PIB fraco ao Brasil no ano passado, e testam estratégias para reagir à crise. O PIB per capita, que retrata o PIB dividido pela população, alcançou R$ 27.229 em valores correntes no ano passado, o que significa uma redução de 0,7% em termos reais, quer dizer, descontada a inflação, ante 2013, quando o indicador havia ficado 1,8% acima do de 2012. “Se o PIB cresceu 0,1% e a população cresce 0,8%, significa que o país está mais pobre”, disse Guilherme Veloso Leão, gerente de economia da Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O pífio resultado do PIB nacional é reflexo de vários dados negativos, como os investimentos, que recuaram 4,4% em 2014, no pior percentual desde 1999. Apenas a título de comparação, a evolução desse indicador havia sido de 6,1% em 2013.


“Em 2014, todas as atividades econômicas tiveram taxas de crescimento menores do que em 2013, com exceção da indústria extrativa (aumento de 8,7%)”, disse a coordenadora de Contas nacionais do IBGE, Rebeca, Pallis, durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro. Já Carlos Pastoriza, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), defende reformas urgentes para a economia brasileira voltar a crescer. “Se o ajuste fiscal é necessário, e acreditamos que seja, a pergunta que se faz é: será que ele só é viável às custas da sociedade e da indústria brasileiras? Será que não há outras formas não tão recessivas, que afetem menos a produção e o emprego? ”, desabafou.

O comércio também não se deu bem no ano passado: o desempenho da atividade ficou 1,8% menor. É o pior resultado desde 2009 (-2,4%), quando o país sofria efeitos da crise financeira internacional. “Comparado ao trimestre imediatamente anterior, o PIB da atividade comercial caiu pelo terceiro trimestre consecutivo, registrando variação negativa de 2,9%, no pior desempenho de todos os setores discriminados pelas contas nacionais”, afirmou o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Como a recuperação das vendas do salão de beleza gerenciado por Cristiano Souza não veio, a empresa apelou para as promoções(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
Como a recuperação das vendas do salão de beleza gerenciado por Cristiano Souza não veio, a empresa apelou para as promoções (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
Em Belo Horizonte, Cristiano Souza, gerente do salão Zion Beleza e Estética, instalado na Savassi, Zona Sul da cidade, observou queda no movimento de clientes. “Converso com colegas de outros salões e todos reclamam. Esperávamos que os serviços começassem a se recuperar a partir de março, pois em janeiro e em fevereiro há as tradicionais contas (IPTU, matrícula escolar etc), mas isso não ocorreu”. Uma das estratégias do salão para atrair a clientela é apostar em parcerias com empresas da região e promoções.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci, defende que o governo federal corte na própria carne para estimular a economia: “Já passou da hora do dever de casa ser feito. A economia brasileira não pode entrar em uma recessão ainda maior do que a vivida até o momento. Não há como termos um PIB com resultados melhores se não houver corte nos gastos públicos, investimentos produtivos, responsabilidade fiscal e reformas estruturais”. O executivo alerta que 2015 inspira cautela. E teme demissões em várias empresas.

Com alta dos preços, o bancário Marco Aurélio e a mulher, Karina, cortaram festas de aniversário e viagens (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )
Com alta dos preços, o bancário Marco Aurélio e a mulher, Karina, cortaram festas de aniversário e viagens (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press )
Outra preocupação é com a perda de fôlego do consumo das famílias. As taxas de crescimento diminuíram de 2,9% em 2013 para 0,9% no ano passado. O bancário Marco Aurélio Rabelo e a mulher Karina Kênia Saldanha sentiram a perda do poder de compra. Pais de dois jovens, Caio, de 14 anos, e Igor, de 12, eles contam que, no ano passado, tiveram puxar o freio das compras, “Paramos de dar festas de aniversários, de viajar para fora do país e até a troca de carro foi adiada”, comenta Marco. Ele destaca que as mudanças foram feitas em razão da alta dos preços e também das incertezas econômicas e políticas no Brasil “Os nossos hábitos também mudaram. Fazemos parte de um consórcio de viagem e temos crédito para viajar, porém, não podemos gastar com as despesas de um turismo”, disse.

PUXADORES As contribuições positivas para o PIB de 2014 foram dadas por dois setores: agropecuária (0,4%) e serviços (0,7%). Segundo o IBGE, o crescimento do primeiro segmento resultou do avanço das plantações de soja (5,8%) e de mandioca (8,8%), ainda que a produção tenha desacelerado. Na contramão, ainda de acordo com o instituto, caiu a produtividade da cana-de-açúcar (6,7%), do milho (2.2%), do café (7,3%) e da laranja (8,8%). No entanto, em outros índices, como os da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/Universidade de São Paulo (USP), o PIB do agronegócios cresceu 1,6% no ano passado. A renda do agronegócio brasileiro está estimada em R$ 1,178 bilhão.

A diferença entre as estimativas, de acordo com a coordenadora da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, está no fato de a pesquisa do IBGE levar em consideração a atividade nas fazendas, excluindo, a agroindústria. “Levamos em consideração desses insumos até distribuição. O IBGE não considera todas as partes da cadeia e, além disso, a nova metodologia usada pelo instituto para esse cálculo contribuiu para essa diferença”, comenta.


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