(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Crise faz classe média mudar hábitos para escapar da inflação

Atividades de lazer, saúde e outras relacionadas ao dia a dia são remanejadas ou encerradas


postado em 23/03/2015 06:00 / atualizado em 23/03/2015 07:35

O economista Ricardo Couto diz que a troca de marcas reduz gastos no supermercado(foto: Euler Junior/EM/D.A.Press)
O economista Ricardo Couto diz que a troca de marcas reduz gastos no supermercado (foto: Euler Junior/EM/D.A.Press)

Vale de tudo na hora de tentar driblar a pressão dos preços dos serviços, que, depois de completarem em 2014 uma década de alta superior à inflação oficial no país, continuam a despontar à frente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses até fevereiro, subiram 8,58% as despesas com serviços pessoais, de saúde, cursos, consertos e manutenção e pintura de veículos, segundo levantamento feito pelo Banco Central com base nos dados do IPCA. No mesmo período, aumentaram 9,66%, em média, os preços dos chamados serviços administrados ou monitorados, que incluem as tarifas de energia, combustíveis, planos de saúde e transporte público. A inflação oficial no país alcançou 7,70%.

O aperto impôs mudanças de hábitos à classe média, que, além dos ajustes na despensa e no guarda-roupa, reduziu a frequência no uso dos serviços dos salões de beleza, do lava a jato e da academia, entre outras despesas com lazer e educação. Segundo o professor de finanças da escola de administração e negócios Ibmec e diretor da Versus Quantitative Finance, Ricardo Couto, as classes A e B já vinham sofrendo com a inflação dos serviços há dois anos. Em razão da expansão do emprego, os salários encareceram, o que refletiu nos preços nos salões de beleza, lava a jatos e nas pequenas reformas e consertos em casa, entre outros itens.

“Os consumidores sofrem com a alta de preços tanto de serviços, quanto de produtos. A renda fica mais apertada e eles precisam diminuir o consumo. Por exemplo, quem lavava o carro e frequentava o salão uma vez por semana passou a fazer isso de 15 em 15 dias”, afirma. O cenário desfavorável da economia passou, de fato, a afetar a rotina de famílias como a da arquiteta Luciana Cardoso. Com três pessoas morando na casa dela e uma renda familiar de cerca de R$ 20 mil, os produtos considerados supérfluos começaram a ser cortados. Roupas e acessórios não fazem mais parte da lista de compras.

Além disso, Luciana trocou a academia em que fazia exercícios regularmente, passando a pagar na nova empresa escolhida menos da metade do gasto feito três meses atrás. “Antes, eu frequentava um local que me cobrava mais de R$ 400 pela mensalidade. Com a troca, passei a pagar R$ 170. Os benefícios são os mesmos”, observa. A arquiteta conta, ainda, que adiou tratamentos de beleza, tem substituído produtos mais caros, sem sacrificar a qualidade, mas reduzindo as contas no fim do mês. “Estamos inseguros quanto à situação econômica do país. A gente freia nos gastos, os clientes também e a economia não se movimenta. Já cancelei os planos de uma viagem que eu faria para a Europa em setembro”, completa.

Pesquisa Silvânia Araújo, economista do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), ressalta que as classes A e B estão mais blindadas frente à crise, quando comparadas à base da pirâmide social. Elas têm maior renda e podem optar por trocar produtos, sem abrir mão da qualidade. A economista destaca que os itens importados, viagens ao exterior, intercâmbios e serviços, como estética, salões de beleza, educação, planos de saúde, serviços médicos e odontológicos devem pesar com maior força no orçamento do topo da pirâmide. Com isso, os consumidores dessas faixas de renda podem vir a pesquisar mais antes de comprar. “Acredito que esse será um ano em que o consumidor ficará mais atento e vai haver maior concorrência por preço e qualidade entre empresas”, afirma.

A especialista lembra, ainda, que a inflação ameaça e assusta os brasileiros, e por isso, em 2015 a expectativa é de uma retração generalizada no consumo das famílias. “A busca da classe B, principalmente, será por produtos e serviços de qualidade e preço compatível.” Silvânia Araújo acredita que a retomada da atividade econômica virá a partir de 2016. Os critérios de renda no Brasil por classe social são variados e há estratificações. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a classe B tem renda familiar entre R$ 7.250 e R$ 14.499,99. A classe A é composta por família com ganhos a partir de R$ 14.500. A classe C oscila entre R$ 2.900 e R$ 7.249,99.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)