(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Brasil vive maior arrocho do crédito em 6 anos

Juro básico de 12,75% ao ano, definido pelo Banco Central, sobe pela quarta vez e só perde para taxa na crise de 2008


postado em 05/03/2015 06:00 / atualizado em 05/03/2015 07:10

O Banco Central (BC) mantém o ritmo de aperto nos juros básicos, que remuneram os títulos do governo no mercado financeiro e servem de referência para os empréstimos nos bancos e no comércio, a despeito da economia em marcha lenta. Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano. É o maior patamar desde dezembro de 2008, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, num cenário complicado pela crise financeira.

Esperada pelo mercado financeiro, a elevação deixa claro que o governo está mais preocupado com o comportamento da inflação, embora isso custe levar o Brasil para um campo ampliado de dificuldades para sair da retração. Com os reajustes de impostos e dos chamados preços administrados pelo o governo, a exemplo de combustíveis e da energia elétrica, a carestia vem batendo pesado na renda das famílias.

Na avaliação de analistas de bancos e corretores consultados pelo BC na pesquisa Focus, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial do país, deverá alcançar 7,47% até dezembro – maior nível desde 2004. O aumento da Selic foi o quarto consecutivo, na tentativa de controlar o crédito e conter o consumo. O outro lado da moeda é o indesejável encarecimento do crédito destinado a investimentos produtivos no país, que afeta as necessidades de crescimento do Brasil.

A reunião dos membros do Copom terminou com a divulgação da justificativa para o arrocho do crédito: “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a Selic em 0,50 p.p. (ponto percentual), para 12,75% a.a. (ano ano). Se antes mesmo de o BC decretar uma nova elevação da Selic os bancos já vinham pesando a mão sobre os empréstimos, agora, a situação tende a piorar.

Uma simulação feita pela Associação Nacional de Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac) mostra que, diante da nova elevação de 0,5 ponto percentual na Selic, as linhas de crédito mais usadas pelas famílias ficarão mais salgadas. O aperto maior será sentido por quem for financiar veículos utilizando o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que deve ficar até 2,33% mais caro. Na fatura do cartão de crédito, os encargos subirão para 259,81% ao ano – um recorde. Em média, a elevação nos juros, em seis linhas pesquisadas, será de 0,86% ao ano.

A elevação dos juros é desastrosa, para a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). “Se o ajuste fiscal e monetário for excessivamente rigoroso, além de toda pressão popular que o governo terá de enfrentar, a atividade econômica e, sobretudo, a indústria, vão sucumbir. A arrecadação também vai despencar, e o ajuste pode perder sua eficácia” afirmou o presidente da instituição, Olavo Machado Júnior.

A medida, no entanto, é vista com bons olhos pelo economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Caio Gonçalves, que prevê um efeito positivo na economia brasileira a médio e longo prazo. “Apesar de ter um caráter restritivo agora, alterando ainda mais o poder de compra do consumidor que sofre com a alta da inflação e do dólar, a medida pode controlar o aumento do dois indicadores”, comentou. A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad) avalia que a elevação da Selic é um processo que  prejudica mais os brasileiros.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)