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Estado de Minas ACORDO, MAS NEM TANTO

Depois de o governo anunciar acerto com manifestantes, bloqueios nas rodovias continuam

Ministro da Justiça ameaça motoristas com multa de até R$ 10 mil e 'caça' aos rebeldes


postado em 27/02/2015 06:00 / atualizado em 27/02/2015 07:16

Em Sinop, no Mato Grosso, o protesto foi mantido, apesar de a Justiça ter determinado liberação das vias(foto: Thiago Silva/Jornal A Folha de Sinop)
Em Sinop, no Mato Grosso, o protesto foi mantido, apesar de a Justiça ter determinado liberação das vias (foto: Thiago Silva/Jornal A Folha de Sinop)

Um dia depois de divulgar um acordo com sindicatos de motoristas e empresas de transporte para por fim à greve dos caminhoneiros, os bloqueios foram mantidos em Minas, no Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, apesar de a Justiça ter determinado a liberação das rodovias federais em 11 estados. No litoral paulista, os caminhoneiros voltaram a fechar os acessos ao porto de Santos, no quilômetro 64 da Rodovia Anchieta, pela manhã. No estado, o bloqueio nas estradas acabou apenas à tarde, quando o trecho da BR-050 entre Uberlândia e Araguari, no Triângulo, foi liberado pelos manifestantes, por volta das 15h. “O descrédito com o governo está tão forte que vou falar que é perigoso parar de novo. O frete está com preço ruim, os pedágios estão altos... A insatisfação está grande”, disse o presidente do Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros, José Natan, que não descartou novos protestos nas estradas. Com a continuidade do movimento, o governo federal mudou o tom das negociações com os manifestantes que bloqueiam rodovias por todo o país, colocou a Polícia Federal à caça das lideranças que incitam a continuidade dos protestos e ameaçou, com multas pesadas, os caminhoneiros que permanecem parados nas estradas.

Nessa quinta, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou as duras medidas, que incluem ainda o envio de efetivo da Força Nacional para ajudar a Polícia Rodoviária Federal (PRF), sobretudo nos estados onde estão concentrados os bloqueios, no Sul do país. O ministro afirmou que as negociações da véspera atenderam as reivindicações das lideranças presentes nas reuniões em Brasília, que aceitaram o acordo e pediram a paralisação dos protestos. Contudo, os bloqueios continuaram ontem. Segundo Cardozo houve uma diminuição substantiva. “No pico da quarta-feira, foram 119 pontos de bloqueios em 10 estados. Hoje (ontem) pela manhã, caiu para 97 pontos em sete estados, mais concentrados no Sul do país, onde os manifestantes insistem em permanecer”, disse.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo está fazendo todo o esforço para solucionar a greve. “Nós apresentamos, junto com várias lideranças que foram consultadas, um conjunto de propostas. Esse conjunto foi divulgado e a gente tem visto que tem tido recepção”, disse. O ministro da Justiça ressaltou, no entanto, que as propostas do governo só serão viabilizadas quando o movimento parar, o que ainda não ocorreu. “Como a manutenção do movimento é um claro desrespeito à lei, o Ministério da Justiça tomou algumas medidas. A PRF vai aplicar as multas previstas na legislação de trânsito aos caminhoneiros que estão obstruindo as vias públicas”, disse. Os relatórios da PRF serão usados pela Advocacia-Geral da União (AGU) para identificar os motoristas que bloquearam as rodovias e aplicar mais multas, essas de R$ 5 mil a R$ 10 mil por hora parado na rodovia. Os valores variam conforme a ordem judicial e as estradas do país.

Nas estrada
s As medidas do governo tem como alvo Ivar Luiz Schmidt, que se autointitulou líder do Comando Nacional do Transporte, o movimento dos caminhoneiros que parou as estradas do país. Schmidt tentou participar da reunião entre governo e representantes do setor de transporte ocorrida na tarde de quarta-feira no Ministério dos Transportes e foi barrado. Ele disse ser responsável por 100 pontos de bloqueio e não aceitou o acordo do governo. Schmidt alega que o movimento não é vinculado a nenhum sindicato ou confederação de trabalhadores e atribui o sucesso de sua mobilização ao Whatsapp. “Nós criamos um grupo e estamos em contato todo o tempo com os caminhões parados. Nenhum dos sindicatos e associações presentes na reunião nos representa”, contou.

Os estados do Sul concentraram os bloqueios ontem. No Paraná, houve um momento do dia em que 55 pontos estavam bloqueados. Em Santa Catarina, mais de 20. E no Rio Grande do Sul, os manifestantes interditaram 44 pontos, entre eles, a rodovia BR-116 na altura do município de Camaquã. Os bloqueios ocorreram a despeito de a última ação deferida pela Justiça valer para todas as rodovias federais da jurisdição de Porto Alegre, o que engloba 36 cidades, inclusive Camaquã. Além de desrespeitarem a lei, os protestos estão gerando prejuízos cada vez maiores para vários setores. De acordo com a Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC) as perdas já chegam a R$ 20,8 milhões por dia, em uma estimativa otimista.

MINAS Em algumas regiões do Centro-Oeste ainda sentem os efeitos da greve dos caminhoneiros. Em Divinópolis, por exemplo, falta etanol em alguns postos de combustíveis. “A situação deve ser normalizada hoje. Minha empresa está sem o combustível desde a manhã de segunda-feira”, lamentou Roberto Rocha, dono do posto Marreco e diretor do Minaspetro. Em Belo Horizonte, destaca o presidente da entidade, Carlos Guimarães, a greve não causou esse tipo de problema. A paralisação também havia afetado o abastecimento de hortifrutigranjeiros na Ceasa Minas no início da semana. Ontem, porém, a quantidade de mercadoria ofertada no entreposto subiu 58,5% quando comparada com a quinta-feira da semana anterior. Em razão disso, o preço médio das principais frutas e hortaliças no atacado recuou 3,9% no confronto com o dia anterior.


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