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Estado de Minas

Aluguel caro baixa portas de lojas em bairros nobres

Número de faixas de locação ou de oferta do ponto em imóveis aumenta nos corredores comerciais de BH. Encerramento de firmas cresce 14,6%


postado em 20/02/2015 06:00 / atualizado em 20/02/2015 07:22

Placas mostram loja para alugar e proprietário que quer transferir negócio na Avenida Prudente de Morais. Lá e nas avenidas dos Bandeirantes e Brasil, há mais de 30 imóveis nessa situação (foto: Euler Júnior/EM/D.A/Press)
Placas mostram loja para alugar e proprietário que quer transferir negócio na Avenida Prudente de Morais. Lá e nas avenidas dos Bandeirantes e Brasil, há mais de 30 imóveis nessa situação (foto: Euler Júnior/EM/D.A/Press)
O cenário desfavorável da economia brasileira tem levado o comércio a se preparar para um período mais complicado do que em 2014, quando o volume de vendas foi o menor dos últimos oito anos. Com juros, inflação e inadimplência mais altos, além de preços de aluguéis considerados exorbitantes, o resultado é o fechamento de lojas, comerciantes que tentam passar o ponto e imóveis que estão fechados há meses, disponíveis para locação em várias partes da cidade que eram tidas como referência para o comércio, como Avenida dos Bandeirantes, no Bairro Mangabeiras, Avenida Brasil, no Funcionários, e Avenida Prudente de Morais, no Cidade Jardim. O Estado de Minas percorreu as três avenidas e contabilizou mais de 30 estabelecimentos comerciais disponíveis para locação, além de outros com a faixa “Passo o ponto”.

Levantamento feito pela Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) com exclusividade para o EM aponta que em 2014 foram extintas 4.291 empresas em Belo Horizonte, 14,6% a mais do que em 2013. Somente em janeiro deste ano, 321 empresas encerraram suas atividades, 21 a mais do que em igual período do ano passado. O número de empresas criadas em janeiro de 2015 (577) é menor do que as que foram constituídas no mesmo período de 2014 (729). O levantamento inclui estabelecimentos comerciais, indústrias e setor de serviços.

Proprietária de uma loja na Avenida Bandeirantes, Andréa Linhares, chegou a ficar dois meses com o estabelecimento fechado, até conseguir negociar a renovação do contrato de aluguel com preço mais barato. O valor caiu de R$ 2,2 mil para R$ 1,8 mil, segundo ela, porque o proprietário do local percebeu que seria difícil conseguir um novo inquilino. “Fechamos a loja porque, com os valores que eu pagava, não conseguiria cobrir os custos da loja. As vendas caíram muito e não fazemos mais estoque como antes. O consumidores estão mais receosos, com medo de gastar”, afirma. A loja dela fica em um mini shopping na avenida e além do aluguel, os comerciantes pagam uma taxa de condomínio de cerca de R$ 1 mil. No local, há duas lojas fechadas com placas de aluga-se.

Placas mostram loja para alugar e proprietário que quer transferir negócio na Avenida Prudente de Morais. Lá e nas avenidas dos Bandeirantes e Brasil, há mais de 30 imóveis nessa situação(foto: Euler Júnior/EM/D.A/Press )
Placas mostram loja para alugar e proprietário que quer transferir negócio na Avenida Prudente de Morais. Lá e nas avenidas dos Bandeirantes e Brasil, há mais de 30 imóveis nessa situação (foto: Euler Júnior/EM/D.A/Press )
Na mesma avenida,um outro comerciante Pedro Cláudio Rocha, tenta repassar o ponto onde funcionava uma pizzaria. O local está fechado desde o fim do ano passado, no entanto, ele continua pagando para o proprietário aluguel mensal de R$ 15 mil, já que o contrato tem data para vencer apenas em 2016. “Tentei negociar o valor, mas não consegui. O movimento caiu muito e o preço do aluguel junto com as despesas fixas como água, luz e funcionários somava mais de R$ 20 mil. Não conseguimos cobrir isso”, afirma. Pedro conta ainda que apareceram poucas pessoas interessadas em assumir o ponto, mas elas desistiram quando souberam o valor do aluguel. “Na recessão que estamos, ninguém quer assumir um compromisso desses. Vamos tentar pagar a multa rescisória para terminar com o impasse e deixar de ter esse prejuízo mensal”, completou.

Custos e preços Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Bruno Falci, os principais motivos para o fechamento de empresas são o crédito mais caro para o consumidor , que assim deixa de comprar, valor do aluguel que passa pesar mais no orçamento do comerciante quando as vendas não vão bem, além da burocracia e da carga tributária elevada. “O aluguel passou a ficar caro para o comerciante. Se antes ele faturava R$ 100, hoje, com as vendas em baixa, ele fatura R$ 70. Então, ele não dá conta de pagar o mesmo aluguel que pagava há dois anos”, explica. As vendas do varejo em 2014 tiveram o pior desempenho, 2,08%, desde de 2007, em Belo Horizonte segundo levantamento da CDL-BH. Para 2015, a tendência é de um percentual ainda menor. A instituição prevê crescimento modesto dos negócios, entre 1% e 1,5%. Vale lembrar que há possibilidade de a estimativa ser revista para baixo nos próximos meses, como ocorreu no ano passado. Falci aconselha que os comerciantes negociem os preços dos aluguéis com os proprietários de forma que fique bom para os dois lados. “Ou os preços abaixam ou as lojas vão ficar fechadas”, completa.

O vice-presidente da CMI/Secovi-MG, Flávio Gallizze, afirma que está havendo uma oferta maior do que a demanda, mas mesmo assim, ainda é possível fazer bons contratos de aluguel. Segundo ele, a tendência agora é que os preços se estabilizem. A gerente comercial da imobiliária RC Nunes, Cláudia Leite, afirma que em algumas regiões o preço dos alugueis já foi reduzido na tentativa de desovar as lojas que estão fechadas. Ela confirma a teoria de que há muita oferta para pouca demanda, o que faz com que os locatários pechinchem no preço na hora de fazer o primeiro contrato ou até mesmo na renovação. Vantagens como 30 a 60 dias de isenção no primeiro aluguel são oferecidas como vantagens na hora de fechar o negócio. “Com a retração da economia, os clientes estão inseguros para montar ou investir em novos negócios. Lojas que antes eram alugadas por R$ 1,8 mil passaram para R$ 1,4 mil. Se não houver negociação, o cliente acaba encontrando outro ponto com preço mais em conta, então a saída do proprietário é negociar”, afirma.

IGP-M desacelera

A queda do preço do petróleo no mercado internacional e o recuo nos preços de grãos como soja e milho no atacado levaram o ndice? Geral de Preços - Mercado (IGP-M) a desacelerar na segunda prévia do mês. A inflação no varejo, porém, se manteve elevada. Embora alimentos e tarifas de eletricidade residencial tenham dado uma trégua, o aumento de impostos sobre a gasolina impediu que o alívio fosse maior no bolso dos consumidores. O IGP-M subiu 0,16% na leitura anunciada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Diante do dado abaixo da projeção, a consultoria Tendências refez as contas e agora espera uma alta de 0,22% no índice usado para reajustar a maioria dos contratos de aluguel. No atacado, os preços caíram 0,22%. Segundo a FGV, só a soja em grão recuou 7,71%. Também ficaram mais baratos o milho e os suínos (antes do abate).


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