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Estado de Minas

Escolas, luz, passagens e gasolina ficam mais caras em 2015

A inflação no primeiro trimestre deve passar dos 7%. E os economistas estimam que a carestia deverá romper o teto da meta (6,5%) na maioria dos meses do próximo ano


postado em 19/12/2014 06:00 / atualizado em 19/12/2014 07:21

Com as filhas Luciana e Isadora, a empresária Anamélia Alkimim prevê corte de despesas para absorver aumentos de preços (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Com as filhas Luciana e Isadora, a empresária Anamélia Alkimim prevê corte de despesas para absorver aumentos de preços (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

Os brasileiros devem se preparar. O fim de ano e o início de 2015 serão fartos de aumentos de preços. Já subiram as mensalidades e os materiais escolares e pesarão no orçamentos das famílias a energia elétrica, a gasolina, as passagens de ônibus, os seguros de carros. Tudo num momento em que os trabalhadores já sofrem para pagar os impostos tradicionais de começo de ano (IPVA e IPTU) e com a expectativa da recriação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), sobre a gasolina. A inflação no primeiro trimestre deve passar dos 7%. E os economistas estimam que a carestia deverá romper o teto da meta (6,5%) na maioria dos meses do próximo ano.


Adriana Molinari, analista da consultoria Tendências, prevê que o pico do acumulado em 12 meses se dará em fevereiro, com 7,18%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Janeiro não ficará muito atrás (7,11%) e, à partir de março recuará, até chegar a 6,33% em junho. Depois volta a subir e estoura o teto até novembro, fechando o ano com 6,4% em dezembro. Para Carlos Kawall, economista-chefe do Banco J. Safra, 2015 deverá fechar com o IPCA de 7,2%.

O professor de economia do Insper, Otto Nogami, afirmou que a partir do momento que o controle de preços é liberado, o mercado tem que se ajustar e isso sempre ocorre para cima. “Tanto que o Banco Central (BC) já tem percepção muito clara de que 2015 vai ser um ano complicado”, afirmou. Quanto ao aumento de energia, ele acrescentou que já há retenção de 24% e as empresas precisam fazer caixa, lembrando que a política econômica se voltou este ano, sobretudo, para segurar a inflação. Ele ainda avaliou que “se o BC não fizesse política intervencionista no câmbio”, o dólar estaria cotado a R$ 2,82.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual investimentos, concordou que a escalada de preços é puxada basicamente pela demanda, na qual o setor público tem peso de 23%. Mas, apesar da perspectiva de alta dos preços administrados pelo governo, os chamados preços livres acenam para um movimento de queda. “Em setembro, esse item estava em 7,2%. Mas, em novembro, registrava 6,7%”, ilustrou, lembrando que boa parte dos preços livres vem dos serviços, setor no qual o emprego perdeu vigor, com efeito sobre os salários pagos.

Perfeito teme, contudo, pelas consequências da crise hídrica no Sudeste, "que pode pressionar ainda mais para um racionamento de energia". Esse grave problema pode, na sua opinião, provocar uma inflação mais forte logo no primeiro trimestre. O excesso de chuvas no Centro-Oeste poderá, por sua vez, provocar quebra das safras de algodão e soja, segundo Nogami. À medida que a China passa a comprar produtos frigorificados do Brasil, a desvalorização cambial, pode levar produtores a dar preferência ao mercado externo. "Assim, os preços da carne vão subir no mercado interno", refletiu.

Natal  apertado
  A escalada da inflação já deixou consumidores revoltados e receosos, prometendo ter um Natal de lembrancinhas. A dentista Marta Fernandes, por exemplo, já se adiantou para comprar a lista de material escolar da filha. Ela disse que gastou mais de R$ 500 e ainda faltam os livros. “Só deu esse valor porque comprei os mais baratos”, reclamou.

A empresária Anamélia Alkimin afirma que já sentiu no bolso o aumento da mensalidade e do material escolar e com isso ressalta: “O Papai Noel vai estar mais magro este ano. Se no passado a árvore tinha 10 presentes de Natal, esse ano serão só três, além da ceia que também não terá tantos ingredientes como no último ano”. Só a matricula dos filhos na escola do ensino fundamental sofreu reajuste de 12%, além disso, ela terá despesas a mais com o aumento do salário mínimo e os custos fixos no início do ano com impostos e a conta de luz que também será reajustada. “O problema é que a gente ganha não acompanha esses índices inflacionários das despesas. No próximo ano vamos ter que cortar algumas despesas com lazer, já que as outras são fixas e nós não conseguimos diminuir”, lamenta.

O funcionário público Gustavo Henrique Sales está assustado com os preços dos itens da ceia natalina. “Carne, frango, refrigerante… Subiu tudo”, exclamou. Para aumentar sua preocupação, a escola dos dois filhos notificou reajustes nas mensalidades de 18%, sem contar taxas cobradas por fora. “Já tive que pagar uma parte este mês para segurar a vaga”, contou. O jeito, revelou, será parcelar o IPVA e o IPTU, contando com os aumentos de água e luz. A bióloga Lilian Dantas é outra que vai parcelar todas as contas de começo de ano. Ela também vai vender férias para fazer frente aos aumentos. Com uma filha de 9 anos, pagará R$ 300 de material escolar, sem contar mais R$ 800 em livros. Para conseguir preços melhores, Lilian participa de uma rede social com 15 mães, dedicada à pesquisa de preços para negociar descontos.

 

Reajuste extra na conta de luz

 

Simone Kafruni

Brasília – As distribuidoras de energia elétrica não se contentaram com o início do sistema de bandeiras tarifárias em 2015, anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que vai representar reajuste mensal nas contas de luz a partir de janeiro. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) informou ontem que a maioria das concessionárias do país vai entrar com pedido de revisão tarifária extraordinária, o que pode resultar em aumentos adicionais da fatura de eletricidade para os consumidores.

O reajuste mínimo das faturas dos brasileiros para cobrir os rombos do setor, que era de 24%, passará para 30% caso a solicitação das empresas seja acatada pela Aneel, segundo cálculos de especialistas. O presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, disse que o setor está com pendências de R$ 5,1 bilhões referentes a 2014 e que, para o ano que vem, os custos subirão devido ao encarecimento de 46% da energia da Usina de Itaipu, cujo preço é vinculado ao dólar, e à cota das distribuidoras para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

A Abradee defende a revisão tarifária extraordinária para cobrir os custos das associadas que ainda não estão sendo cobertos pela tarifa cobrada dos consumidores, como a compra de energia mais cara no mercado de curto prazo. Isso porque os recursos do segundo empréstimo de R$ 6,6 bilhões obtido junto aos bancos em agosto para cobrir as despesas de curto prazo terminaram em outubro.

“Faltaram R$ 2,1 bilhões para as obrigações que já venceram e ainda restam os pagamentos das contratações de novembro e dezembro, que serão quitadas em janeiro e fevereiro. Calculamos em mais R$ 3 bilhões. Portanto, são R$ 5,1 bilhões pendentes relativos a 2014”, destacou Leite.

O executivo alegou que já há a sinalização, tanto da Aneel quanto do próximo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que o Tesouro não fará mais aportes. “Está claro que viveremos um realismo tarifário, com a tendência de que os custos sejam totalmente repassados às tarifas”, defendeu. Leite, que se reuniu com diretores da Aneel esta semana, disse que terá novo encontro hoje, visando avançar nas negociações. Ele assinalou, ainda, que nenhuma empresa apresentou o pedido, mas que o farão, individualmente, até o início de janeiro.

“Os pedidos estão relacionados ao aumento de 46% da energia de Itaipu, no próximo ano, e ao custo de R$ 3 bilhões com geração térmica e compra de energia no mercado de curto prazo em novembro e dezembro”, reiterou. Na semana passada, contudo, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, havia afirmado que não via necessidade de reajustes extraordinários.

Na opinião do gerente de regulação da Safira Energia, Fabio Cúberos, se as distribuidoras forem atendidas, os cálculos que davam conta de um aumento de 24% nas tarifas em 2015 para cobrir o rombo do setor, vão saltar para, pelo menos, 30%. “O preço da energia de Itaipu é vinculado ao dólar e a variação cambial elevou o custo. Há também a questão de algumas distribuidoras que entrarão sem energia contratada para o primeiro semestre, uma vez que o último leilão estava com preço teto muito baixo e os agentes preferiram não vender. Só as estatais venderão energia”, explicou.


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