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Estado de Minas

Sacoleiros de todo o Brasil fazem compras para o Natal em BH

Sacoleiros e consumidores de todo o país aproveitam barracas de rua e polos do comércio para encher as sacolas para o Natal


postado em 14/12/2014 06:00 / atualizado em 14/12/2014 07:43

Flávia e o sobrinho Everton optaram pelo Barro Preto para fazer as compras de presentes(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Flávia e o sobrinho Everton optaram pelo Barro Preto para fazer as compras de presentes (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Moradora de Vitória (ES), a empresária Rita Oliveira organiza toda semana uma excursão de sua terra natal para Belo Horizonte: “O ônibus vem com 44 pessoas. Chegamos à capital mineira no sábado à noite e retornamos por volta das 13h de domingo. É um bate-volta”. O grupo, conta ela, passa a noite numa feira que funciona nas madrugadas de domingo, na Rua da Bahia. Assim que amanhece, todos vão para a Feira de Artes e Artesanato na Avenida Afonso Pena. “Cada pessoa, em média, compra R$ 3 mil em mercadorias para revender no Espírito Santo”, explica a organizadora, dona da Konexão Kapichaba.


Os passageiros do ônibus, portanto, deixam na capital mineira pelo menos R$ 132 mil em cada fim de semana. Assim como o grupo de Rita, uma multidão de turistas fomenta a economia de Belo Horizonte todos os fins de semana, sobretudo aos sábados e domingos do último bimestre de cada ano, quando os sacoleiros e clientes comuns aumentam o valor das compras em razão do Natal, a melhor data para o varejo da cidade. Neste ano, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) estima que o varejo movimentará cerca de R$ 3,2 bilhões – 3% a mais que em 2013.


Apesar da importância dos compradores forasteiros para a economia da cidade, nenhuma entidade ligada ao comércio tem estatísticas que mostrem a participação desse universo na receita do varejo local. A Belotur, empresa municipal de turismo, também não tem dados sobre a quantidade de turistas que visitam a cidade a cada ano.

O presidente da CDL-BH, Bruno Falci, contudo, destaca a importância desses compradores: “Esse potencial consumidor é extremamente importante para o desenvolvimento econômico de Belo Horizonte, pois se trata de um cliente profissional que, na maioria das vezes, vem à capital com a pré-disposição de adquirir um alto valor em mercadorias, movimentando assim as vendas do setor e contribuindo de forma direta com a geração de novos postos de emprego”.


Muitos lojistas, porém, garantem que a maioria de seus clientes não reside em BH. “Mais ou menos 60% de nossa clientela não mora em BH”, calcula Aline Alves Siqueira, subgerente da unidade da Vida Nua no Barro Preto, o polo de moda da capital. Boa parte dos compradores de lá é sacoleira do interior. As clientes se encantam com a moda passeio e de festa. “Esse vestido, por exemplo, negociamos a R$ 1,5 mil. Ele é bordado a mão e o forro é de cetim. As sacoleiras o revendem pelo dobro em suas cidades”, revela Aline, que faz questão de mostrar a peça, que é usada por Gabriela Sodré, uma manequim-viva que ganha a vida na loja.

Variedade

Tanto o Barro Preto quanto o Prado, outro bairro da capital reconhecido pela quantidade de confecções, movimentam muito dinheiro nas vendas a pessoas físicas. Uma delas é Flávia Aparecida da Silva Queiroz, supervisora de recursos humanos numa empresa em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana. Ela costuma fazer compras na capital em razão da variedade de produtos. No último fim de semana, Flávia percorreu várias lojas do Barro Preto atrás de presentes para toda a família. Entrou e saiu de diversos estabelecimentos. Pesquisou preços, comparou qualidade e, ao fim, voltou para casa com várias sacolas. “Desembolsei cerca de R$ 2 mil.” Ela foi ao local na companhia do sobrinho, Everton Hernani Silva.

O rapaz também mora em São Joaquim de Bicas e costuma frequentar a vida noturna na capital. “Gosto de ir às boates. A Savassi é uma região agradável.” É o que também acha Marco Aurélio Gibran, um engenheiro nascido em Três Corações, no Sul de Minas, e que atualmente mora em São Paulo. Ele visita a cidade em companhia da namorada, Laura Michelin. “A família dela mora em BH e, quando viemos aqui, passeamos pela Região da Pampulha e Savassi”, disse Marco, que no último fim de semana visitou alguns bares.


O economista Caio Gonçalves, da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), avalia que o setor é o mais beneficiado com o desembolso de quem visita a cidade. Por outro lado, ele destaca que os setores hoteleiro e de alimentação nem tanto. “A primeira coisa que tem de pensar é qual o motivo que leva o consumidor a visitar BH. Está relacionado ao mercado: uma diversidade de produtos e o maior número de lojas (em relação, sobretudo, às cidades no interior) fazem com que o mercado fique mais competitivo e atraia o cliente de fora. Nesse caso, ele está comparando o mercado de sua cidade com o da capital. Dado isso, o primeiro impacto que se tem é sobre o comércio. Para quem vem e fica algum tempo, pode ser que ocorra um impacto no setor hoteleiro e no de alimentação”, reforça Caio.


Mas muitos estrangeiros também visitam a cidade, como o casal de franceses Elyess Gaida e Charlotte Nerriere. Eles moram em São Paulo e são amigos dos namorados Marco Aurélio e Laura, que os convidaram para um passeio na cidade. Na bagagem, os estrangeiros levaram para casa uma goiabada cascão e xícaras de ferro. “Também esse coador de café, de pano e suporte de ferro”, mostrou Elyess.


O presidente da CDL aponta algumas vantagens de quem viaja de longe atrás das mercadorias negociadas na capital mineira: “A qualidade e o valor dos produtos, as facilidades de pagamento, a logística, a hospitalidade e o bom atendimento dos belo-horizontinos são alguns dos motivos que atraem esse perfil de cliente ao município”.


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