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Estado de Minas SEGUNDO MANDATO

Com indústria e comércio desaquecidos, PIB desafia nova equipe

Alterar quadro atual o Brasil e retomar confiança no país é a missão dos novos ministros da área econômica


postado em 23/11/2014 07:13

Motor da expansão da riqueza nos últimos anos, consumo das famílias dá mostras de esgotamento(foto: Túlio Santos / EM / D.A Press)
Motor da expansão da riqueza nos últimos anos, consumo das famílias dá mostras de esgotamento (foto: Túlio Santos / EM / D.A Press)

Brasília – A equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, que será formalmente anunciada esta semana, terá pela frente o desafio de reverter o colapso de confiança que abate empresários, investidores e famílias, e que jogou por terra o crescimento econômico. Não será uma tarefa fácil. Depois de três quedas em quatro trimestres, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) tende a ser igualmente pífio, conforme mostrará na sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A aposta dominante no mercado financeiro é que a atividade tenha se expandido apenas 0,1% no período de julho a setembro. Ainda pouco, portanto, para indicar uma retomada mais forte do crescimento. Mas, já suficiente para pelo menos tirar o país do quadro de recessão que se instalou na economia na primeira metade do ano.

Mais do que o número em si, o desafio da próxima equipe econômica será mostrar que fará o necessário para colocar o país nos trilhos do crescimento. Hoje, o quadro da economia é desolador. A indústria encolhe há cinco trimestres consecutivos. Ao mesmo tempo, o crédito rareou, o que dificulta a expansão do consumo, que vinha sendo, até então, o único pilar de sustentação do crescimento econômico.

Para piorar, a inflação mais elevada estrangulou o poder de compra dos brasileiros, o que tende a tornar ainda mais difícil a recuperação do crescimento. “O consumo das famílias não tem mais aquele fôlego de antes”, diz o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, que prevê que, no terceiro trimestre, o consumo das famílias tenha recuado 0,1%. Seria, portanto, a segunda queda em três trimestres, já que houve perda de 0,2%, no trimestre encerrado em março, e alta de 0,3%, no encerrado em junho.

Recessão
“Resumindo: no ano, o crescimento do consumo das famílias é zero. Significa que estamos estagnados”, reforça o economista. Rabi é enfático. Para ele, o modelo de crescimento baseado apenas no consumo já se esgotou. “Esse modelo só funciona quando você tem ociosidade na indústria e no mercado de trabalho. Então, ao estimular o consumo você consegue fazer com que a economia cresça para reocupar essa ociosidade”, diz. Boa parte dos economistas do setor privado defende um modelo de crescimento que foque no investimento e que produza ganhos de produtividade, sobretudo na indústria.

O setor produtivo está em recessão desde 2013 e já começou a demitir. Apenas a indústria de São Paulo já desligou 51 mil funcionários em 2014, o pior resultado desde 2006. Dos 22 setores industriais, 14 tiveram saldo negativo nas contratações. Mas, ainda pior do que olhar para trás é saber que o futuro tende a ser ainda mais preocupante, por uma razão simples. Se já não agradaram, os resultados da indústria tendem a ser ainda piores no futuro. Isso porque nos últimos anos o setor somente sobreviveu por causa dos sucessivos subsídios concedidos pelo governo para estimular a produção nas fábricas.

Mas, diante da piora generalizada das contas públicas, não há mais possibilidade de manter os subsídios, sob pena de os descalabros da política fiscal levarem o Brasil a ser rebaixado por uma das três agencias de classificação de risco, a partir de 2015. Por isso o governo já sinalizou às montadoras que deverá elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis a partir de janeiro. O objetivo é melhorar a arrecadação e garantir a recuperação do superavit primário, que desabou no ano.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 previa que o setor público consolidado (governos federal, estaduais, municipais e estatais, exceto Petrobras e Eletrobrás) economizasse R$ 99 bilhões para saldar os juros da dívida pública e fazer o superavit primário. Mas, diante do fracasso dos resultados obtidos no ano, a meta foi praticamente abandonada. Apenas em setembro, o saldo nas contas fiscais, mesmo sem contar os gastos com juros, foi um deficit de R$ 25 bilhões – o pior resultado desde 1997.

Inflação Mas, se a economia não é um forte do governo, o mesmo não se pode dizer dos gastos públicos, que aumentaram em larga escala, sob a justificativa que era preciso estimular o crescimento. No ano, o consumo do governo já avançou 2,1%, de acordo com dados do IBGE. Ocorre que a gastança de dinheiro público tem como resultado jogar ainda mais lenha na fogueira da inflação. Nos últimos 12 meses, até outubro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 6,59%, estourando pela quinta vez no ano o limite de tolerância da meta de inflação. Com isso, os produtos chegam até os brasileiros cada vez mais caros, o que impede o consumo e, por sua vez, inibe ainda mais o crescimento.

Ano perdido

O próprio governo parece crer que 2014 é um ano perdido para o crescimento. Prova disso é que, na sexta-feira, reduziu de 0,9% para 0,5% a previsão de expansão do PIB este ano. Não é só. Por mais que tenha traçado um quadro mais preocupante para a atividade, os números que constam no mais recente relatório bimestral de receitas e despesas ainda estão distantes da realidade. No mercado financeiro, é consenso que o país não conseguirá crescer acima de 0,2% até dezembro. Mas há analistas que projetam um desempenho ainda pior para a economia, de total estagnação. Mesmo para 2015, a situação ainda é desanimadora. “Nós prevemos que o PIB cresça no próximo ano próximo de 1%”, dispara o economista-chefe da LCA consultores, Bráulio Borges.


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