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Estado de Minas

Vale diminui custos sem cortar projetos

Mineradora reduziu até US$ 2 bi em gastos para preservar caixa e conter dívida, mas teve prejuízo de US$ 3,38 bi no trimestre


postado em 31/10/2014 00:12 / atualizado em 31/10/2014 07:44

A mineradora Vale manterá uma política de austeridade nos gastos e medidas de redução de custos para continuar investindo sem pressionar seu caixa e o nível de endividamento. O presidente da companhia, Murilo Ferreira, confirmou ontem que a estratégia possibilitará à empresa diminuir o orçamento dos investimentos em 2015, previstos anteriormente em US$ 12,5 bilhões, sem mudanças nos projetos. Isso já foi feito neste ano com um corte que deverá alcançar US$ 1,5 a US$ 2 bilhões do aporte anunciado de US$ 13,8 bilhões para 2014. “Continuaremos sendo muito prudentes na dívida da empresa”, disse o executivo, ao comentar os resultados do terceiro trimestre, quando a Vale acumulou prejuízo de R$ 3,38 bilhões, ante o lucro de R$ 7,95 bilhões apurado de julho a setembro do ano passado.

De abril a junho, a Vale lucrou R$ 3,18 bilhões. O prejuízo do terceiro trimestre foi atribuído aos efeitos na contabilidade da empresa provenientes da queda dos preços do minério de ferro no mercado internacional, carro-chefe de sua produção, de perdas decorrentes da desvalorização do real sobre o dólar e da variação cambial sobre suas dívidas. No campo operacional, a empresa registrou recordes na extração de ferro, cobre e níquel. No acumulado desde janeiro, o resultado fechou no azul, com lucro líquido de R$ 5,72 bilhões, embora quase 62% abaixo do verificado nos primeiros nove meses de 2013 (R$ 14,98 bilhões).

Por trás da cautela adotada pela mineradora está uma análise também conservadora do crescimento da economia mundial e a expectativa frustrada de que o caminho de recuperação dos preços do minério de ferro fosse mais curto. “A realidade é que a economia mundial está apresentando um comportamento muito mais fraco que poderíamos esperar”, afirmou o presidente da Vale. Murilo Ferreira destacou a crise enfrentada pela indústria alemã, a falta de vigor da economia francesa e o fato de a Coreia e a Indonésia não estarem crescendo no ritmo que vinham apresentando.

Cotações

A Vale havia estimado a manutenção dos preços da matéria-prima em US$ 100 por tonelada, mas o recuo das cotações, que baixaram da casa de US$ 80, alcança 40% desde 2009. A explicação, segundo o diretor-executivo de ferrosos e estratégia da mineradora, José Carlos Martins, está numa oferta que cresce acima das expectativas e na demanda mais fraca do que o imaginado. “A nossa previsão de preços era baseada na curva de custos, demanda maior e oferta menor. A bola de cristal está meio embaçada ultimamente”, afirmou Martins.

Com uma gestão austera, de acordo com o presidente da mineradora, a Vale obteve uma economia de despesas e custos de US$ 520 milhões de janeiro a setembro. Além do desembolso menor, houve redução de quase US$ 2,2 bilhões da dívida da companhia, desde 30 de junho. O endividamento líquido está em US$ 21,03 bilhões, com a maioria dos pagamentos previstos em 10 anos. O corte dos investimentos, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Luciano Siani, se deve à capacidade que a empresa ganhou para realizar os projetos previstos com menos recursos.

Ainda em relação aos aportes da companhia, Murilo Ferreira disse ter recebido “com alegria” a notícia de que a Vale poderá extrair ferro na Serra do Gandarela, na Região Central de Minas Gerais, onde planeja há anos a abertura da mina Apolo, com capacidade de produção de 24 milhões de toneladas anuais e recursos de R$ 4 bilhões. Decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff neste mês prevê a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, sem inviabilizar a mineração. Ferreira observou, no entanto, que só agora estudará os limites determinados para a atividade e, então, definirá o tamanho do projeto.


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