(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Sobe e desce do dólar testa poder de fogo do Banco Central

Apesar de a autoridade monetária dobrar as intervenções no câmbio, moeda dos EUA se mantém acima de R$ 2,40. No mês, valorização éde 7,85%. Instabilidade vai até as eleições


postado em 27/09/2014 06:00 / atualizado em 29/09/2014 13:16

Brasília –O sobe e desce do dólar está deixando o Banco Central aflito. Mesmo após a autoridade monetária ter duplicado as intervenções diárias no mercado, a moeda se mantém insistentemente acima de R$ 2,40. Ontem, a divisa registrou queda de 0,66% e fechou o dia em R$ 2,414, mas, ainda assim, continua em patamar elevado e não deve ceder até o fim das eleições. Em setembro, a valorização já alcança 7,85%. Para adicionar um pouco mais de volatilidade ao mercado, a revisão da expansão anualizada do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no segundo trimestre, de 4,2% para 4,6%, instigou novamente a ansiedade em relação à alta dos juros nos Estados Unidos.

Conforme os especialistas, tanto o câmbio quanto a Bolsa devem manter forte instabilidade até a eleição do próximo presidente da República. A impossibilidade de enxergar um rumo claro tem feito os investidores pisarem em ovos ao decidir sobre aplicações financeiras. “Nos dias anteriores ao primeiro turno, deveremos ter uma variação intensa. E essa volatilidade deve perdurar até o segundo turno, quando teremos a resposta final do mercado ao governo eleito”, opinou Ricardo Nogueira, superintendente de Operações da Corretora Souza Barros. Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 2,23%, impulsionada, sobretudo, pelas ações das estatais. A Petrobras chegou a subir mais de 5% durante o dia.

O cenário nos Estados Unidos, porém, pode fazer com que a desvalorização do real frente ao dólar, que já dura quatro semanas, se prolongue até o fim do ano. A expectativa do mercado é de que a divisa ultrapasse os R$ 2,50. Com os recentes indicadores de melhora da economia norte-americana, a alta nos juros naquele país pode ocorrer antes do previsto. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) já sinalizou que isso deve ocorrer no ano que vem — e no primeiro semestre, segundo acreditam analistas.

“Com isso, poderemos observar uma fuga de recursos de países emergentes para os EUA. Como o cenário lá é tido como mais seguro, os investidores vão voltar para os títulos do Tesouro norte-americano. Isso já está causando uma pressão no câmbio aqui, no Brasil”, explica Luiz Roberto Monteiro, da Corretora Renascença.

Temeroso com o impacto da alta na inflação, o Banco Central intensificou, na quinta-feira passada, a intervenção no mercado por meio de leilões de swap, operação equivalente à venda de moeda a prazo. A autoridade monetária passou a disponibilizar US$ 950 milhões em contratos no mercado futuro, ante os US$ 500 milhões até então ofertados. Apesar disso, o dólar comercial terminou o dia cotado a R$ 2,43, o maior valor em oito meses, antes de ceder um pouco, ontem.

O dólar comercial é utilizado em operações no mercado financeiro e no comércio exterior. Nas casas de câmbio, para o consumidor, a moeda estava sendo comercializada a uma média de R$ 2,54. Com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), pode chegar a R$ 2,60.

A escalada da divisa, que há um mês estava em R$ 2,264, definiu, segundo os especialistas, um novo patamar para a moeda. Há quatro semanas, o Banco Central trabalhava com um teto informal de R$ 2,30, ou seja, a autoridade monetária reagia de forma mais intensa quando a divisa ultrapassava esse valor . “Esse teto não existe mais, e, agora, estamos diante de um quadro muito incerto. A reação do BC mostra que o limite subiu para algo em torno de R$ 2,40”, afirma Monteiro

 

Crédito encolhe

 

Brasília – A estratégia do governo em liberar linhas de crédito por meio de depósitos compulsórios dos bancos não resultou em aumento de empréstimos às famílias. Diante da ameaça de que o baixo crescimento econômico do país resulte em aumento do desemprego, as instituições fecharam a torneira do crédito. Dados do Banco Central divulgados ontem mostram que as concessões de financiamentos caíram, em média, 2,2% em agosto, na comparação com julho. Não houve escapatória nem mesmo para as empresas, que viram a liberação de crédito encolher 0,4%.

Mas, pior mesmo foi para o consumidor, que viu as linhas de financiamento secarem, em média, 3,7%. Isso num mês em que o BC liberou os bancos a emprestarem cerca de R$ 50 bilhões por meio de depósitos compulsórios. A maior seletividade dos bancos coincidiu com uma menor disposição do consumidor em tomar novos empréstimos. Pesou para isso o endividamento elevado e persistente das famílias, que já engole 46% da renda doméstica, segundo dados divulgados também ontem pelo BC.

Juros caem Nem mesmo os juros em média 0,1% mais baixos em agosto, que recuaram após sete meses seguidos de alta, foram suficientes para convencer o brasileiro a tomar dinheiro emprestado. Resultado: o saldo das operações às pessoas físicas subiu apenas R$ 3,9 bilhões, uma alta de 0,5%. Em 12 meses, o avanço foi de 4,60%. “Se você descontar a inflação nesse período, significa dizer que o crédito está diminuindo, e não aumentando”, assinalou o economista-chefe da Boa Vista Serviços, Flávio Calife. Em 12 meses, até agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,51%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa média de juros no crédito livre caiu de 32,3% ao ano em julho para 32,2% ao ano em agosto. Para a pessoa física, a taxa média de juros no crédito livre passou de 43,2% ao ano para 43,1% ao ano, no mesmo período, enquanto para a pessoa jurídica, caiu de 23,1% ao ano para 22,8% ao ano. Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa subiu de 172,4% ao ano para 172,8% ao ano na mesma comparação.

Calote  A boa notícia ficou por conta da inadimplência, que permanece estagnada mesmo diante do quadro de aperto nos juros básicos. Entre abril de 2013 e o mesmo mês deste ano a taxa Selic subiu 3,75 pontos percentuais, da mínima histórica, 7,25% ao ano, para o patamar atual, 11%. Mesmo assim, o volume de calotes às pessoas físicas caiu desde então: de 7,5%, em abril de 2013, para 6,5%, em agosto deste ano.

Mas o próprio BC já sinalizou que a queda da inadimplência pode ter chegado ao fim, tendo em vista que o ciclo de aperto nos juros, implementado durante um ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), tem efeitos defasados na economia. Especialistas divergem quanto ao prazo com que os efeitos começam a aparecer. Mas, em geral, tem-se como consenso que cada oscilação na taxa de juros, para cima ou para baixo, tende a surtir efeito de seis a oito meses depois de toma da a decisão.

Tulio Maciel não quis precisar quanto durará até que a inadimplência comece a subir. Ele disse apenas, no entanto, que dados antecedentes do banco sinalizam um quadro “confortável” para o nível de calotes. “Os indicadores antecedentes estão sinalizando essa situação mais confortável”, reforçou. O técnico mencionou que, pelo menos pelos próximos dois meses, esse quadro tende a permanecer estável. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)