O avanço no preço das carnes é um dos pontos mais relevantes de pressão para justificar a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) entre a segunda e a terceira leituras do mês, de 0,43% para 0,47%. A avaliação foi feita nesta terça-feira, 23, pelo economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). "As principais fontes estão na pecuária", afirmou.
A despeito da alta menor que a esperada do grupo Alimentação na terceira quadrissemana do mês (últimos 30 dias terminados na segunda-feira), para 0,47%, contra previsão de 0,50% da FGV, Braz ressaltou que as carnes bovinas estão com elevação acentuada, de 2,96% ante 1,91% na segunda pesquisa, devido à restrição de oferta no mercado doméstico e à maior demanda externa.
Além da perspectiva de influência do aumento nos preços das carnes no IPC-S, o economista acredita que os alimentos in natura também ajudarão a elevar o índice à frente. A expectativa da FGV é que o IPC-S feche o mês em 0,50%, após 0,12% em agosto. "As hortaliças ainda estão em queda (de 6,32%) e ajudando a represar muito os aumentos de outros alimentos. Daqui a pouco essa âncora verde deve começar a sair do terreno negativo e, obviamente, a acelerar os preços do grupo Alimentação", explicou.
Braz ainda acrescentou que a inflação fora de casa é outra fonte de preocupação, já que permanece com taxa média relativamente alta, de 0,50%, e é um subgrupo mais persistente que não oscila tanto como o de in natura, exemplificou.
O grupo Habitação também foi outro a ajudar na intensificação da elevação do IPC-S na terceira medição, disse Braz. Esta classe de despesa passou de uma taxa de 0,46% na segunda quadrissemana para 0,51% na seguinte, devido à recuperação nos preços de energia elétrica (de 0,99% para 1,66%), contou. "Já o grupo Transportes teve alta marginal (de 0,28% para 0,29%), em virtude da flutuação nos preços da gasolina (de 0,46% para 0,66%). A variação do restante dos grupos praticamente não mudou", concluiu.