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Estado de Minas

Videolocadoras se reinventam para não perder a clientela

Lojas incrementam produtos e serviços para não perder clientes, enquanto número de aparelhos de DVD diminui nas residências


postado em 21/09/2014 06:00 / atualizado em 21/09/2014 07:32

Donos da Art Vídeo apostaram na antiguidade e na consultoria para atrais a clientela, principalmente quem busca lugar tranquilo para se distrair(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Donos da Art Vídeo apostaram na antiguidade e na consultoria para atrais a clientela, principalmente quem busca lugar tranquilo para se distrair (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Até o DVD já está sendo abandonado pelas famílias e, com isso, centenas de empresas fecham suas portas. Mais de 200 videolocadoras encerraram as atividades só na Grande Belo Horizonte nos últimos 10 anos e as que sobrevivem se reinventam para não perder a clientela. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de famílias brasileiras com o aparelho em casa recuou 4,4% entre 2012 e 2013.


“Atualmente, a Grande BH tem 85 locadoras ativas. Há 10 anos, esse número era de aproximadamente 300 lojas”, disse Thaís Guimarães, uma das fundadoras do Movimento Minas DVD Legal e gerente regional de vendas da Wmix Distribuidora, uma das principais empresas do planeta no setor, responsável por colocar nas prateleiras títulos de estúdios como Paramount, Universal, Fox, Imagem, Sony e Paris. As principais causas para o fechamento de tantas empresas são as vendas de DVDs piratas, os filmes baixados ilegalmente na internet, o aumento do acesso da população aos canais fechados etc.


Mas nem todas as videolocadoras se renderam à derrocada. Algumas empresas adotaram estratégias para enfrentar as turbulências tanto da economia nacional quanto do setor e colhem frutos. Na Dumont, fundada em 1987 e com quatro unidades na capital mineira, uma das formas foi mesclar as gôndolas de DVDs com alimentos e bebidas que acompanham um bom filme, como pipocas e chocolates. Até uma adega foi construída na loja da Avenida Afonso Pena, no Bairro Cruzeiro.
“Estamos sempre atualizando a parte de conveniência. É preciso ter diversidade, como adega, chocolateria, sorveteria, bebidas”, conta Armando Dumont. Mas essa não é a única medida adotada pela empresa para fidelizar a clientela. “Lugar de filme é na casa do cliente. Estamos preparando um projeto em que o cliente pagará uma mensalidade e poderá pegar quantos filmes desejar. Serão três tipos de pacotes, que devem ser lançados em novembro. Seis meses após implantarmos o projeto, acredito que o aumento no volume será em torno de 20%”, afirma o empresário.


A Dumont também foi a primeira videolocadora a manter as portas abertas 24 horas, outra estratégia para driblar a concorrência e fortalecer a marca. Outra aposta foi fazer parcerias com escolas: a empresa cede títulos gratuitamente para as instituições de ensino e, em troca, tem o nome divulgado no local, por exemplo, por meio de banners.
Primeira videolocadora de BH, a Companhia do Vídeo, que conta com oito unidades, aposta tanto no acervo diferenciado como em outras estratégias. “Uma delas é que o cliente é cliente da rede, e não de uma loja. Ele pode, por exemplo, pegar um filme numa unidade e entregar em outra. E isso funciona mesmo”, conta Juan Moreno, proprietário.

ANTIGUIDADE Na Art Video, fundada em 1993 e com uma loja na Savassi, um dos diferenciais adotados pela proprietária, Marlene Lisboa Rosa Almeida Gomes, foi apostar na antiguidade: “Uma parte (da empresa) é dedicada à antiguidade. Há radiola, vinis, balança, máquinas fotográficas”. Em comum, porém, todas as três locadoras têm um grande acervo e funcionários qualificados no atendimento ao público e na consultoria de títulos.


“É importante ressaltar que, desde o ano passado, o mercado de vídeo local registra uma estabilização e até mesmo crescimento no fluxo de clientes. Isso deve-se à postura inovadora de locadoras, que estão se readequando. Também é preciso destacar que a locadora é um espaço de interação que começa a ser revalorizado, inclusive como válvula de escape do isolamento que a internet acaba gerando. É uma experiência diferente escolher um filme, encontrar pessoas, trocar opiniões, ter uma consultoria personalizada”, acrescentou Thaís Guimarães, há 27 anos no ramo de distribuição de filmes.


Em Betim, na Hot Line Vídeo, uma das principais videolocadoras da Grande Belo Horizonte, fundada há mais de duas décadas, um dos diferenciais é a aposta no setor de educação. Lá, professores que usam os produtos nas salas de aula têm prazos diferenciados para devolver os títulos. “Também oferecemos descontos para esses professores. Nossa locadora é referência para as instituições de ensino”, conta João Paulo Martins, que trabalha no local e é pós-graduado em crítica de cinema. “Foram lançadas mais de 350 produções brasileiras em 2013. Acreditamos no mercado de cinema.”

 

Concorrência em casa

O avanço da internet e da televisão paga aumentaram a concorrência no mercado de locação de vídeos em razão, por exemplo, da comodidade, pois o cliente não precisa sair de casa para assistir a milhares de títulos. Uma das empresas que explora o mercado de locação de vídeos pela internet é a americana Netflix, cujo lucro no segundo trimestre deste ano foi de US$ 71 milhões. Em comunicado recente aos investidores, a companhia divulgou que sua receita subiu para US$ 1,34 bilhão.


No Brasil, a Netflix disponibiliza filmes e séries que podem ser assistidas on-line em aparelhos como PS3, Wii, Xbox 360 ou computadores, além das smart TVs. A empresa planeja expandir sua atuação na Europa, o que poderá aumentar seu mercado potencial para mais de 180 milhões de residências com banda larga.


As operadoras de TV a cabo também investem nesse mercado, como é o caso da Net, que oferece aos clientes o canal Now. Na prática, embora a empresa ofereça séries e filmes grátis aos assinantes, o canal é uma espécie de locadora, pois também exibe títulos mediante pagamento de diferentes preços.


Dependendo do plano, o cliente também pode assistir aos títulos no computador, tablet ou smartphone. Os valores dos filmes locados são cobrados na boleta da mensalidade da TV a cabo. Em julho passado, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a TV paga no Brasil (todas as empresas) teve 19,088 milhões de acessos.

 

Palavra de especialista

Thaís Guimarães, uma das fundadoras do Movimento Minas DVD Legal

“Faltam punições”

 

“Um dos problemas enfrentados pelas locadoras é a pirataria na internet, prática que no Brasil não incorre em punições. Em abril, foi aprovada a Lei 12.965/14, estabelecendo princípios, garantias e deveres para o uso da internet no Brasil. Essa lei, o marco civil, foi amplamente discutida por vários setores, sendo que diversas entidades ligadas aos direitos autorais propuseram que tal questão fosse contemplada de forma mais ampla, do mesmo modo que foi feito com a proteção de dados individuais. Mas isso não ocorreu. Apesar de ser uma lei inovadora em relação a muitos temas, o marco civil apresenta um retrocesso no tocante aos direitos autorais se comparado com o nível de proteção hoje praticado em vários países, onde os provedores são de alguma forma corresponsáveis pela fiscalização. As pessoas que baixam filmes na internet, normalmente, não dimensionam que estão afetando toda uma cadeia produtora e distribuidora de um bem cultural, que depende de retorno financeiro para sua continuidade.” 

 

 


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