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Estado de Minas DIA MUNDIAL SEM CARRO

Abandonar o carro pode ser bom para o bolso. Especialistas fazem o cálculo

Cada dia mais belo-horizontinos deixam de usar o veículo próprio para economizar e adotam transporte público, bike ou táxi


postado em 21/09/2014 07:00 / atualizado em 21/09/2014 07:44

Cristiano Scarpelli trocou o carro pela bicicleta e aprendeu a fazer tudo com ela, até supermercado(foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)
Cristiano Scarpelli trocou o carro pela bicicleta e aprendeu a fazer tudo com ela, até supermercado (foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)

Quantas vezes, nos últimos meses, você já pensou em abandonar o carro no meio da rua às 18h de uma sexta-feira em Belo Horizonte? Com uma frota de 1,6 milhão de veículos, a capital está chegando ao seu limite para uma turma que, em uma atitude considerada até mesmo radical, desligou o motor e largou o conforto dos carros particulares para se deslocar pela cidade de outras formas: a pé, de taxi, de bicicleta ou transporte público. Além de uma maior qualidade de vida, conforme muitos ressaltam, a mudança de hábito trouxe benefícios também para o bolso. O Estado de Minas fez os cálculos a partir de um Civic de R$ 59.104 (veja arte). Somando os gastos de R$ 20 mil por ano ao valor do veículo – que para especialistas deve entrar na conta por se tratar de um patrimônio –, a economia pode chegar a R$ 78,5 mil se o dono optar por usar o transporte público, por exemplo.


Amanhã é o Dia Mundial sem Carro e o EM foi atrás de pessoas que economizaram pisando no freio e, com ajuda de especialistas, calculou o quanto vale a pena se esquecer do possante, pelo menos, por um tempo. Há cinco anos, o gerente de marketing do Ponteio Lar Shopping e artista plástico Luiz Sternick fez as contas. Na época, com uma Mercedes ano 2009 na garagem e prestes a renovar a sua carteira de habilitação, ele conta que gastava, por mês, cerca de R$ 3 mil com manutenção, combustível, estacionamento e taxas. “Como sou artista plástico, viajo por muitos países durante o ano e, para ir ao aeroporto, deixava meu carro no estacionamento. Fora isso, ainda tinha a despesa com lava a jato, cerca de R$ 70 mensais. Coloquei a Mercedes na garagem e passei a ir ao trabalho usando o transporte público”, comenta.


Luiz mora no Sion e trabalha na BR-356, uma distância de aproximadamente três quilômetros. Passou a gastar cerca de R$ 6 por dia para ir e voltar do trabalho de ônibus. Diante disso, vendeu o carro e não renovou mais sua carteira de motorista. “Atualmente, passei a usar o Move e digo que estou economizando, praticamente, R$ 2,4 mil por mês.” A passagem do Move custa R$ 2,85 e Luiz diz chegar em três minutos ao trabalho. “Agora, não tenho que aturar flanelinhas. Quando preciso ir ao aeroporto, vou de conexão e, quando saio à noite, uso táxi ou um transporte para executivos.” Com o dinheiro economizado, investiu em três exposições de suas obras.


Atualmente, segundo destaca Ewerson Moraes, professor de finanças da Faculdade IBS/FGV, o belo-horizontino gasta, por mês, de R$ 1 mil a R$ 2,5 mil com o carro próprio. Nessa conta, entram a depreciação do veículo, de 15% a 20% ao ano, taxas como Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), seguro, revisão, higienização e combustível. Uma pessoa que resolve comprar um veículo popular ao preço de R$ 30 mil, por exemplo, segundo o especialista, perde de 10% a 20% por ano desse valor somente com a desvalorização. “Se ele usar esse valor aplicando em tesouro direto (programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas), por exemplo, ele vai ter uma valorização da grana de até 12%. Além de deixar de perder, você está valorizando seu dinheiro”, afirmou o especialista.


INVESTIMENTO
Se resolver, por exemplo, investir os R$ 2,5 mil que se gasta por mês com veículos, Ewerson calcula que, sem levar em consideração correções, em um ano, a pessoa terá R$ 30 mil no bolso, valor de um carro zero popular. Há oito anos, o funcionário público Osvaldo Roberto de Paulo, de 58, já sabe o quanto economiza evitando o carro. Ele percebeu que caminhando, além da qualidade de vida, chegava no horário e rendia seu dinheiro. Hoje, trabalhando na Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, Osvaldo sai de casa todos os dias no Bairro São Gabriel, anda três quilômetros e pega o metrô. Como compra o pacote de 10 passagens, gasta R$ 1,62 por dia. “Ao descer na Estação Vilarinho, pego o ônibus gratuito para a Cidade Administrativa.” Na volta, em vez de pegar novamente o metrô, ele para na Estação Vilarinho e vai para casa caminhando, por nove quilômetros. “Tenho meu carro, mas se viesse com ele, além do trânsito, gastaria cerca de R$ 10 por dia só com combustível. Além disso, tem o desgaste do veículo, já que o carro ficaria no sol enquanto trabalho. Não compensa.”


O servidor público Cristiano Scarpelli, de 34, também fez a mudança e colocou seu carro à venda. “Nas minhas contas, eu gastava de R$ 800 a R$ 1 mil por mês com o veículo. Sem ele, a minha expectativa é de economizar, pelo menos, metade disso.” Morando perto do trabalho, ele conta que optou pela bicicleta dobrável para fazer o que precisa pela cidade, inclusive, compras no supermercado. Há lojas em que a venda de bike urbana cresceu 40% em relação ao ano passado. “Com essa economia que pretendo fazer, ao abandonar o carro, vou aplicar e pagar a dívida do financiamento do meu imóvel”, revela Cristiano.

 

O valor da magrela

Uma bicicleta dobrável custa, em BH, entre R$ 1,2 mil e R$ 2,7 mil. Felipe Pascoal, vendedor da loja InterTrilhas, na Savassi, disse que a vantagem desse tipo é que, caso chova ou o ciclista não tenha onde parar, ela pode ser guardada dentro de uma mala. “Em comparação a 2013, as vendas de bikes cresceram 40% na loja. As pessoas estão largando os carros em busca de qualidade de vida e economia.” Ao optar por um transporte em duas rodas, uma bicicleta urbana custa entre R$ 1,1 mil até R$ 3 mil. “A manutenção é baixa. Trocar o freio, por exemplo, custa R$ 15. Um capacete custa, em média, R$ 120”, afirma Felipe. 


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