Telefónica anuncia a compra da GVT

Brasília – Numa operação de quase R$ 22 bilhões, a multinacional espanhola Telefónica anunciou nessa sexta-feira a compra da Global Village Telecom (GVT), subsidiária do grupo francês Vivendi que atua no Brasil com telefonia fixa e banda larga. Com a incorporação da GVT, a subsidiária da Telefônica Brasil, dona da Vivo, se consolida como maior grupo de telecomunicações do país. O acordo, segundo a compradora, vai gerar negócios combinados de, pelo menos, 4,7 bilhões de euros, cerca de R$ 14 bilhões.

Além de 12% do capital social da Telefônica Brasil após a sua integração com a GVT, o acerto inclui o pagamento em dinheiro de 4,66 bilhões de euros, cerca de R$ 14 bilhões. A Vivendi também aceitou a oferta da Telefónica para adquirir 1,1 bilhão de ações ordinárias da participação que a espanhola detém na Telecom Italia, dona da TIM no Brasil, que representa atualmente 8,3% do capital com direito a voto da italiana (equivalente a 5,7% do capital social) em troca de 4,5% do capital que a Vivendi receberá na sociedade resultante da aquisição da GVT pela Telefônica Brasil.

Em nota, a Vivendi detalhou que serão deduzidos do pagamento em dinheiro 450 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão) de uma dívida bancária e ajustes no capital de giro. “A Vivendi também vai receber 7,4% das ações da Telefônica Brasil, no valor de 2,02 bilhões de euros (cerca de R$ 6 bilhões) e 5,7% das ações da Telecom Italia no valor de 1,01 bilhão de euros (aproximadamente R$ 3 bilhões)”, informou a companhia. A Vivendi será responsável pelos impostos, inclusive sobre ganhos de capital, estimados em cerca de 500 milhões de euros (R$ 1,5 bilhão).

Com mais de 10,142 milhões de linhas fixas, quase 80 milhões de acessos móveis, 700,7 mil assinantes de televisão paga e 4,4 milhões de acessos de banda larga fixa, a Telefônica do Brasil, que já é líder em telefonia celular, com uma participação de mercado acima de 28% da Vivo, vai ampliar seu poderio nas telecomunicações do país. Com a aquisição da GVT, vai incorporar 10,4 milhões de acessos de banda larga e ganhar mais 2,7 milhões de clientes.

“A nova Telefônica Brasil, após a aquisição da GVT, consolidará sua liderança como operadora integrada de comunicação no país, líder em receitas e rentabilidade e com perfil de cliente de alto valor”, afirmou a companhia, que deve financiar a operação por meio da ampliação do capital da Telefônica Brasil. Apesar de o acordo ter sido anunciado ontem, a implementação da operação está sujeita à obtenção das autorizações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anate). Sobre a negociação, a agência reguladora disse apenas que “só se manifestará no momento processualmente adequado”. O Cade também aguarda o comunicado oficial para se pronunciar. A previsão das teles, contudo, é que o fechamento da transação deverá ocorrer antes do fim do primeiro semestre de 2015.

Segundo especialistas, o negócio é bom para a Telefônica Brasil, não só porque vai tornar o grupo o maior do país, mas também porque sua holding espanhola conseguiu se desvencilhar das ações da Telecom Italia, uma determinação feita pelo Cade ainda no ano passado por conta da sua participação acionária em duas empresas (TIM e Vivo) que são concorrentes no país.