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Estado de Minas

Decisão do banco central dos EUA pressiona Brasil

Reunião do Fed aponta para correção das taxas em 2015. No país, temor é por alta no câmbio e fuga de investimentos


postado em 18/09/2014 06:00 / atualizado em 18/09/2014 07:13

Brasília – O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deu os primeiros passos em direção ao aumento de juros. Ontem, a instituição anunciou a redução de US$ 10 bilhões na compra de ativos a partir de outubro, um encaminhamento já para o fim do programa. Além disso, o índice de desemprego na maior economia do planeta chega próximo aos 6%, um sinal claro de franca recuperação. Tanto que, em reunião, 14 dos 16 membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) informaram vislumbrar uma alta nos juros em 2015, ante a 12 no último encontro com essa perspectiva.

Apesar de ter reafirmado a promessa de manter os juros baixos, no atual patamar entre 0% e 0,25%, por um “horizonte relevante”, o Fed fez novas projeções para os anos seguintes. A tendência é de que a taxa suba para 1,375% em 2015, 2,875% em 2016 e chegue a 3,75% em 2017. A situação mexe com a economia mundial, sobretudo a dos países emergentes, que podem assistir a uma debandada dos investidores em direção aos EUA, considerado mais seguro para as aplicações, e alta no câmbio.

Desde a crise financeira global, autoridade monetária norte-americana tem mantido a taxa básica de juros próxima de zero. Além disso, quadruplicou o balanço patrimonial por meio do programa de compra de ativos. Hoje, o balanço é de US$ 4,4 trilhões. O retorno da taxa de juros e o fim do processo de estímulos estão vinculados à diminuição da taxa de desemprego, à inflação e outros indicadores.

Em comunicado, o Fed afirma que “no geral, as condições do mercado de trabalho melhoraram um pouco mais”. Porém, “a taxa de desemprego ficou quase inalterada e vários indicadores sugerem que existe uma significativa folga no mercado de trabalho”. “Eu diria que há um movimento de alta (na taxa de juro básica) relativamente pequeno”, comentou Janert Yellen, presidente do Fed. “Vejo isso como amplamente em linha com o que esperaria com uma pequena redução no ritmo do desemprego e uma muito sutil mudança para cima na projeção de inflação”, acrescentou.

CONTÁGIO Na avaliação dos especialistas, o descontrole da economia brasileira pode ampliar o efeito da alta dos juros. “Caso a política econômica estivesse sendo administrada de uma maneira prudente, a prosperidade norte-americana poderia contagiar o Brasil, com aumento das exportações e maior oportunidade para negócios. Mas a economia não está equilibrada e o país pode perder financiamentos de forma considerável”, analisou o ex-diretor do Banco Central (BC), Carlos Eduardo de Freitas, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF).

Para o economista chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o também ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o mercado já está se protegendo, o que pode evitar um efeito mais acentuado sobre a economia brasileira. “Ainda é cedo para termos uma ideia dos impactos porque, apesar de tudo levar a crer que as taxas vão subir no ano que vem, isso deve ocorrer num ambiente moderado”, disse. “Um impacto maior no Brasil só vai se dar se houver um certo desequilíbrio no mercado. Mas os investidores já estão precificando esse aumento para 2015.”

O receio do governo é que a desvalorização do real, verificada nos últimos dias, afete ainda mais a inflação, que já bate o teto, de 6,5%, da meta anual em 12 meses e não dá sinais de trégua. Um aumento do dólar afeta o valor dos importados, do combustível e, consequentemente, dos transportes. Dessa forma, influencia também a taxa básica de juros (Selic).


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