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Estado de Minas

Supermercado mais perto e mais barato é o preferido pelo consumidor em BH

Pesquisa mostra que consumidores de Belo Horizonte estão mais seletivos na hora de escolher o supermercado. Em época de inflação em alta, proximidade e preços baixos, ganham pontos


postado em 02/09/2014 06:00 / atualizado em 02/09/2014 07:24

Maitê Miranda passou a utilizar apenas o cartão de débito para evitar problemas com juros (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Maitê Miranda passou a utilizar apenas o cartão de débito para evitar problemas com juros (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
O cenário macroecônomico adverso está modificando o perfil do consumidor. Com o crédito caro, taxa de juros em alta e a inflação devorando o salário, para fechar o mês no azul as famílias estão mais seletivas. O consumidor está escolhendo com atenção o que coloca no carrinho do supermercado, voltou a seguir com mais rigor a lista preparada em casa, reduzindo as compras por impulso. Levantamento do site Mercado Mineiro aponta que para mais de 73% dos entrevistados, a escolha do supermercado é mais motivada pela localização e pelos preços e menos pelo mix de produtos. Já pesquisa, da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), que tenta desvendar o perfil do consumidor adimplente em épocas de endividamento recorde das famílias, revela que para manter as contas em dia boa parte da população está preferindo pagar à vista e ter apenas um cartão de crédito.

Em julho, o faturamento do setor supermercadista encolheu 0,14% no estado em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de projetar expansão de 2,5% no fechamento do ano, acima do crescimento do país, as redes já percebem as mudanças no comportamento dos clientes. “Nesse momento, a dona de casa está mais seletiva, comparando mais preços e marcas. As compras são mais reflexivas e menos impulsivas”, avalia Adilson Rodrigues, superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis).

Wagner Rocha, que vai diariamente a lojas da região de sua casa, fica de olho nas ofertas (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Wagner Rocha, que vai diariamente a lojas da região de sua casa, fica de olho nas ofertas (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
A Associação Brasileira de Marcas Próprias (Abmapro) informa que de março a agosto o resultado do segmento foi 5% acima do esperado. Segundo Neide Montesano, presidente da associação, com a pressão do custo de vida há uma migração do consumidor para as marcas próprias, que podem chegar a custar até 20% menos. “No fechamento do ano esperamos crescimento de 20% no faturamento, quando o previsto inicialmente era um avanço de 12%”, aponta Montesano. De acordo com ela, com custo de produção menor, no que diz respeito a investimentos em marketing por exemplo, o setor consegue baratear o custo, estratégia que cativa o consumidor ainda com mais força em épocas de orçamento apertado.

A estudante Rebeca Vicente, de 21 anos, divide o apartamento com uma amiga. As despesas de casa são compartilhadas e as compras no supermercado são feitas semanalmente. “Procuro conciliar as duas coisas: preço e localização. Moro no Centro e aqui tem muitas opções”, afirma. Rebeca revela ainda que as compras ficam em torno de R$ 60 por semana e que ela sempre paga à vista. “Procuro os produtos mais baratos e se está mais caro que o de costume, substituo por outra coisa. Não gosto de usar o cartão de crédito e acumular prestações. A fatura vem sempre com valores acima do que esperamos”, completou.

Rebeca Vicente prefere pagar as compras à vista e sempre substitui as marcas mais caras (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Rebeca Vicente prefere pagar as compras à vista e sempre substitui as marcas mais caras (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
O levantamento do Mercado Mineiro com 1.571 consumidores aponta que para 39% deles a localização é o primeiro item considerado na escolha do supermercado, seguida pelo preço, que fica com 34,4%. As promoções vêm em terceiro lugar, motivando a escolha de 8,3% dos consumidores. O aposentado Wagner José Maia Rocha, de 85, também prefere os estabelecimentos que estão próximos de sua residência. Segundo ele, as compras são feitas quase que diariamente, sempre optando pelos produtos mais baratos. “Sempre procuro o supermercado mais em conta quando vou fazer compras maiores”, ressalta.

Maida Sales, gerente de marketing da rede Super Nosso, com 16 lojas na Grande BH e Apoio Mineiro com 11 unidades, ressalta que o cliente está mais criterioso, levando sua lista de compras, mas não deixou de comprar “A última coisa que o consumidor abre mão é da alimentação. Ele prefere cortar em lazer, por exemplo.”

Controle de contas

A taxa da inadimplência acumulada de janeiro a julho na capital chegou a 5,06%, segundo a CDL-BH. O percentual está acima do apurado no mesmo período do ano passado, de 4,4%. Pesquisa sobre o perfil dos adimplentes aponta que a maioria tem acima de 40 anos, conta com renda até quatro salários mínimos, prefere pagar a vista e tem apenas um cartão de crédito e divide despesas com outros membros da família. A pesquisa ainda aponta que 53,8% não têm reservas. “Os adimplentes estão mais cautelosos ao consumir. A maioria paga as contas em dia, mas não consegue fazer poupança porque a inflação está corroendo o salário”, observa Ana Paula Bastos, economista da CDL/BH. Ela ressalta que a dívida do consumidor adimplente está ligada à prestação da casa própria e do automóvel. “São as consideradas dívidas boas.”

A consumidora Maitê Miranda é autônoma e faz parte da fatia de consumidores que mantém as contas em dia. Ela prefere pagar todas as compras à vista, mesmo tendo cartões de crédito disponíveis. Maitê e o marido cortaram o cartão de crédito há dois anos, passando a utilizar apenas o de débito. Com isso, ela conseguiu economizar parte do salário que antes era utilizado apenas para o pagamentos das faturas do cartão. “Enquanto usávamos o crédito só conseguíamos fazer para pagar os juros. Hoje, estamos com as finanças controladas, compramos um consórcio para juntarmos dinheiro”, conta Maitê. A consumidora faz parte dos 25% dos adimplentes que, segundo pesquisa da CDL, consegue ter alguma poupança. “Todos os meses tentamos guardar pelo menos 10% da renda da família para situações de emergência.”


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