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Estado de Minas

Raul Velloso: contas públicas serão 'heranças malditas'


postado em 31/08/2014 16:07 / atualizado em 31/08/2014 16:30

Os números fiscais do setor público consolidado apresentaram uma piora em julho, distanciando-se da meta de arrecadação e gastos do governo, avaliou Raul Velloso, especialista em contas públicas. "Se não acontecer alguma guinada na direção de algum ajuste nos próximos meses, vamos ter um resultado primário muito ruim neste ano", disse.

Segundo os números do Banco Central, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 4,715 bilhões em julho. Esse é o pior resultado para o mês desde o início da série histórica iniciada em dezembro de 2001 e a primeira vez que o saldo fica negativo em julho. O setor público consolidado envolve o Governo Central, as contas de Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras. As projeções de economistas consultados pelo AE Projeções iam de um déficit de R$ 2,9 bilhões a um superávit de R$ 2 bilhões.

Velloso ressaltou que a situação das contas públicas está pior do que no mês anterior. Ele lembrou que o governo havia programado um crescimento real em torno de 6% nas receitas e de 4% nos gastos. "Em julho há uma situação de distanciamento dessas metas", disse, ressaltando que os números estão muito abaixo das expectativas.

O especialista avaliou os números como muito ruim e disse que essa será "uma das heranças malditas que vão ser deixadas para o próximo governo, seja ele qual for". Velloso lembrou que o governo está adiando os gastos e, mesmo assim, o número está muito acima daquele previsto no início do ano.

A expectativa de Velloso é de que a meta de superávit primário de 1,9% do PIB neste ano não vai ser cumprida e, agora, as atenções devem se voltar para as eleições. "Se o próximo governo não der sinais rápidos de como lidar com as contas públicas, pode haver um clima de expectativa muito ruim no exterior, correndo o risco de as agências de classificação de risco trazerem algum tipo de reação contrária."

Essa sinalização deve ocorrer assim que se tornar mais clara a vitória de algum candidato. No entanto, ele lembrou que há incertezas quanto às promessas do atual governo da presidente Dilma Rousseff porque "a credibilidade da gestão da política fiscal está muito abalada no Brasil". Em um primeiro momento, a oposição teria mais credibilidade para retomar a confiança, pois sempre há uma expectativa inicial de mudança influenciada pelo desconhecimento das reais intenções dos candidatos, disse.

Para o próximo governo, mais que um ajuste rápido nas contas públicas, é preciso de um programa crível no médio prazo, afirmou. Isso porque há muitos gastos já programados para o próximo ano, somados a uma expectativa de crescimento econômico fraco, o que torna difícil um ajuste rápido. "A questão da credibilidade é mais importante que a velocidade", acrescentou.


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