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Estado de Minas

Argentina não consegue consenso com os fundos especulativos

Agência de risco declarou o default do país após falta de acordo sobre a dívida


postado em 31/07/2014 06:00 / atualizado em 31/07/2014 07:27

"Vamos pagar os que têm bônus em default, mas sob condições razoáveis, não sob condições extorsivas, sob pressão, sob ameaça", disse Axel Kicillof, ministro da Argentina, durante seu pronunciamento no consulado do país em Nova York
Nova York – Mesmo contra a vontade, a Argentina está em calote. Não houve acordo dos representantes do país vizinho com os responsáveis pelos fundos especulativos, que estavam em árdua disputa em torno da dívida soberana. O mediador informou a omissão do pagamento, mas o ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, que enfrentou dois dias de discussões em Nova York, não reconheceu o calote. Além da falta do acordo, houve a declaração de um “default seletivo” pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s.

“Tentavam nos impor algo que era ilegal. A intenção era forçar uma situação ilegal. A Argentina está disposta a dialogar, a chegar a um consenso. Vamos buscar uma solução justa, equitativa e legal para 100% de nossos credores”, disse Kicillof, ao se referir às negociações pela sentença de um juiz federal americano a favor dos fundos especulativos.

A Standard & Poor’s (S&P) declarou a Argentina em “default seletivo” mesmo antes do término do prazo final para o acordo, à meia noite de ontem. A Argentina tinha que pagar US$ 539 milhões aos credores que possuem bônus reestruturados nas trocas de 2005 e 2010. Esse dinheiro foi enviado pela Argentina a Nova York, mas bloqueado pelo juiz Thomas Griesa até que a sentença fosse cumprida.

A declaração da S&P foi dada quando ainda não tinham terminado as negociações em Nova York, entre o governo argentino e os fundos especulativos, chamados de abutres, que exigem US$ 1,33 bilhão por bônus não pagos de 2001, de acordo com a decisão de Griesa.

“Vamos pagar os que têm bônus em default, mas sob condições razoáveis, não sob condições extorsivas, sob pressão, sob ameaça”, insistiu Kicillof, ressaltando que a Argentina defenderá as “bem-sucedidas” trocas de sua dívida soberana, aceitas por 92,4% dos detentores dos títulos com remunerações de até 70% do valor nominal dos títulos em default em 2001.

Demonstrações de apoio à presidente Cristina Fernandéz de Kirsner (CFK) foram vistas ontem nas ruas de Buenos Aires (foto: REUTERS/Marcos Brindicci )
Demonstrações de apoio à presidente Cristina Fernandéz de Kirsner (CFK) foram vistas ontem nas ruas de Buenos Aires (foto: REUTERS/Marcos Brindicci )

Risco


A Standard & Poor’s, que analisa riscos de potenciais calotes de títulos, rebaixou a nota da Argentina no fim da tarde de ontem. A nota de risco da Argentina caiu de CCC- para SD (default seletivo). A notícia foi divulgada enquanto Kicillof ainda estava reunido com o negociador apontado pela Justiça dos EUA para um acordo, com representantes do fundo de investimentos NML e com representantes dos bancos privados argentinos, que fizeram uma proposta para intermediar uma solução

Antes do rebaixamento da S&P, no mercado financeiro os ativos atrelados à negociação da dívida tiveram altas. Foi o caso da cotação dos títulos que poderiam entrar em default: passaram a valer 10,7% a mais. O principal índice da Bolsa de Buenos Aires, o Merval, subiu 6,94%.

Apesar de o governo ter depositado o dinheiro, a Justiça dos EUA congelou o pagamento, pois determinou que a Argentina só poderia honrar sua dívida com os credores que já vinham recebendo caso pagasse ao NML, dono de títulos que valem US$ 1,3 bilhão que não estão sendo pagos desde 2001.

Proposta

Um representante da associação de bancos privados argentinos viajou de Buenos Aires a Nova York na noite de terça. Uma das propostas para o fim da crise é que as entidades financeiras da Argentina comprem os títulos do NML por US$ 1,2 bilhão. Os bancos esperariam até janeiro para cobrar, recebendo novos títulos de dívida do país

Segundo os jornais do país, a negociação teria começado com a proposta, por parte dos bancos, de comprar uma parte dos títulos que estão em default desde 2001, mas no fim do dia teria ficado acordado que levariam tudo.

O presidente da associação dos bancos privados da Argentina, Jorge Brito, teria dito aos outros banqueiros que o governo, por meio do Banco Central, dá o aval para a operação. Os bancos têm um montante de dinheiro que não rende juros. Sairia daí a verba para comprar a dívida dos fundos. Em troca, o NML e os outros fundos que venceram a Argentina na Justiça dos EUA solicitariam a suspensão da execução da sentença pelo juiz Griesa. A sentença determina que a Argentina pague US$ 1,3 bilhão aos fundos litigantes simultaneamente ao pagamento da parcela dos reestruturados, que venceu ontem.

Com a suspensão da execução da sentença, a Argentina poderia completar a transferência aos fundos reestruturados – congelada por Griesa –, fazendo com que os US$ 539 milhões parados no Bank of New York Mellon cheguem aos detentores dos títulos que não estão em default, evitando um calote do país. Mas não foi o que ocorreu.


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