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Estado de Minas A ORIGEM DAS MINAS GERAIS

Picadas das tropas deram origem à rodovia por onde circulam 40% da economia de Minas


postado em 28/07/2014 06:00 / atualizado em 28/07/2014 07:39

Fernão Dias também é lembrado às margens da estrada que leva seu nome, a 392 quilômetros de BH (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Fernão Dias também é lembrado às margens da estrada que leva seu nome, a 392 quilômetros de BH (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )

Pouso Alegre
– Motoristas e passageiros que percorrem o trecho da BR-381 em Pouso Alegre, no Sul de Minas, se deparam com uma estátua em concreto com mais de 10 metros de altura. É a imagem de Fernão Dias. Na mão esquerda uma espada, um dos símbolos da força. Já a direita é usada para sombrear o rosto, enquanto os olhos de cimento parecem enxergar, ao longe, o movimento da estrada batizada em homenagem ao bandeirante. A expedição de 1674 abriu picadas cujos traçados inspiraram corredores viários, como o trecho da 381 de São Paulo a Belo Horizonte, com 562 quilômetros de extensão.

A rodovia transporta, todos os anos, parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Por ela, diariamente, passam cerca de 200 mil veículos, sendo 80 mil de carga, segundo a concessionária que administra o trecho. Quase 30% da população mineira vive e trabalha na área sob influência da estrada. Na década passada, quando o trecho foi concedido à iniciativa privada (o consórcio OHL Brasil venceu a concorrência), estudo do poder público constatou que 40% da economia mineira passa pela rodovia.

Parte desse percentual se refere às mineradoras, que reduzem o tamanho de montanhas próximas ao traçado. Entre Igarapé e Brumadinho, na Grande BH, o vaivém de carretas com a mercadoria é intenso. Homens da bandeira, certamente, percorreram as cristas daquelas montanhas. O traçado da rodovia lembra a rota da expedição, que saiu da então Vila de São Vicente de Piratininga, passou por Taubaté (SP) e atravessou a Serra da Mantiqueira, na garganta do Embaú, divisa de Minas e São Paulo.

Ao longo da viagem, Fernão Dias e seus homens ergueram “pousos” para dar suporte à coluna. Por curiosidade, a 381 também conta com “pousos”. São 12 imóveis construídos às margens da rodovia, os SOS Usuários. Neles há salas de TV, banheiros, fraldários e equipes de resgate. Os serviços estão embutidos no preço dos pedágios: veículos de passeio pagam R$ 1,50 em cada uma das oito praças, sendo seis em Minas.

O contrato entre a concessionária e a União foi assinado em 2008 e prevê aporte de R$ 3,4 bilhões em 25 anos de vigência. O aposentado Paulo Cruz, de 62 anos, conhece bem a rodovia. Ele mora em Ibituruna, o primeiro povoado em Minas, e já residiu em vários outras regiões do país. Assim como Fernão Dias, Paulo ajudou a construir o Brasil. Quando tinha 19 anos, deixou a pacata cidade e trabalhou na obra do metrô de São Paulo, o maior do país. Depois, seguiu para Foz do Iguaçu (PR), onde ajudou a erguer a usina de Itaipu. “Voltei para Ibituruna e me aposentei como eletricista. Não deixo mais a cidade.”

ESTRADA REAL A bandeira de Fernão Dias desbravou outros caminhos. Depois de sua morte, em 1681, homens da expedição continuaram abrindo picadas. Coube ao primogênito dele, Garcia Dias Pais, abrir um dos traçados mais importantes do Brasil colônia. O filho mais velho do bandeirante, que participou da expedição de 1674, é o responsável pelo chamado caminho novo da Estrada Real, de Ouro Preto ao Rio de Janeiro. Parte do traçado, atualmente, corresponde à BR-040, que liga BH à capital fluminense.

As picadas abertas pela expedição de 1674 e por outras bandeiras que foram atrás das pegadas de Fernão Dias ajudaram no intercâmbio comercial entre o Nordeste brasileiro, então movido pela economia açucareira, e o Sul, onde os bandeirantes escravizaram dezenas de tribos indígenas.

Em sua tese defendida no doutorado da USP, o pesquisador, educador e professor universitário João Valdir Alves de Souza destaca que as picadas, abertas pela expedição de 1674, ligou o Nordeste e o Sul do Brasil, via interior, por meio do Vale do Jequitinhonha. “Quando, no terceiro quartel do século 17, vindos do Sul (São Paulo), Fernão Dias Pais finalmente chegou aos rios Araçuaí e Itamarandiba, e Matias Cardoso de Almeida (ele era o imediato do governador das esmeraldas na bandeira de 1674) atingiu o médio São Francisco, a ligação entre o Nordeste e o Sul da colônia, pelo interior, estava sendo concretizada”.


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