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Estado de Minas

Economistas ensinam a diminuir o impacto da inflação na conta do supermercado

Dica de economia não significa perder os produtos preferidos da lista. Substituir marcas e trocar embalagens são opções


postado em 26/07/2014 06:00 / atualizado em 26/07/2014 07:18

"Dificilmente o governo vai conseguir controlar a inflação até o fim do ano. Os consumidores devem aprender a driblar os altos custos" - Fellipe Leroy, economista e professor Ibmec (foto: Edésio Costa/EM/DA Press)

As compras nos supermercados exigem do consumidor estratégias cada vez mais elaboradas para minimizar o impacto da inflação no orçamento familiar. As carnes, os pães e as bebidas, produtos rotineiros na alimentação do brasileiro, tiveram aumento significativo nos preços, obrigando o consumidor, em alguns casos, a tirá-los da mesa. Mas é possível fazer diferente e driblar o dragão. Para isso, o Estado de Minas convidou dois economistas da capital a percorrerem dois supermercados de Belo Horizonte e comprovou que é possível economizar aproximadamente 45% na conta ao trocar marcas, pesquisar preços e substituir produtos.

Entre as gôndolas, as queixas são constantes por parte dos consumidores. A situação pressionou a professora universitária Aline Guedes, de 33 anos, a fazer a sua compra mensal levando em consideração somente os preços dos produtos. “É a primeira vez que optamos por olhar os valores, deixando de lado as marcas preferidas. A estratégia é porque estamos sentindo no bolso o peso da inflação”, reclamou. E essa percepção da Aline é explicada em números.

Na terça-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou alta de 0,17% nos preços de julho, percentual menor do que o 0,47% registrado em junho. No entanto, no acumulado de 12 meses encerrados em julho, o índice ainda subiu 6,51% – acima do teto da meta do Ministério da Fazenda para a inflação (o centro da estimativa é de 4,5% ao ano, podendo ficar dois pontos percentuais acima ou dois abaixo, variando de 2,5% e 6,5%). “Com os 6,51%, já estamos ‘furando’ o teto previsto pelo governo”, enfatiza o doutor em economia e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Felipe Leroy.

Na capital mineira, o índice dos preços de julho ficou acima do nacional, chegando a 0,19%, e no acumulado de 12 meses, a alta foi de 6,35%. “São muitos os fatores que impulsionam esse aumento. Há questões agrícolas, climáticas e políticas. Acabamos de sair de um grande evento no país, que pressionou a alta nos preços, uma vez que houve a circulação intensa da moeda. A verdade é que dificilmente o governo federal vai conseguir controlar a inflação até o fim do ano. Por isso, os consumidores devem aprender a driblar esses altos custos”, comenta Leroy.

Além dele, o economista e professor de finanças da Universidade Fumec Alexandre Pires de Andrade acompanhou a reportagem em supermercados da capital. Com Felipe Leroy, a análise foi feita no supermercado Epa, no Bairro Serra; e, com Alexandre, no MartPlus, no São Lucas. Com base em alguns itens da cesta básica, principalmente aqueles que tiveram maior alta de preços, a reportagem dividiu as compras em cada supermercado em dois carrinhos. Em um, havia os produtos mais conhecidos, e, no outro, os itens escolhidos pelos economistas. Sem mudar a quantidade nem o tipo dos produtos, houve diferenças entre os dois carrinhos e, principalmente, entre os dois supermercados, o que reforça, segundo os especialistas, a importância primordial de pesquisar os preços em diferentes lugares.

Um exemplo é a margarina e a manteiga. Segundo os economistas, o melhor é substituir a manteiga pela margarina, o que pode render uma economia de R$ 6,40, como foi no Mart Plus. No Epa, a diferença foi de R$ 7. “Há produtos que têm o substituto perfeito. O consumidor deve ficar atento, porque isso tem um impacto alto no bolso”, alerta Felipe Leroy. O pão de forma em BH sofreu alta de 3,79% este mês. Para esse item, tanto Alexandre, quanto Felipe recomendam a troca da marca. Na pesquisa, houve uma diferença de mais de 50% (veja quadro).

"Usando a criatividade, inteligência e trocando industrializados por naturais é possível driblar a inflação" - Alexandre Pires de Andrade, economista e professor na Fumec (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

EMBALAGENS
Outra recomendação dos profissionais é o consumidor abrir mão de alguns luxos, como os produtos premium, que podem custar 115% mais do que os básicos. No caso do azeite, trocar a embalagem de vidro pela lata também compensa, e rende uma diferença de cerca de R$ 10. Alexandre mostrou que no caso de um pacote com 16 rolos de papel higiênico de 30 metros cada, o valor, no Mart Plus, era de R$ 26, 90. “Se o consumidor levar quatro pacotes com quatro rolos, mesma metragem e marca, o preço será de R$ 31, 92. Neste caso, vale a pena a oferta, já que é um item indispensável. Levando mais, a pessoa evita ter que ir novamente ao supermercado”, comparou. Já Felipe preferiu mudar de marca de papel higiênico, levando a mesma quantidade de 16 rolos, a diferença foi de R$ 13, 94.

 

Carne: inimiga do bolso

 

Mas foi a carne que se tornou uma grande vilã dos preços. Com alta de 17,7% no acumulado nos últimos 12 meses, encerrados em julho, ela virou inimiga da alimentação, conforme comenta Felipe Leroy. “Você pode deixar de comprar itens de luxo, mas carne não pode faltar”, diz. A aposentada Gisele Paskauskas conta que há três meses vem reduzindo as suas compras em 20%. “Costumo ir a três estabelecimentos diferentes para pesquisar. Está tudo muito caro, principalmente a carne bovina. As pessoas com menos renda já devem ter deixado de consumi-la”, observou, revelando que o palmito é outro item que não entra em seu carrinho mais. Em BH, o produto teve alta de 3,14% em julho.

Para os especialistas, nos dois casos, dá para economizar. O contra-filé, por exemplo, recomendam trocar pela carne suína. “O consumidor vai continuar comendo uma carne de primeira qualidade, mas com um preço menor”, comentou Felipe, que também indicou a troca de palmito em conserva inteiro pelo picado. “Os ‘picadinhos’ são a sobra do palmito inteiro. O produtor não consegue aproveitar e corta o resto em pedaços”, explica.

RESULTADO
Com uma média de 20 itens em cada carrinho, no supermercado Mart Plus, foi possível uma economia de R$ 89,66 no valor da conta. No carrinho feito pela reportagem, sem estratégicas econômicas, o preço foi de R$ 204, 32, contra R$ 114, 64 da compra feita pelo economista. Da mesma forma, no Epa, o carrinho do EM ficou em R$ 160,61 e o do economista, R$ 88,55. “Usando a criatividade, inteligência e até trocando produtos industrializados por naturais é possível driblar a inflação. É hora de apostar em estratégias”, concluiu Alexandre Pires. 


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