Sohar, Omã – A aprovação, na terça-feira, pelo plenário do Senado, da polêmica Medida Provisória (MP) 627, que eleva a carga tributária das subsidiárias de empresas no exterior, surpreendeu empresários e governos estrangeiros à espera de investimentos diretos brasileiros. As afetadas pela medida alegam perda de competitividade global. Andre Toet, presidente da operadora do complexo portuário de Sohar, no litoral norte de Omã, na Península Arábica, informou ao Estado de Minas que negocia com multinacionais do Brasil a implantação de indústrias, sendo um frigorífico de aves o maior destaque. Mas o desfecho dessas conversas pode ser diferente do esperado, conforme ficar a nova legislação após a sanção presidencial. "O protecionismo econômico é uma resposta tentadora para governantes diante do desafio de gerar empregos, mas ele quase nunca acaba sendo um bom negócio", observou o executivo holandês.
A promissora zona portuária omani abriga desde 2011 o principal investimento da Vale na região – uma peletizadora, um terminal marítimo e um centro de distribuição –, atividades que têm servido de suporte à atração de projetos industriais do setor metalúrgico. "Há espaço físico e operacional da companhia em nossa área de concessão", sublinhou Toet, líder da parceria meio a meio entre o governo local e a administração do Porto de Roterdã, na Holanda. O gerente responsável pela coligada da Vale em Omã, Sérgio Leite, comemorou o sucesso dos negócios e descartou efeitos negativos da nova legislação sobre os investimentos na região. "Nossa meta agora é a consolidação", resumiu.
No começo do próximo mês, o Sultanato de Omã e multinacionais presentes naquele país realizam seminário na capital paulista para apresentar resultados e, sobretudo, para convidar empresas brasileiras a se integrar à sua plataforma exportadora.
* O repórter viajou a convite do governo de Omã