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Estado de Minas

Especialistas apontam necessidade de economia entre 5% e 10% no consumo de energia

Se consumidor não reduzir os gastos com energia, socorro de R$ 12 bi para as empresas será só paliativo


postado em 15/03/2014 06:00 / atualizado em 15/03/2014 07:13

O pacote de R$ 12 bilhões anunciado na quinta-feira pelo governo para evitar o colapso financeiro das distribuidoras de eletricidade pode ser um atenuante na situação financeira das empresas, mas não melhora a situação de escassez de energia no país. Essa é a avaliação de especialistas no setor de energia ouvidos pelo Estado de Minas um dia depois do anúncio da medida. Eles acreditam que uma economia entre 5% e 10% nos gastos de energia hoje pode poupar o país de ter que fazer um racionamento drástico no uso do insumo, se a chuva não cair em volume suficiente até o fim de abril.

De acordo com Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o governo reconheceu a elevação do grau do risco de desabastecimento ao mudar o grau de risco da classificação de “baixíssimo” para “baixo”. Para ele, esse é um sinal de que o Executivo já está preocupado com a situação, mas ainda assim são necessárias medidas concretas. “È necessário reduzir o consumo de energia para não nos arriscar a, mais adiante, sermos obrigados a fazer uma redução drástica no consumo”, avalia. Para ele, uma redução entre 5% e 10% no consumo agora pode prevenir uma situação mais difícil no período seco, que começa em maio.

Ainda assim, Rosa não defende um racionamento imediato, e sim uma política ou uma campanha de estímulo à economia de energia, premiando os consumidores que reduzirem o seu consumo. Mikio Jawai Jr., diretor da Safira Energia, também acredita que o governo deveria dar um “sinal econômico” de que o país passa por uma situação de exceção em matéria de oferta de energia elétrica. “Não estou falando em racionamento, mas em racionalização”, explica. De acordo com ele, se a Bandeira Tarifária, que estava prevista para entrar em operação em janeiro, estivesse em vigor, isso já representaria uma arrecadação de R$ 1 bilhão para o setor.

Caso isso tivesse ocorrido, os brasileiros se veriam obrigados a economizar energia, já que no esquema o custo do insumo varia a cada mês, dependendo do uso das termelétricas. “Juntas, a bandeira tarifária e a sensibilização do consumidor em relação ao mau momento em termos de oferta de energia, seriam sinais de que é necessário frear o consumo”, disse.

O pacote de R$ 12 bilhões anunciado na quinta-feira pelo governo para evitar o colapso financeiro das distribuidoras de eletricidade foi visto com ceticismo por analistas e agentes do setor. Eles enxergaram nas medidas apresentadas mais uma manobra “criativa” para ocultar as pressões adicionais sobre a dívida e os gastos públicos, visando, sobretudo, despistar as agências classificadores de risco, que ameaçam reduzir as notas de crédito do país.

Vendida como uma forma de diluir ou retardar o contágio na conta de luz da crise energética, a solução encontrada pelo governo para custear os custos adicionais com a geração termelétrica trouxe como principal receio a perspectiva de envolvimento de bancos públicos na operação. Isso porque a maior parte dos recursos empregados, R$ 8 bilhões, virá de empréstimos a serem contratados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade privada que abriga negociações no setor. Tendo reajustes futuros de tarifas como garantia, os negócios podem não captar o necessário.


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