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Estado de Minas CONTAS JUNTAS E RENDA SEPARADA

Maior participação da mulher na vida financeira da família ainda causa constrangimento

Em outros casos, a despesa é dividida, mas cada um tem seu ganho


postado em 02/03/2014 06:00 / atualizado em 02/03/2014 07:20

Um dos autores da pesquisa e presidente do instituto Families and Work, Ellen Galinsky avalia que o “homem ideal” não é mais aquele funcionário que trabalha para ser chefe de família bem-sucedido. “Eles estão experimentando uma pressão parecida com a das mulheres quando elas entraram no mercado de trabalho”, compara. No mesmo estudo, homens dedicados a “empregos exigentes” são apontados como mais propensos a experimentar conflitos familiares.

Apesar de ser uma tendência óbvia, a maior participação da mulher no orçamento doméstico ainda não soa como algo natural em muitos lares. Para esta reportagem, por exemplo, o EM entrou em contato com dois casais em que a mulher ganha mais. De última hora, em ambos os casos, a entrevista foi desmarcada. “Quando o homem perde o controle da renda e deixa de ser o manda-chuva do ponto de vista financeiro, isso realmente mexe com ele. Ainda é um problema sério”, diz o consultor financeiro Rogério Olegário, coautor do livro Família, afeto e finanças.

Nos escritórios de consultoria financeira costumam aparecer mulheres, sozinhas, pedindo dicas de investimento. Não levam os maridos, porque se eles descobrirem o verdadeiro salário delas, acreditam, nunca mais haverá clima para romance em casa. “Existe muita gente comprometida com o outro no papel e na Igreja, mas separada financeiramente”, pontua Olegário. Os avanços, pondera ele, ainda não se traduzem em transparência: boa parte dos casais vive sem saber quanto o outro ganha e com o quê gasta. “A intimidade financeira é, muitas vezes, reflexo da emocional”, destaca o consultor.

CONVERSA
Desde a época do namoro, Roberta Rios e Flávio Soares se acostumaram a conversar sobre dinheiro e a compartilhar despesas. O casamento, há dois anos, levou à criação de uma conta conjunta. “A grana não é de um ou de outro, é nossa”, explica ela, servidora pública, de 27 anos, responsável por bancar a maioria dos gastos da casa até outubro do ano passado, quando ele também foi aprovado em concurso e passou a ganhar mais. “Não faz sentido você dividir a vida com a pessoa e ter uma vida financeira independente”, afirma ele, de 29, advogado de uma família onde o pai sempre proveu tudo.

Sem muito estresse, por ora o casal tenta colocar em prática as orientações dos gurus financeiros. “O planejamento é nosso, para os dois”, insiste ela. Todo mês eles reservam uma parcela do salário para viagens. Por meio de um programa instalado no computador e nos celulares, acompanham diariamente a movimentação das receitas e das despesas. Este ano, resolveram definir uma espécie de mesada individual, “para os gastos pessoais sem peso na consciência”, esmiuça ele. “O diálogo é a saída. Falar de dinheiro tem de ser uma coisa natural”, acrescenta Roberta.

Mesmo quando não são elas as detentoras da maior renda, as mulheres têm ocupado, cada vez mais, o papel de administradora dos recursos familiares. Na estimativa do educador financeiro Reinaldo Domingos, também autor de livros sobre o tema, o protagonismo feminino já se concretiza em cerca de 70% dos casais. “Os homens estão perdendo o reinado e há uma propensão clara para que elas assumam o comando do orçamento doméstico”, sublinha.


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