Os produtos saudáveis e naturais vêm ocupando cada vez mais espaço na mesa dos consumidores brasileiros. E um dos principais motores dessa alta, é a expansão da classe média, que deixou de consumir apenas produtos essenciais e passou a buscar itens relacionados a um estilo de vida mais saudável. Levantamento da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International mostra que o segmento cresceu 82% entre 2004 e 2009 e, este ano, a expectativa é que o consumo desses produtos aumente 40%.
Já na rede Super Nosso, o consumo por esse tipo de alimento é ainda maior: o mix de produtos subiu de 580 itens, em 2012, para 658, no ano passado. Segundo a diretora de marketing do grupo, Rafaela Nejm, a expansão foi motivada por um aumento de 35% nas vendas do segmento no mesmo período. “Identificamos um aumento na procura por produtos indicados por nutricionistas, médicos e até mesmo blogueiras fitness. A partir daí, decidimos investir no aumento do mix, não só para fomentar as vendas, mas para que nossos clientes pudessem fazer todas as suas compras no supermercado, sem ter que fazer novas paradas em lojas especializadas”, afirma.
Entre os produtos cuja demanda tem crescido, Rafaela Nejm cita sementes como a chia, quinoa e linhaça, que fazem parte do grupo de “alimentos funcionais”, denominação dada pelo Ministério da Saúde aos alimentos que produzem efeitos benéficos à saúde, além da função nutricional. Outros exemplos são as frutas desidratadas e produtos que “viraram moda” em sites e blogs especializados em saúde, como o Goji Berry, uma frutinha asiática cuja porção de 200 gramas custa R$ 39,90. “Quando confiam na qualidade e nos benefícios dos produtos, os clientes não se importam em fazer um investimento um pouco mais alto, já que terão, como retorno, um corpo mais saudável”, explica Nejm.
Custo-benefício
Com 10 anos de experiência no setor de alimentos saudáveis, sobretudo em orgânicos, o representante das empresas Native, Korin e Vitalin, Leonardo Daher, afirma que o segmento é uma tendência mundial, com crescimento no volume de vendas de 30% a 40% ao ano. Apesar disso, ele destaca que ainda há muita coisa a ser explorada no país, principalmente, no ramo de cosmético.
"Apesar da consumidor atrelar o conceito de orgânico apenas ao segmento alimentício, a tendência mundial que já está mais evoluida em algumas regiões do país, também deve ser contemplada no segmento de cosméticos e higiene pessoal", disse. Leonardo também destaca o custo-benefício dos produtos naturais. "Muitas vezes, o consumidor não mede preço para comprar remédios, o que está errado. O ideal é buscar produtos que contribuem para a saúde", disse.
Dietas restritivas
Alimentos para pessoas que precisam seguir dietas restritivas também estão no foco do setor supermercadista. A doença Celíaca, por exemplo, causa intolerância ao glúten e atinge cerca de um em cada 600 brasileiros, segundo a associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA). Se antes esse grupo precisava recorrer a pontos de vendas especializados para encontrar alimentos sem a proteína, essa realidade tem mudado gradualmente. Na rede Super Nosso, já são mais de 120 itens sem glúten.
O mesmo ocorre com produtos sem lactose, destinados a pessoas que não podem consumir derivados do leite. Em 2013, o número desses produtos cadastrados na rede saltou de oito para 24, divididos entre iogurtes, misturas para bolo, chocolates, bebidas, biscoitos, queijos, entre outros. Na rede de supermercados Verde Mar, a venda de produtos naturais sempre existiu, mas nos últimos seis meses, a oferta aumentou conforme a expansão da procura. O produto mais recente é a pizza sem lactose.