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Estado de Minas

Relatório do BC indica inflação acima da meta até 2015

BC abre o jogo para a economia superar 2014 e chegar mais preparada para a revisão em 2015


postado em 22/12/2013 00:12 / atualizado em 22/12/2013 07:21

Documento do governo mais confiável sobre a economia, o relatório trimestral do Banco Central, divulgado como um balanço do ano que acaba e ensaio prospectivo sobre o que chega, indica inflação acima da meta até 2015 e crescimento econômico bem abaixo do considerado necessário para acomodar o gasto público e o custeio federativo.

A inflação acumulada em 12 meses tende a virar o ano com alta de 5,8%, próxima à variação de 5,84% cravada em 2012, recuando em 2014 para 5,4% – ainda acima da meta anual (4,5%), mas abaixo da teto de tolerância reservado para momentos excepcionais, 6,5%. A presidente Dilma Rousseff acha diferente. Ela afirmou pelo Twitter que, “pelo décimo ano, a inflação fechará abaixo do objetivo de 6,5%”. Sei...

O cenário de referência do BC assume algumas premissas, como Selic no nível de 10% e taxa de câmbio de
R$ 2,35. Fica claro que, para o BC, moeda fraca é condição necessária para a economia se ajustar.

Não há meta para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), mas simulações estimam que qualquer evolução abaixo de 3% não agasalha a massa de compromissos bancados pelo governo no orçamento federal, financiados ou com arrecadação de impostos (função da temperatura dos negócios) ou com dívida do Tesouro vendida no mercado. É o que explica o papel destacado dos investidores, especialmente externos, e das agências de rating no debate sobre as tendências da economia.

E então? Bem, o BC rebaixou (entre o anterior e o atual relatório de cenários) de 2,5% para 2,3% a projeção de crescimento do PIB em 2013 e a manteve até os quatro trimestres encerrados em setembro de 2014. O BC se revela cético (coincidindo com nossa avaliação) com a retomada forte do crescimento. Mas, apesar de engripada, a economia tem chance de cruzar 2014 sem surpresas. Isso deve ficar para 2015.

Importação reduz o PIB

Por ora, segundo o BC, o consumo de famílias tende a avançar 2,3% este ano, e o do governo, 2,1%. O aumento da taxa de investimento foi estimado em 6,8%; das exportações, 2,4%, e importações, 8,4%, estando nestes dois movimentos discrepantes parte do crescimento baixo do PIB. Importações expressam vazamento da demanda interna, “consumindo” nacos do PIB conforme a apuração das contas nacionais.

Pela ótica da oferta, a outra forma de apuração do PIB, a produção industrial deve ter crescido 1,3% em 2013 (como somatória entre a queda de 2,4% do setor extrativo e aumentos de 1,6% de manufaturas e 2,4% da construção civil), contra retração de 0,8% em 2012.

Para a agropecuária, o BC estima alta de 7,3%, recuperando-se da queda de 2,1% no ano passado. E, finalmente, serviços (a categoria com maior peso no PIB) tende a avançar de 1,8% em 2012 para 2%, muito pouco para compensar a longa perda do dinamismo industrial.

Acúmulo de contradições

Não é nada fácil dirigir as contradições acumuladas pela política econômica, ainda mais sob o enorme e crescente peso do contingente de dependentes do Estado, 76 milhões apenas entre os beneficiários de políticas sociais (afora os agregados). O governo chamou para si incumbências demais e plantou armadilhas que terá de desarmar.

O BC alerta para a defasagem entre preços administrados e livres, formados no mercado, o que leva ao “natural e esperado”, segundo o relatório de inflação, ajuste à realidade – um processo “complexo”, acrescenta, devido ao desalinhamento em “patamares baixos”. É mais uma dificuldade para o cenário de moeda depreciada, um anabolizante para a competitividade da indústria e consequência do fim gradativo da liquidez encharcada do dólar pelo Federal Reserve.

Há muito jogo para jogar

O governo queimou cartuchos, sobretudo com o esgarçamento do gasto público e a indução ao consumo para forçar o crescimento, e hoje, a rigor, não lhe restam muitas opções a não ser entregar um superávit primário de 1,8% a 2% do PIB, seco. Ou seja, totalmente extraído de corte de gasto e aumento de receita do orçamento fiscal, afastando o risco de downgrade da nota de crédito do país (implicando alta de juro e menos liquidez para cobrir o déficit das contas externas).

É um quadro apertado, mas favorecido pelo maior crescimento global e por ações que Dilma deve tomar para tentar renovar a confiança na economia, inclusive com novos nomes. Ainda há muito jogo a jogar.

Parada técnica

Vamos para a parada técnica habitual, agradecendo o apoio de vocês ao longo de quase 13 anos neste espaço e desejando a todos que 2014 seja venturoso. De preferência com a mão no caneco. Até a volta.


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