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Estado de Minas

Só consumo não sustenta o PIB

Resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país no divulgado na terça registrou queda de 0,5% na comparação com trimestre anterior


postado em 04/12/2013 06:00 / atualizado em 04/12/2013 07:15

Em 2013, o consumo das famílias deixou de ser a alavanca para o crescimento da economia brasileira. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre, que registrou queda de 0,5% na comparação com abril, maio e junho, levando em consideração a série com ajuste sazonal. No mesmo período, o consumo das famílias avançou 1%. Quando se leva em conta o intervalo de janeiro a setembro, porém, a soma de riquezas cresceu 2,4%, empatando com o percentual do consumo das famílias, que apresentou sua pior taxa de crescimento desde 2008, ano da crise financeira global. E a tendência é que essa situação perdure em 2014. Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2013 chegou a R$ 1,21 trilhão e a queda de 0,5% é o pior resultado, nessa base de comparação, desde o primeiro trimestre de 2009 (-1,6%).

“O consumo das famílias está deixando de ser um fator que puxa o PIB para cima para ser um componente neutro. E isso é uma tendência na medida em que o crescimento real da renda não está ocorrendo no mesmo ritmo que vinha registrando anteriormente”, analisa Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. De acordo com o Banco Central, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro, que considera o total de débitos dividido pela renda no período de um ano, foi de 45,31% em setembro. “Em anos anteriores, o consumo das famílias vinha sendo uma alavanca para o PIB”, lembra o economista.

Para Antônio Braz, técnico do IBGE em Minas, a expectativa é de que a diferença entre o PIB e a taxa de consumo das famílias se disperse aqui por diante. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, pensa o mesmo. Segundo ele, o consumo não deve conseguir crescer mais como nos anos anteriores. “Não temos espaço via renda e emprego para avançar como no passado, especialmente pensando em todos os estímulos que foram dados (pelo governo federal) nos últimos anos, como Bolsa-Família, salário mínimo e oferta de crédito. Essa tendência de um consumo crescendo próximo da média do PIB me parece a mais razoável”, diz.

De acordo com o IBGE, no terceiro trimestre de 2013, em comparação com os três meses anteriores, a agropecuária recuou 3,5%. Já a indústria e o setor de serviços resgistraram avanço de 0,1%, mantendo-se praticamente estáveis nesse intervalo. Já no acumulado do ano, pela ótica da produção, o agronegócio cresceu 8,1%, a indústria 1,2%, e os serviços 2,2%. Quando se olha do lado da demanda, a despesa de consumo do governo aumentou 1,8%, a formação bruta de capital fixo 1,8% e as exportações de bens e serviços 1,4%. Já as importações de bens e serviços avançaram 9,6%, pesando negativamente no resultado do PIB.


PREÇOS NO CAMPO

 

Pierre Santos Vilela, assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), explica o recuo na produção de riquezas da agropecuária no país em julho, agosto e setembro frente ao trimestre anterior. “O resultado é fruto de fatores como a crise nas culturas de café e laranja, em função dos baixos preços pagos aos produtores, e do fim da colheita da última safra, encerrada exatamente no terceiro trimestre.” Ainda segundo ele, o que puxou o agronegócio para cima foram os resultados do trigo e do feijão, grãos que, no entanto, são produzidos em volume bastante inferior à colheita do primeiro semestre. Por outro lado, entre janeiro e setembro o crescimento foi puxado pela safra de grãos, colhida no período.

Apesar do resultado negativo do PIC no terceiro trimestre, na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a desaceleração não foi necessariamente ruim. “Seria muito pior que o PIB acelerasse e o Banco Central fosse obrigado a segurar na marra uma economia de R$ 1,2 trilhão”, acredita. Na avaliação dele, os resultados ruins ficaram por conta da formação bruta de capital fixo (-2,2% no terceiro trimestre contra o segundo), que, como esperado, afundaram no pós-junho. “Num cenário como esse é óbvio que o investidor iria tirar o pé do acelerador”, observa Perfeito.


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