(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Ostentadoras, celebridades viram seus negócios naufragarem


postado em 10/11/2013 06:00 / atualizado em 10/11/2013 07:49

Amigo de astros de Hollywood, Naji Nahas foi acusado de quebrar a bolsa do Rio nos anos 1980 e ressurgiu no noticiário ao ser preso na Operação Satiagraha, da Polícia Federal (foto: (ERNESTO RODRIGUES/AE - 2013 8/7/08)
Amigo de astros de Hollywood, Naji Nahas foi acusado de quebrar a bolsa do Rio nos anos 1980 e ressurgiu no noticiário ao ser preso na Operação Satiagraha, da Polícia Federal (foto: (ERNESTO RODRIGUES/AE - 2013 8/7/08)

Há três décadas o Brasil assiste impassível a uma série de ruínas de impérios empresariais e financeiros, criados e nutridos pela especial capacidade do seus líderes de fascinar o público. O sucesso desses conhecidos personagens e, por tabela, de suas empresas avança fácil no imaginário popular graças às suas exibições de riqueza e influência.

Os seus questionáveis negócios, por sua vez, prosperam com vigor graças a investidores de todos os portes na bolsa de valores, incluindo fundos de pensão de estatais, também atraídos pela exuberância irracional dos protagonistas e pela promessa de ganhos sem limites. Os desfechos dessas histórias são quase sempre as mesmas tragédias — com pesados prejuízos distribuídos a acionistas, fornecedores e administrações públicas.

Apesar de não ser genuinamente brasileiro, foi no país que o fenômeno parece ter atingido o seu auge. Os episódios envolvem empresários de ramos diversos — como marcas varejistas, bancos, construtoras e até gigantescas plantações de soja e uma petroleira — e contaram com a reação tardia dos órgãos de regulação e controle de suas respectivas áreas e do mercado financeiro.

O caso mais recente é também o mais emblemático: o colapso do império X, do empresário Eike Batista. A história, no entanto, remete a outros casos famosos, como os lances ousados de um executivo acostumado a comprar empresas em dificuldades e que levaram ao desaparecimento das marcas Mappin e Mesbla. Com grave crise financeira e vendas em baixa, as redes varejistas, do empresário Ricardo Mansur, de 65 anos, decretaram falência em junho de 1999.

DA GLÓRIA À PRISÃO
No início dos anos 1980, Naji Nahas, de 66, era dono da elegante casa noturna Regine’s, em São Paulo, frequentada pelos nomes de destaque do poder e das artes, incluindo os internacionais. Lá, seu amigo Omar Shariff, astro de Hollywood, dançou com a primeira-dama Dulce Figueiredo. Os prósperos e pouco ortodoxos negócios do empresário foram expulsos da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). Em 1989, ele foi acusado de quebrar a bolsa do Rio. Há cinco anos, reapareceu no noticiário, ao ser preso na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, acusado de lavagem de dinheiro.

O ouro de tolo que os mestres desse capitalismo de camarote vendiam ao mundo dos negócios se confundia com o luxo e a ousadia exibidos em colunas sociais, festas e eventos corporativos. “O capitalismo precisa, de tempos em tempos, criar bolhas de prosperidade e os seus heróis do momento”, resume o consultor Renê Garcia Júnior, ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na sua avaliação, a desmontagem desses “alvos de rentabilização excessiva” se inicia tão logo acabam as condições gerais favoráveis ao exagero.

Para quem sofre a desilusão de ter apostado alto em pessoas e companhias insustentáveis economicamente, resta a reflexão e a cobrança por mais rigor das autoridades. Para piorar, depois do colapso bilionário de cada um deles, muitos desses símbolos destronados ainda mantêm o caviar do cardápio, mesmo com os pés descalços. “A legislação do país é boa e dá instrumentos para proteger o investidor. O que falta é ter a informação correta”, observa o consultor e executivo Leonardo Brunet.

O êxito que figuras como Najas representa conta com uma característica local: a sanha rentista. O brasileiro sonha com lucros repentinos, sem muito esforço e, de quebra, acompanhado de uma existência faustosa. Os bilionários da vez traduzem o desejo pelo ganho fácil. “Por isso a merecida desconfiança dá lugar ao encantamento”, explica o publicitário Dudu Godoy.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)