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Estado de Minas

Planos funerários inovam para atrair clientes

Com a proliferação de empresas, planos optam por diferenciais como lanches, ônibus para parentes e até carpideira à brasileira, treinada para falar "palavras bonitas" sobre o defunto


postado em 03/11/2013 00:12 / atualizado em 03/11/2013 07:29

No funeral das classes D e E não há velórios on-line, bem-velados finos (versão do bem-casado), champanhe ou carro importado, serviços disponíveis para a alta renda, mas, mesmo sem luxos, o serviço popular também promete uma despedida com alguma pompa, financiados pelas classes C, D e E. Em um mercado altamente competitivo, com grande proliferação de novas empresas, os planos oferecem como diferencial transporte seminovo para o corpo, há lanches com café, roscas e biscoitos. Tem também ônibus para buscar os parentes que não podem pagar o transporte para o velório e até uma espécie de “carpideira” à brasileira, orador treinado para falar palavras bonitas sobre o falecido.


É grande o volume de empresas que arriscam e avançam a barreira da morte, oferecendo serviços até para os vivos, como empréstimo de utensílios, cadeira de rodas e muletas, psicólogos durante o velório e até transporte de emergência para doentes. Em Minas são mais de 1,4 mil empresas formais pulverizadas de norte a sul do estado. Só na Grande BH, 45 empreendimentos se dedicam à venda de planos funerários. A aposentada Geralda Pinto dos Santos, de 81 anos, mora em Montes Claros, no Norte do estado, onde é cliente de um dos diversos planos do mercado.


Há um ano, o marido da aposentada morreu. Ela conta que ficou especialmente satisfeita com o serviço extra de ambulância, oferecido a João dos Santos, que partiu aos 86 anos. “Ele estava doente e precisou usar a ambulância várias vezes. A gente ligava e a ambulância chegava rápido, nunca falhou”, relembra Geralda, que depois da morte do marido continua cliente do plano. Usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), ela nunca pensou em contratar um convênio de saúde, ou qualquer outro tipo de seguro, mas a poupança para o funeral está no orçamento. “Pago R$ 37,60 por mês, para mim e meus três filhos.”
Em Barbacena, na Região Central, o plano de assistência Paz Eterna foi fundado por Marcos Antônio da Silva, que, depois de trabalhar como motorista em uma funerária, criou o próprio negócio e passou a terceirizar os serviços da empresa onde era funcionário. Há 13 anos no mercado, ele viu sua carteira crescer, hoje contabiliza 45 mil clientes. Sem qualquer arrepios para descrever a morte e seus serviços, ele diz que atua “do Oiapoque ao Chuí”. Garante que, independentemente de onde a morte surpreenda, seu cliente será atendido.

ADESÃO  A funerária que atua em Barbacena e região oferece além dos serviços convencionais funerários, de preparação do corpo, transporte, velório, flores, urna, entre outros, ônibus para familiares, lanches e orador diferenciado para evangélicos e católicos. "Hoje a funerária que não fizer um plano tende a falir. É muito difícil a pessoa querer pagar à vista pelo serviço. Todos estão optando pelo plano”, diz Marcos Antônio.


Moradora de Ibertioga, na Zona da Mata, a funcionária pública Maria Auxiliadora Rodrigues confirma o que diz o empresário. Segundo ela, que conhece boa parte da cidade de 5 mil habitantes, a adesão do plano é impressionante. “No início as pessoas de baixa renda contratavam o serviço. Hoje quase todas as famílias da cidade têm esse plano.” Ela conta que as chamadas “carpiderias” melhoraram muito. “No início eles enviavam pessoas que pouco sabiam sobre o morto e mesmo assim falavam detalhes sobre a vida dele, o que acabava provocando risos no velório.”


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