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Estado de Minas

Eike recorre para evitar a falência

Após maior calote da história, petroleira OGX se despede da Ibovespa


postado em 31/10/2013 07:33 / atualizado em 31/10/2013 09:54

Brasília – A OGX, petroleira do grupo do empresário Eike Batista, entrou ontem na Justiça com o maior pedido de recuperação judicial já feito na América Latina, envolvendo dívidas estimadas em R$ 11,2 bilhões. O recorde anterior era da companhia aérea Varig, de R$ 7 bilhões, em junho de 2005. O passo dado por Eike para tentar evitar a falência de seu principal negócio já era esperado pelo mercado e teria de ser dado até hoje, diante do fracasso das negociações com os credores de US$ 3,6 bilhões em bônus negociados no exterior.

O pedido de recuperação judicial implica a suspensão imediata da negociação de ações da empresa na Bolsa de São Paulo (BM&FBovespa), cujo pregão de ontem fechou em queda de 0,67%. As ações da OGX afundaram novamente, desvalorizando mais 26,08%, cotadas agora a R$ 0,17.

A partir desta sexta-feira, as ações deixarão de integrar os índices da BM&FBovespa, mas continuarão a ser negociadas na Bovespa. Em comunicado, a BM&FBovespa informou que as negociações serão suspensas até 11h do pregão desta quinta-feira e serão liberadas após este horário.

No documento entregue pelos advogados de Eike, a petroleira declarou o montante da dívida consolidada e disse que não tem qualquer endividamento bancário nem créditos com garantias reais. Se o tribunal de falências aprovar o pedido, a OGX terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação da companhia.

“Acreditamos que (o pedido) seja deferido pelo juiz e que seja proveitoso para credores, acionistas e para o país. A OGX possui ativos para viabilizar sua recuperação”, afirmou o advogado Márcio Costa, do escritório Sérgio Bermudes, contratado pela empresa. A petroleira argumentou que o “cenário indesejável de falência” implicaria a perda de concessões de exploração de áreas de petróleo, além de todos os valores já investidos.


Os credores da OGX, que incluem a Pacific Investment Management (Pimco), administrador do maior fundo de títulos do mundo, com sede na Califórnia, e o fundo de investimento norte-americano BlackRock Inc., entre outros, terão então 30 dias para aprovar ou rejeitar o plano.

BNDES Em nota, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que não concedeu nenhum financiamento à OGX, afastando, portanto, o risco de sofrer calote. A instituição acrescentou que o BNDESPar tem 0,26% de participação no capital total da petroleira, o que representa só 0,01% de sua carteira de ações. (SR)

Decisão repercute nos EUA

Nova York
– O pedido de recuperação judicial da petroleira OGX, do empresário Eike Batista, foi destaque nos sites dos dois maiores jornais dos Estados Unidos, onde estão alguns dos credores estrangeiros da empresa. O New York Times tinha uma ampla reportagem em sua página na internet, destacando que é o maior pedido do tipo já feito na América Latina.

O Wall Street Journal cita o interesse da companhia de buscar uma reestruturação de suas finanças e ressalta que a empresa levantou “bilhões de dólares” nos últimos sete anos no mercado para explorar petróleo e gás e não teve o sucesso esperado. “O pedido (de recuperação judicial) é uma queda impressionante para Eike Batista, que já foi o símbolo da rápida ascensão do Brasil como uma potência econômica global”, diz o Times. O jornal menciona duas grandes gestoras norte-americanas, a Pimco, a maior do mundo em bônus corporativos, e a BlackRock, maior gestora global, que aplicaram em papéis da OGX e podem perder, caso a empresa seja liquidada.

Derrocada A OGX começou a reportar uma série de problemas em fevereiro. Dede a perfuração do terceiro poço no campo de Tubarão Azul, o único da companhia no mar, a produção se manteve sempre muito abaixo do esperado. Ao contrário dos 15 mil barris por dia estabelecido, como meta, o desempenho estagnou em 5 mil barris/dia.

Investidores e bancos começaram a ficar receosos. As ações derreteram na bolsa. Eike fechou, então, uma parceria com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, para encontrar sócios estratégicos para suas empresas. Mas os problemas eram muito maiores do que se imaginava.

Após constante queda no preço das ações nos meses seguintes, em maio a empresa divulgou balanço anunciando um prejuízo de R$ 805 milhões no primeiro trimestre. Com isso, foi acertada a venda de 40% do campo de Tubarão Martelo à malasiana Petronas. Em junho, finalmente, foi anunciado que as operações em Tubarão Azul, já muito abaixo da meta, terminariam em 2014, o que deteriorou de vez a confiança dos investidores.


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