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Estado de Minas AVIAÇÃO

Infraero 'choraminga' a perda de receitas e reduz gastos com manutenção

De um lucro operacional obtido em 2012 no montante de R$ 594,2 milhões, é esperado um prejuízo de R$ 391,1 milhões


postado em 28/10/2013 17:52 / atualizado em 28/10/2013 18:06

As privatizações dos aeroportos do Galeão e de Confins provocarão novas necessidades de desmobilizações(foto: Angelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)
As privatizações dos aeroportos do Galeão e de Confins provocarão novas necessidades de desmobilizações (foto: Angelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)

A diretoria financeira da estatal que administra 64 aeroportos brasileiros apresentou um cenário no qual 2014 será negro para a empresa se não forem efetuados cortes significativos nas despesas de custeio.

De um lucro operacional obtido em 2012 no montante de R$ 594,2 milhões, é esperado um prejuízo de R$ 391,1 milhões. Essa queda de R$ 985,3 milhões está sendo atribuída às concessões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos (Campinas) e Brasília.

É uma faixa muito grande para ser aceita sem questionamento. É natural que a diretoria financeira tenha levado em conta as desmobilizações ocorridas, que foram transferidas para os concessionários. Tendo participação de 49% nos aeroportos privatizados, é de se supor que suas despesas de custeio naqueles terminais tenham tido uma queda de igual grandeza ou maior. Se não houve, as desmobilizações não se efetuaram nas devidas proporções.

Segundo a diretoria financeira, os três aeroportos privatizados respondiam por 38% da receita operacional. Recebendo apenas o proporcional a 49%, a diretoria afirma que de janeiro a agosto deste ano ocorreu uma perda de 31.5% na receita.

Parece-nos uma aritmética complicada, porém, como são dados da empresa, podem significar que as desmobilizações não foram efetuadas nos níveis necessários. A empresa precisa aprender a viver essa nova realidade, pois as próximas privatizações dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins provocarão novas necessidades de desmobilizações.

Se as concessões não implicarem em uma diminuição do tamanho da empresa, algo precisa ser pensado. Não basta apenas reduzir as despesas de custeio que afetam a área operacional. Algo mais precisa ser feito.

O prejuízo operacional de R$ 391,1 milhões, simplesmente por causa da perda de 51% dos resultados de três terminais, leva a administração da Infraero a reduzir gastos com a manutenção dos aeroportos remanescentes. São gastos de custeio, o que pode interferir na qualidade dos serviços oferecidos.

Uma escada rolante de terminal de passageiros, por exemplo, sem um contrato de manutenção passará a trabalhar na condição on condition, ou seja, quebrou, conserta. Como a empresa é uma estatal e o conserto deverá ser objeto de uma licitação, os passageiros poderão esperar um bom tempo subindo as escadas. Para que não haja um processo licitatório, uma situação de emergência precisará ser declarada. Quem assumirá a responsabilidade por declarar uma situação de emergência? Será que o Tribunal de Contas da União aceitará passivamente essa rotina? A declaração de uma situação emergencial afetará o preço do serviço a ser realizado. Essa é uma prática de mercado, que uma administração terá que aceitar.

Há quem afirme que não faltará manutenção, mas os equipamentos não cobertos por contrato de manutenção sofrerão apenas manutenção corretiva, quando o ideal é que os equipamentos estejam sempre cobertos por contratos de manutenção preventiva.

Os técnicos da área operacional de empresa alertam para o risco do trabalho nessas condições, mas a falta de sensibilidade dos agentes administrativos normalmente cria essa situação. Agindo dessa forma, a alta administração da empresa assegura os seus bônus de fim de ano e os superintendentes dos terminais ficarão rezando para que os equipamentos oferecidos aos seus usuários suportem a carga de trabalho sem gerar despesa.

Quando da análise das privatizações dos terminais aeroportuários, seria natural que os efeitos a serem sentidos fossem estimados. Se a estimativa foi equivocada, considerando apenas a benesses dos ágios, uma parte deles deve retornar para o caixa da empresa, para que o equilíbrio vá sendo conseguido ao longo do tempo.

Permanecendo o status atual, fica claro que a desmobilização será necessária. Ela deve ser dinâmica e gradual, sendo suportada pelo ágio que foi canalizado para o Tesouro Nacional. Desmobilizar despesas com manutenção não soa bem para os usuários de um terminal, pois a segurança de vidas humanas estará em jogo.

Quem sabe a Secretaria de Aviação Civil exija estudos mais apurados para que a empresa estatal vá sendo desmobilizada à medida que suas atribuições vão sendo diminuídas. Atentar contra o conforto e a segurança dos usuários não deverá estar nos planos da empresa. Não adianta o choramingo, é preciso ação.


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