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Estado de Minas

A vida ainda é boa para um ex-banqueiro


postado em 20/10/2013 08:43 / atualizado em 20/10/2013 09:27

Até perto dos 60, 70 anos, eles foram muito poderosos. Comandavam bilhões em seus bancos. Influenciavam a política regional e nacional. Foram senadores, deputados, ministros de presidentes como Ernesto Geisel, João Goulart e Itamar Franco. O boné do maior ídolo brasileiro da Fórmula 1 estampavam a marca de um deles, o Nacional.

O tempo passa, o tempo voa e o slogan do Bamerindus está até hoje gravado na memória de toda uma geração. Voaram quase duas décadas desde que os cinco ex-banqueiros do Proer perderam o poder, com a quebra de seus bancos e até acusações de fraude.

No retrato atual da contabilidade, entretanto, já com a idade entre 80 e 90 anos, eles estão vendo o fim deste processo e continuam milionários. Mesmo durante os tempos mais difíceis, os banqueiros mantiveram excelente padrão de vida. Nenhum deles, mesmo os condenados, foi para a prisão porque ainda cabem recursos.

Na parte da liquidação de seus bancos, o fim desta história começou a se dar de 2012 para cá quando saiu o acordo do Bamerindus com o Fundo Garantidor de Crédito e começaram as homologações do programa de descontos de dívida para Econômico, Nacional, Banorte e Mercantil. Para não privilegiar um ou outro ex-banqueiro, organizamos este epílogo por ordem alfabética.

Caímos então no pé-de-valsa, o baiano Ângelo Calmon de Sá, 78 anos, casado há 50 anos e ainda apaixonado por sua Anna Maria, a ex-miss Bahia. Pai de cinco filhos, entre eles o presidente para a América Latina da poderosa ABInbev, o ex-dono do Banco Econômico e ex-ministro de Geisel esbanja vitalidade e gostos caros. Os cabelos pretos, mais negros que o do ministro Edison Lobão, são sua marca da vaidade. É apreciador dos melhores e mais caros vinhos franceses como os Premiers Grands Crus de Bordeaux, Romanèe Conti, Petrvs. Uma garrafa destas não sai por menos de R$ 10 mil.

Na última sexta-feira, estava na Itália, jantando com sua esposa e de onde, por telefone, disse à reportagem do Estado que aceitou o acordo com o BC porque aprendeu com seu pai que é melhor um mau acordo do que uma boa briga.

Não muito longe da Bahia, no Recife, Pernambuco, toda manhã, o ex-ministro de Jango vai à sede do agora Mercantil de Investimentos. Aos 88 anos, Armando Monteiro Filho, pai do senador que tem o Neto no fim do nome, costuma receber vereadores do interior para aconselhamentos políticos. Vive em um apartamento no melhor endereço da cidade, a praia de Boa Viagem, e recebeu no ano passado sua parte na liquidação, que foi encerrada. Mesmo antes, vivia bem, com R$ 70 mil por mês do arrendamento de uma usina de álcool, conta seu neto e advogado, Sérgio Cavalcanti.

Ainda no Recife, é possível visitar o espetacular solar na Avenida Rui Barbosa que pertenceu ao ex-dono do Banorte, Jorge Amorim Baptista da Silva, 90 anos e saúde debilitada. Seu genro, Mariano Teixeira, responsável por cuidar das questões do banco, não quis dar informações ou falar sobre o assunto. Na cidade, ao contrário de Monteiro, Baptista é pouco lembrado.

No Sul do País, José Eduardo Andrade Vieira, o ex-dono do Bamerindus, está de mudança de uma fazenda na região de Londrina, que deve ser vendida em breve. Sua meta é voltar à cidade para investir no ramo imobiliário. Ex-senador, o banqueiro conhecido como Zé do Chapéu afirma ter sido uma das principais peças na eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, ao costurar o apoio do PFL.

Aos 74 anos, disse, em entrevista ao Estado, que guarda muita mágoa de FHC e do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Este último teria, segundo ele, espalhado boatos que ajudaram a quebrar o Bamerindus. Andrade Vieira não responde a nenhum processo criminal. Em função de uma disputa com sua ex-esposa não conseguiu liberar os bens, disponíveis após o acordo com o FGC.

No Rio de Janeiro, encontra-se Marcos Catão de Magalhães Pinto, dono do Banco Nacional, reconhecido como patrocinador de Senna. Aos 78 anos, vive recluso numa luxuosa mansão no Alto Gávea e teve no mês passado passagem relâmpago pela prisão. Seu advogado, Sérgio Bermudes, proíbe que qualquer pessoa da família dê entrevistas.


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