(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Bancos fechados prejudicam vendas

CNDL teme perdas de até 30% com continuidade da paralisação e faz apelo à Febraban por acordo imediato com a categoria


postado em 04/10/2013 00:12 / atualizado em 04/10/2013 07:31

O gerente da Praça Sete Calçados, Manoel Reis, resolveu estender o prazo de pagamento sem juros para manter os clientes aposentados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O gerente da Praça Sete Calçados, Manoel Reis, resolveu estender o prazo de pagamento sem juros para manter os clientes aposentados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A greve dos bancários, que já dura 15 dias, tem afetado muito mais que os correntistas. O comércio também sente os efeitos do movimento e os lojistas já reclamam do afastamento dos clientes. Tanto que a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) enviou à Federação Nacional dos Bancos (Febraban), que representa as instituições financeiras, um pedido de acordo imediato entre bancários e empresários.

Na avaliação da CNDL, caso a greve se estenda até amanhã, quinto dia útil de outubro, as perdas podem chegar a 30%, já que este é um período em que a maioria das empresas fazem o pagamento de pessoal. “É neste exato momento que milhões de consumidores recorrem aos bancos para sacar dinheiro, pagar boletos e compensar cheques. É um dos maiores momentos para o consumo interno”, informou em nota.

A entidade, que representa mais de 1,2 milhão de estabelecimentos comerciais no Brasil, reconheceu a greve como legítima, mas ressaltou que os serviços básicos não podem deixar de ser prestados à população. “As micro e pequenas empresas já enfrentam dificuldades diárias por conta da carga tributária excessiva e pela pesada folha de pagamento e não podem ficar reféns dessa paralisação.”

De acordo com os lojistas, com um fluxo menor de clientes nas lojas, as vendas não têm acompanhado o ritmo comum ao início do mês. Manoel Reis, gerente geral da Praça 7 Calçados, destaca que o problema é ainda maior com seus clientes aposentados. “Eles tiram dinheiro na boca do caixa para pagar as contas. Sem poder fazer isso, estão me ligando pedindo mais prazo sem juros”, lembra. Para mantê-los fiéis à loja, Reis pretende arcar com o prejuízo. “Não vou cobrar os juros. Preciso assumir isso para não perder meus clientes”, diz.

Na loja Molokai, especializada na venda de artigos de surfwear, o movimento fraco também é preocupante. “Hoje (ontem) não vendemos nada. Isso quase nunca acontece”, afirma o vendedor Vinícius Souza. O motivo da baixa, segundo ele, é que as pessoas não querem ir até o banco e tirar dinheiro, já que as filas estão cada vez maiores. Nas compras à vista, o cliente chega a receber desconto de 30% em algumas peças, o que torna a venda no dinheiro mais interessante. “Antes, as pessoas saíam do banco e vinham direto para a loja. Agora, com a greve, as pessoas nem entram aqui”, lembra. Para os próximos dias, no entanto, a esperança é que o movimento melhore.

Jaciara Martins, que trabalha como treinadora, conta que, diante da greve, a prioridade tem sido pagar as contas mais importantes. “O supérfluo fica para depois mesmo”, garante. Com uma parcela do seu carro vencida, ela tentou recorrer ao banco para quitá-la, mas soube que, além do valor da parcela, terá que arcar com R$ 80 de juros. “Mal tenho dinheiro para pagar o carro e tenho que pagar os juros? Assim, o jeito é evitar as compras”, afirma. Para conseguir pagar as contas do mês, ela diz que tem ido ao banco todos os dias sacar dinheiro. “A quantia permitida por dia é pequena”, lamenta.

Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas (Fecomércio), ainda é cedo para estimar prejuízos ou queda nas vendas. Para o economista da Fecomércio/MG Gabriel de Andrade Ivo, o fato de 85% das vendas serem feitas via cartão de débito e crédito e apenas 15% em dinheiro explica a resistência das lojas. “Acreditamos que só a longo prazo teremos algum tipo de efeito, já que o empresário poderá se descapitalizar e, assim, enfrentar problemas”, comenta. “Até agora, o principal impacto para o empresário tem sido nas transações bancárias”, acrescenta.

BALANÇO Deflagrafada em 19 de setembro, a greve dos bancários fechou ontem 11.406 agências em todo o país, de acordo com dados do Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT. Em Belo Horizonte, segundo o Sindicato dos Bancários, 64% das agências permaneceram fechadas. Segundo os bancários, a única proposta apresentada pelos bancos até agora foi há quase um mês, em 5 de setembro, quando foi oferecido reajuste de 6,1%, que repõe a inflação do período pelo INPC. Os trabalhadores pedem reajuste salarial de 11,93%, participação nos lucros e resultados (PLR) de  R$ 5.553,15, piso de R$ 2.860,21, melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e benefícios.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)