Novo investidor fortalece Ferrous

A companhia suíça Ferrexpo, dona de jazidas de minério de ferro na Ucrânia, tornou-se a maior acionista da mineradora Ferrous Resources do Brasil, numa operação que dá novo perfil à composição acionária da empresa criada por fundos de investidores estrangeiros e que tem em Minas Gerais seus principais ativos. A sócia suíça especializada no negócio da mineração e experiente no processamento da matéria-prima fortalece o plano de expansão da Ferrous, orçado em US$ 1,3 bilhão, avaliou, ontem, o presidente da mineradora, Jayme Nicolato. A Ferrexpo passou a deter 14,4% do capital da Ferrous, liderando o ranking dos 10 primeiros acionistas, que já contava desde fevereiro com a suíça Glencore, trading de commodities minerais.

“Trata-se de uma indicação forte de que o plano de negócios da Ferrous ganha reconhecimento. A Ferrexpo é mais um investidor estratégico do setor de mineração que nos traz conhecimento e a possibilidade de trocar experiências”, afirmou o executivo. Comunicado divulgado pela companhia suíça informa que a compra de ações feita no mercado secundário – os papéis foram adquiridos de um fundo de investimentos americano – somou US$ 80 milhões. A empresa estrangeira já vinha estudando desde o ano passado as perspectivas das reservas de Minas, em Congonhas, Brumadinho e Itatiaiuçu, na Região Central do estado.

O ingresso firme da Ferrexpo chega no momento em que a Ferrous parte para a busca de financiamento do projeto que amplia a produção da mina de Viga, em Congonhas, prevista neste ano em 5 milhões de toneladas de minério de ferro, a 15 milhões de toneladas anuais em 2017. A mineradora contratou o banco de investimentos Itaú BBA para conduzir o programa de captação de recursos, parte deles por meio de uma operação de aumento de capital avaliada em US$ 500 milhões. “Esperamos ter todo o esquema de financiamento pronto até junho do ano que vem e já estamos mostrando o projeto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, disse Jayme Nicolato.

A mineradora começou a trabalhar na primeira etapa de obras da expansão, com início previsto em abril de 2014. Do desembolso total, US$ 200 milhões serão aplicados no próximo ano, seguidos da maior parcela, de US$ 700 milhões em 2015, e os restantes US$ 400 milhões devem ser injetados em 2016. Toda a produção será exportada na forma de concentrado de minério classificado como material de alta qualidade, com teor de 65% de ferro.

Preços

O presidente da Ferrous afirma que a volatilidade que persegue os preços da commodity que é o carro-chefe das exportações brasileiras e a recuperação lenta das economias europeia e americana não afetam a atratividade do plano de expansão em Minas. “O setor começa a reconhecer que há exaustão de minas no Brasil e na Austrália e que são necessários novos projetos. O mercado está apertado e a China (maior consumidor no mundo) continuará demandando matéria-prima”, afirma. Para Nicolato os preços do minério de ferro deverão se manter na faixa dos US$ 130 e mostrar recuperação no começo de 2014.